3/12/2013, Comunicado da Vila Vudu
“Eu pago! Eu exijo informação que preste!”
Sem legenda |
A Vila Vudu
NÃO TOMA CONHECIMENTO do que publicam os jornais-TVs-empresas brasileiros
(porque só fazem repetir, diluindo ainda mais qualquer-porcaria da propaganda
pró-EUA que as agências norte-americanas distribuem), nem damos qualquer bola
para os doutoramentos udenistas-uspeanos-tucanos-golpistas do facinoroso
Demétrio Magnoli no canal Globo News [“Canal pago! Eu pago! Eu exijo informação
que preste!”].
Por isso
exatamente, porque NÃO HÁ INFORMAÇÃO QUE PRESTE acessível aos cidadãos comuns
no Brasil-2013, nós cá estamos numa luta insana para entender o que está
acontecendo na Ucrânia.
Entendemos
que é questão importante, porque a Ucrânia é um país grande, em posição
geoestratégica crucialmente importante, que está TOTALMENTE DETONADO pelas
políticas neoliberais do FMI o qual, hoje, “exige” ainda mais “austeridade” do
governo ucraniano, como exige de Grécia, de Espanha, de Portugal e coisa e tal.
A mesma
canalharia neoliberal privateira, da “austeridade” e da “ética”
uspeano-udenista golpista também estaria exigindo suas “exigências” aqui, no
Brasil, se os brasileiros não tivéssemos eleito o presidente Lula, em 2001 e a
presidenta Dilma na sequência, e dado um pé na b#nda do FMI.
Localização estratégica da Ucrânia (verde) na Europa |
Entendemos
também que a Ucrânia, ao que parece, é país estrategicamente muito importante
para a Rússia (que a quer integrada em sua União Eurasiana), o que basta para
tornar a Ucrânia automaticamente importante, como alvo de detonação TOTAL, para
a ambição imperial tresloucada dos EUA e suas numerosas, infindáveis, odiosas
“guerras distantes”. [1]
Entendemos
também que a Ucrânia é mais um caso de tentativa de golpe para “mudança de
regime” obrada pelos EUA.
Nessa nossa
luta insana para entender o que está acontecendo na Ucrânia, já descobrimos que
aquela briga, ali, é velha: vem desde o desmonte da URSS, sempre movida a
nacionalismo feroz e feroz sentimento nacional ucraniano anti-Rússia e muita
propaganda, incansavelmente insuflados pelos EUA [2] diretamente, ou servindo-se dos seus poodles europeus e
seus sub-poodles “jornalistas” tropicais, como o Demétrio Magnoli.
Em 2002, o
governo pró-ocidente da Ucrânia (e sempre, de fato, mais anti-Rússia que,
propriamente, pró-ocidente) já queria que o país fosse integrado ao Tratado da
Organização do Atlântico Norte (OTAN); requereu a inclusão – à qual o governo
de Putin imediatamente se opôs; e a OTAN rejeitou o pedido da Ucrânia. [3]
Em 2004, o
então presidente da Ucrânia – Víctor Yúshenko [4] – naquele momento, de forte tendência pró-ocidente, que
concorria a eleições com boas chances de ser reeleito, sofreu um atentado, por
envenenamento, que por pouco não o matou e desfigurou-o para sempre. [5] No ano seguinte, foi condecorado
como herói da democracia, pela Fundação JFK, em NY, ou, pelo menos, é o que
informa a Wikipedia.
Viktor Yúshchenko antes (E) e depois do atentado (D) |
Víctor
Yúshenko poderia alterar perigosamente o equilíbrio geopolítico de toda aquela
extensa e complexa zona terrestre e fluvial – ali estão os estreitos de Bósforo
e Dardanelos, vasos comunicantes entre o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo, área
que os EUA vigiam com os mil olhos de sua 6ª Frota. [6] Sobretudo porque, depois do atentado, Yúshenko foi-se tornando
cada vez menos “ocidental” e mais “pró-Rússia”, o que o apagou completamente
das manchetes “jornalísticas” “ocidentais”, fez dele alvo de campanhas de
difamação “midiática” e esvaziou suas possibilidades eleitorais.
Yulia Timoshenko |
Nas eleições
seguintes, Yushchenko conseguiu apenas 5,45% dos votos no primeiro turno e
sequer chegou ao segundo turno, que foi disputado por Viktor Yanukovych [7] (que foi eleito e é o atual
presidente) e Yulia Timoshenko (que ficou com o cargo de primeira-ministra, é
empresária do petróleo, é quaquiliardária,
loura, prende o cabelo em tranças artísticas, é lindíssima e é caso complicado
demais para esse nosso resumo ginasiano, dentre outros motivos, porque está
hoje na cadeia, com ainda vários anos de sentença a cumprir, condenada por
crimes de corrupção). [8]
Em agosto de
2008, eclodiu também lá, na mesma “esfera ex-soviética” a “questão da Georgia” [9] – em vários aspectos semelhante à
que se vê hoje na Ucrânia – e que exacerbou as rixas também na Ucrânia.
