13/4/2013, Abdul
Haleem, Xinhuanet, Pequim
Traduzido do inglês pelo pessoa l
da Vila Vudu
Abdul Haleem |
KABUL
– A matança de civis inocentes, entre os quais mulheres e crianças, em ataques
recentes pela Força Internacional de Assistência à Segurança [orig.
International Security Assistance Force (ISAF)] comandada pelos EUA-OTAN,
contra insurgentes Talibãs, só faz aumentar os sentimentos antiamericanos entre
os afegãos e põe sob risco qualquer possibilidade de assinar-se qualquer acordo
bilateral de segurança entre Cabul e Washington.
Nos
recentes ataques do dia 6/4, na província de Kunar, forças dos EUA-OTAN
assassinaram 11 crianças afegãs e feriram seis mulheres.
O
presidente Hamid Karzai denunciou a matança de civis pela coalizão EUA-OTAN e
alertou que os repetidos ataques contra civis afegãos pode ter impacto negativo
nas relações entre EUA e Afeganistão.
Declaração
emitida pelo gabinete da presidência do Afeganistão diz que Karzai fez saber ao
presidente dos EUA, Barack Obama de suas graves preocupações com a continuada
matança de civis afegãos, e citou especificamente a recente operação militar das
forças de EUA-OTAN na província de Kunar.
Karzai (E) e Obama (D) |
Karzai
disse a Obama na 3ª-feira que a repetição desse tipo de ação cria impedimentos
adicionais à assinatura de qualquer acordo bilateral de segurança, pelo qual os
EUA esperam conseguir manter presença militar, embora limitada, no Afeganistão,
mesmo depois da retirada de todas as tropas estrangeiras, em
2014.
“Não há dúvidas de que a matança de civis por
tropas da coalizão EUA-OTAN tem impacto adverso na percepção, entre os afegãos,
de qual é o objetivo das forças estrangeiras no país. E já está comprometendo a
credibilidade de nosso governo, ao qual cabe proteger os cidadãos nessa sempre
prolongada guerra ao terror” – disse Pariani Nazari, editor-chefe do jornal
afegão Daily
Mandegar.
Residentes
em Shalton, no distrito de Shigal na província de Kunar, onde as 11 crianças
foram mortas, levaram os cadáveres para o centro administrativo do distrito,
semana passada. Exigiam que o governo levasse a julgamento os responsáveis pela
carnificina.
Mortes
de civis pelas forças de EUA-OTAN são fonte de tensão crescente entre Cabul e
Washington.
Karzai
tem dito em várias ocasiões que a guerra contra terroristas nas vilas afegãs não
é abordagem acertada, dado que, segundo o presidente afegão, os verdadeiros
esconderijos e santuários dos Talibãs e outros grupos insurgentes armados não
estão em território afegão, mas nas áreas de fronteira entre o Afeganistão e o
Paquistão. O Paquistão porém negou que haja bases dos Talibã em solo
paquistanês.
Aimal Faizy |
Em
março, o principal porta-voz de Karzai, Aimal Faizy, criticou a guerra ao terror
liderada pelos militares de EUA-OTAN no Afeganistão, como “pouco inteligente e
sem objetivo claro”; disse também que a maioria dos afegãos querem o fim dos
ataques que se fazem como parte daquela “guerra ao
terror”.
Ao
longo de todo o ano passado, funcionários do Afeganistão e dos EUA tentaram
alinhavar um Acordo do Estado das Forças [ing.
State of the Forces Agreement, SOFA], até agora sem terem chegado
a coisa alguma.
Washington
insiste em que o acordo assegure plena imunidade aos militares norte-americanos
que permanecerão em território afegão depois de 2014, cláusula que existe, como
uma espécie de cláusula padrão, em todos os acordos SOFA que os EUA mantêm com outros
países.
Karzai
tem dito que a imunidade – que porá os militares dos EUA fora do alcance da lei
afegã – é cláusula a ser decidida pela
Loya Jirga – a grande
assembleia constituída de chefes tribais, personalidades afegãs e servidores
públicos.
No
início de fevereiro, depois de reclamações de funcionários na província de
Wardak, Karzai ordenou a retirada das Forças Especiais dos EUA da província
central, decisão recebida com festas pela população local.
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