Na Ucrânia,
Víctor Yúshenko continuava a insistir na ideia de integrar o país à OTAN e ao “ocidente”
(como a Turquia); e a primeira-ministra, embora também favorável a que a
Ucrânia estabelecesse uma política de abertura para a Europa, insistia numa
atitude neutra e mais amistosa em relação à Rússia. [10] Dessa diferença brotou uma crise política na Ucrânia, que foi
chamada inicialmente de “coalizão laranja”. [11] Mas, depois da crise da Geórgia, o mesmo evento passou a ser
chamado de “revolução laranja”, para “combinar” com uma tal de “revolução rosa”
georgiana.
Nesse
momento, a imprensa-empresa “ocidental” já estava inventando, por
generalização, umas tais “revoluções coloridas” – espécie de “eclosão” à guisa
de arco-íris cenográfico, de ânsias por “liberdade e justiça” neoliberais &
“ética” udenista que estaria acometendo tooooodo o mundo ex-soviético.
De fato,
todas as “revoluções coloridas” foram sempre empreitadas e tentativas de “mudança
de regime” insufladas pelo Departamento de Estado dos EUA e executadas, com
“coturnos no solo”, pela CIA & propaganda & “jornalismo” tipo Magnolis
& Grillo e muitas ONGs por aí, pelo mundo dito “livre”.
The Saker |
Simultaneamente,
enquanto a OTAN rejeitava a incorporação da Ucrânia, a União Europeia já
oferecia outra isca, para capturar a mesma Ucrânia: uma espécie de “associação
comercial”, uma espécie de “tratado de comércio” pelo qual a Ucrânia teria
condições especiais nos contatos comerciais com a União Europeia (e,
correspondentemente, a União Europeia ganharia acessos especiais ao mercado
ucraniano). Como escreveu The Saker: é tratado que visa a “atar o Titanic
europeu na popa do Titanic ucraniano”, [12]
mas foi e continua a ser tratado como se fosse alguma “salvação” para a
Ucrânia, no “jornalismo” dos Magnolis & Grillos.
Esse
acordo-isca, poderia ter sido assinado em 2009, mas nunca foi assinado e foi
mantido em discussão até agora, com a propaganda pró “ocidente” fazendo crer
que o acordo estivesse sempre bem próximo de concretizar-se o que, parece,
jamais foi verdade.
Até que há
alguns dias – muito surpreendentemente para os que acreditaram na propaganda que
nos chegava sob formato de “jornalismo” – o presidente Yanukovich da Ucrânia
anunciou que não assinaria o tal “tratado de comércio” com a União Europeia. [13]
O movimento
surpreendeu o “ocidente” e desencadeou furiosa campanha de propaganda
anti-Rússia (de fato, “anti-Putin”) em toda a imprensa-empresa “ocidental”.
No Brasil, a
campanha anti-Putin está em pleno curso, como se vê nas intervenções dos “professores”
Demétrio Magnoli & Grillo, que dão aulas sobre [só rindo] a Ucrânia, pelo canal
Globo News. [14]
A. F. Rasmussen |
De certo,
mesmo, o que se sabe – pelo Saker, não de Grilos & Magnolis – é que, agora,
“o presidente Yanukovich & Co. ziguezagueiam”. [15] Depois de fazer crer que assinaria o acordo, o presidente da
Ucrania decidiu “pensar melhor”.
Para
completar o quadro, atualizando-o, notícia de outubro de 2013, em Militar.news,
informa que: [16]
O secretário-geral da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN) Anders Fogh Rasmussen disse que a OTAN decidiu pôr fim à
longa discussão sobre se Ucrânia e Georgia serão ou não integradas à OTAN em
2014: “Ucrânia e Georgia não se integrarão à OTAN no próximo ano” – disse ele
na 3ª-feira”, em matéria distribuída pela rede RIA Novosti.
É o mesmo que
dizer que a oposição a Putin tem de combinar suas reivindicações de “mudança
de regime” também com a OTAN, à qual não interessava em 2008, como não
interessa em 2013, comprar briga com a Rússia – o que Demétrio Magnoli, se
sabe, não diz; mas o mais provável é que não saiba.
Essa
diferença crucial em relação a outros casos de golpe para “mudança de regime” –
uma situação em que não se vê perfeita
coincidência de objetivos entre a OTAN, Washington, Demétrio Magnoli &
Grillo, e situação na qual OTAN acompanha a posição da Rússia – é absoluta
novidade, que não se via no chamado “ocidente”, provavelmente desde Stálin em
Ialta!
Viktor Yanukovych |
Fato é que já
há vários anos, assim como nas negociações para incorporar a Ucrânia à OTAN,
também nas negociações para o “tratado comercial” que a União Europeia propôs à
Ucrânia, sempre foi mantida uma “severa restrição, que impõe que a união da
Ucrânia à União Europeia não implique qualquer tipo de apoio
político-estratégico à Ucrânia; a restrição sempre visou a evitar possíveis
incômodos ao governo de Moscou. [17]
É também
significativa novidade, se se sabe que a Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN) foi constituída em 1946, filha dileta (ou, talvez, mãe! Ou, quem
sabe, amásia!) da Guerra Fria, com a missão, declarada pelo seu primeiro
secretário-geral, de “manter os russos fora, os americanos dentro e os alemães
para baixo” (ing. to keep the Russians out, the Americans in, and the
Germans down). [17a]
Pode-se, sim,
começar a pensar em mundo muito REALMENTE multipolar, se a OTAN, em 2013, já
cuida de manter os russos dentro e os americanos fora – pelo menos no que tenha
a ver com a Ucrânia, né-não?!
Não seria
notícia TOTALMENTE ESPETACULAR, essa, que o Canal GloboNews e Magnoli &
Grillo, aqueles dois panacas, poderiam dedicar-se a distribuir ao seus consumidores,
afinal, PAGANTES?!
O que se
sabe, de bem sabido é que: [18]
O lobby
de Ucrânia e Georgia para tornarem-se membros da OTAN já opera há anos e conta
com forte e declarado apoio dos EUA, mas a maioria dos membros da OTAN
rejeitaram a ideia de garantir associação àqueles países – posição que acompanha
a posição da Rússia. (...)
A Aliança Atlântica (OTAN) não descarta admitir
que a Ucrânia seja incorporada, mas exige que a cooperação com a Rússia seja
mantida. A admissão da Ucrânia à OTAN já poderia ter sido acertada na reunião
de cúpula de Bucarest em abril de 2008. Mas o acordo fracassou, porque muitos
membros europeus da OTAN opuseram-se a qualquer movimento que contribuísse para
complicar as relações que muitos países europeus mantêm – e desejam preservar –
com a Rússia.
Condoleezza Rice |
Só Condoleezza
Rice, ex-secretária de Estado dos EUA [e, claro, os "professores-doutores" Magnoli & Grillo, da Globo News]
ainda insiste(m) que “a OTAN continua(ria) de portas abertas para a Ucrânia".
“Os tumultos
em Kiev nada têm a ver com o acordo comercial com a UE”
Tanto quanto posso ver, os eventos na Ucrânia não
me parecem nada “revolucionários”. Parecem mais um pogrom. [19]
Por estranho que pareça, acho também que têm
pouco a ver com relações entre Ucrânia e União Europeia.
Essa é a
opinião do presidente Putin, falando ontem (2/12/2013) em Yerevan, durante visita oficial à
Armênia. Putin disse também que:
(...) os eventos na Ucrânia já estavam
organizados previamente, muito mais contra o governo ucraniano, do que a favor
de alguma “integração” na União Europeia. São movimento da campanha eleitoral
para as próximas eleições presidenciais. Essa parece ser a opinião de todos os
observadores. [20]
Putinator, o Exterminador de jornalistas burros |
“Se se observam os discursos e as
manifestações, vê-se que ninguém dá qualquer sinal de preocupação com os
detalhes reais do Acordo proposto pela União Europeia” – Putin lembrou, sempre
arguto. – “Eles dizem [e foi EXATAMENTE o que também disseram os "professores" Magnoli & Grillo, pelo canal GloboNews!] que o povo ucraniano estaria sendo privado de seu sonho” (...).
Mas se se examinam os detalhes do acordo, as
condições são duríssimas, para a Ucrânia.
Essa é também
a posição do primeiro-ministro da Ucrânia, Azarov, que disse a diplomatas que a
Ucrânia já propôs várias alterações no texto do tratado com a União Europeia.
“Há várias provisões a serem discutidas, porque
não nos agradam”. Acrescentou que inúmeros empresários ucranianos
exigem que o governo trabalhe para obter importantes modificações no acordo,
porque “temos de impedir que nosso
mercado ucraniano fique completamente aberto à invasão europeia” – disse
Azarov.
“Ucrânia quer
ser Europa”?! Sóssifô sua ... Demétrio Magnolli!
NOTAS
[1] “Em interessante
diálogo entre o historiador Arnold J.Toynbee e o filósofo japonês Daisaku Ikeda
(1970), dentre inúmeros outros temas, falaram sobre a instabilidade no Oriente
Médio e a ameaça das “guerras à distância”, como a que o Vietnã sofreu e
que se estendeu ao Laos e ao Camboja (1958-1975), conflito provocado pelo
desenho mortífero da política externa dos EUA no sudeste asiático, porque os
EUA haviam resolvido que Vietnã do Norte e do Sul não se poderiam unificar”
(2009, Bernardo Quagliotti de Bellis, “Ucrânia: uma
antiga questão geopolítica entre a Rússia e a OTAN”, La Onda Digital,
Uruguai (esp.).
[2] 25/11/2013, The Saker, redecastorphoto em: “UCRÂNIA,
Novembro-2013: Do que realmente se trata?” (trad.).
[3] 2009, Bernardo Quagliotti de Bellis, “Ucrânia: uma
antiga questão geopolítica entre a Rússia e a OTAN”, La Onda Digital,
Uruguai (esp.).
[4] Sobre ele, na Wikipedia em: Viktor Yushchenko.
[5] Sobre o atentado, ver em: “Yushchenko
teria sido envenenado com a dioxina mais potente”
[6] 2009, Bernardo Quagliotti de Bellis, “Ucrânia: uma
antiga questão geopolítica entre a Rússia e a OTAN”, La Onda
Digital, Uruguai (esp.).
[7] Ver em: “Viktor Yanukovych”
[8] Ver em: “Yulia Timochenko”
[9] “O clima criado pelo início da Olimpíada de Pequim
(13/8/2008) parece ter sido considerado pela Geórgia na escolha do momento para
tentar retomar o controle da área separatista Ossétia do Sul, de acordo com
especialistas [sic] ouvidos pela Folha Online. O cerco à principal cidade da
Província separatista, Tskhinvali, começou no final da noite de quinta-feira,
poucas horas antes da abertura dos Jogos. “Não sei se isso fazia parte da
estratégia ou se é coincidência, mas o momento foi muito bom” – diz Marshall
Goldman, Ph.D em estudos da Rússia pela Universidade Harvard. “Os russos
estavam distraídos pela Olimpíada e o presidente (Metsedev) estava em Pequim”.
[Aqui fica isso, como amostra do facinoroso “jornalismo” da Folha de S.Paulo,
em: “Geórgia
aproveitou Olimpíada para atacar Ossétia, dizem analistas”].
[10] 2009, Bernardo Quagliotti de Bellis, “Ucrânia: uma
antiga questão geopolítica entre a Rússia e a OTAN”, La Onda Digital,
Uruguai (esp.).
[11] 2009, Bernardo Quagliotti de Bellis,
“Ucrânia: uma
antiga questão geopolítica entre a Rússia e a OTAN”, La Onda
Digital, Uruguai (esp.).
[12] 30/11/2013, redecastorphoto em:
“Ucrânia
colorida: abrem-se as portas do inferno”, The Saker, (trad.).
[13] 23/11/2013, redecastorphoto em:
Ucrânia
deu um “pé-na-b#nda” do “ocidente”, John Laughland (entrevistado), Russia
Today, (port.).
[14] Vejam/olhem Demétrio Magnoli, para que não se diga que ele não disse o
que disse: “A Ucrânia deve ser Europa. E Putin não aceita que a Ucrânia seja
Europa”. Em “Manifestantes
pedem renúncia do presidente da Ucrânia”. GloboNews. Esse Demétrio é
doido!
[15] 30/11/2013, redecastorphoto em:
“Ucrânia
colorida: abrem-se as portas do inferno”, The Saker, (trad.).
[16] 22/10/2013, “Rasmussen:
Ucrânia e Georgia não serão parte da OTAN”, Military.com News
[17] 2009, Bernardo Quagliotti de Bellis, “Ucrânia: uma
antiga questão geopolítica entre a Rússia e a OTAN”, La Onda Digital,
Uruguai (esp.).
[18] 2009, Bernardo Quagliotti de Bellis, “Ucrânia: uma
antiga questão geopolítica entre a Rússia e a OTAN”, La Onda Digital,
Uruguai (esp.).
[19] Pogrom (ru.). Ataque violento a pessoas, com destruição simultânea de casas,
negócios, prédios oficiais e centros religiosos. O termo e usado para atos em
massa de violência contra eslavos, protestantes e outras minorias étnicas da
Europa, como os judeus; e é aplicável a ações dessa natureza contra qquer
comunidade em todo o mundo ().
[20] 3/12/2013, “Putin: Kiev protests
have nothing to do with Ukraine-EU relations”, Russia Today.
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