segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Ucrânia: Os “treinadores” norte-americanos do candidato Vitali Klitschko

Marketagem política”: lá como cá, esse papim é igualzim

22/12/2013, [*] Alexander Savchenko, Strategic Culture
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Entreouvido no quiosque Bafo na Nuca, na Vila Vudu: Essa conversa interessa, mesmo, só porque as coisas são IGUAIZINHAS, também por aqui, abaixo do Equador. Assim se fabrica um candidato sob medida prôs interesses dos EUA. Não se lê nos jornais, porque o “jornalismo” que há por aqui é feito também igualzim desse jeitim.

Vitaly Klitschko (E) conversa com John McCain (D) semana passada em Kiev, Ucrânia
Todos sabem e dizem, na Ucrânia independente, que não há um único ministério ou agência do governo, nem um único partido político no Parlamento, exceto os comunistas, nos quais não se tenham infiltrado americanos, ou britânicos ou alemães “discretos”, para ensinar os políticos e funcionários ucranianos como devem governar o país.

Isso não dá sinais de mudar, no caso de Vitali Klitschko vir a ser eleito o próximo presidente da Ucrânia. O mais provável é que, aí sim, a coisa se manifeste em pleno vapor. Sem conhecimento ou experiência de governar um país, Klitschko inevitavelmente será um peão nas mãos do pessoal que o levar ao governo e, imediatamente, se infiltrará à sombra de seu “trono”. Dentre essa gente, lá estarão os “consultores” norte-americanos contratados pelo Partido UDAR.

É interessante examinar quais são as empresas de “relações públicas” que estão mediando os contatos entre Klitschko e o Congresso e as agências do governo dos EUA, e assessorando sua equipe, na organização, desde já, da campanha eleitoral.

Rostislav Pavlenko
Até recentemente, segundo um estrategista político do partido UDAR, Rostislav Pavlenko, o partido estava trabalhando com a empresa norte-americana PBN, que se apresenta como especializada no campo das chamadas “comunicações estratégicas” nos mercados de Rússia, Ucrânia e outros países CIS [Commonwealth of Independent States, as repúblicas ex-soviéticas]. Segundo a página da empresa PBN, as áreas chaves de atividade são “comunicação corporativa e de crise, comunicações públicas e de governo, comunicações financeiras e relações entre investidores”.  

Se se sabe que a diretoria da PBN inclui gente como o jornalista Georgy Oganov [E seria o quê, esse indigitado cidadão, se não jornalista?! Seria talvez... cabelereiro? Físico nuclear? (NTs)], ex-secretário de imprensa de Mikhail Gorbachev,e  Bernard Sucher, presidente da empresa internacional de investimentos Alfa Capital, pode-se assumir que essa PBN é uma das muitas empresas que se organizaram no ocidente para viver penduradas como sanguessugas nos países ex-soviéticos, e dali bombear dinheiro para fora, diretamente para bancos norte-americanos, usando conexões nos escalões do governo e do grande business.

Myron Wasylyk
O escritório da empresa na Ucrânia é dirigido por Myron Wasylyk, norte-americano, ex-empregado do Departamento de Estado, membro do conselho supervisor da Eurasia Foundation, que trabalha em íntima conexão com a comunidade norte-americana de espionagem, e membro do conselho supervisor do International Centre for Policy Studies, fundado por George Soros e mantido com dinheiro dele. Esse centro, por falar dele, participou da redação de uma versão do acordo para zona de livre comércio entre a Ucrânia e a Comunidade Europeia que o atual presidente da Ucrânia considerou uma ameaça aos interesses nacionais do país. A esposa de Wasylyk, Maria Ionova, foi eleita deputada pelo partido UDAR em 2012.

Ainda não se sabe, é claro, como Wasykyk deixou a vida de pequeno empresário e vice-assistente do partido em 2005, para tornar-se repentinamente consultor do presidente da Ucrânia e, em seguida, membro do governo. Ajuda a ver o tipo de poder que o presidente do escritório ucraniano da PBN passou a ter depois da “revolução laranja”.

Depois da criação do partido UDAR, a PBN começou a trabalhar com a equipe de Vitali Klitschko, ajudando-o a estabelecer laços com a Casa Branca, o Congresso, o Departamento de Estado e o Conselho de Segurança Nacional dos EUA. A PBN arranjou várias visitas a Washington para o líder do partido e seus assistentes. A mesma empresa apresentou Klitschko ao senador John McCain, e a vários funcionários do Departamento de Estado e do Conselho de Segurança Nacional que reagem de modo particularmente nervoso e ansioso ante qualquer coisa que tenha a ver com a Rússia.

Fiona Hill
Para ajudar Vitali Klitschko a estabelecer as indispensáveis conexões com o establishment norte-americano, o chefe do escritório ucraniano da PBN dependeu, basicamente, de relações já antigas, desde quando trabalhava na Eurasia Foundation, com Fiona Hill, da ala mais reacionária dos neoconservadores norte-americanos. Ficou conhecida por apoiar a ação dos wahhabistas na Chechênia; por listar justificativas para o ataque terrorista em Beslan, e por opor-se à classificação do grupo islamista Hizb ut-Tahrir como organização terrorista, em falas no Congresso dos EUA. Durante o governo de George W. Bush, Fiona Hill foi encarregada da inteligência nacional para Rússia e Eurásia, no Conselho de Inteligência Nacional. Mantém laços próximos com a diáspora ucraniana e considera-se grande amiga da Ucrânia (não por acaso, só dos nacionalistas fanáticos).

Assim, se Vitali Klitschko for eleito presidente (e parece que é o que Washington deseja que aconteça, por mais que Arseniy Yatsenyuk e Oleh Tyahnybok esbravejem), as oportunidades de negócios para a PBN Company serão tão grandes quanto foram durante a presidência de Yushchenko. Mas... talvez não.

Kost’ Bondarenko
Porque, segundo o onisciente cientista político ucraniano Kost’ Bondarenko, o Partido UDAR recentemente contratou outra empresa norte-americana: a empresa de pesquisas Greenberg Quinlan Rosner (GQR).

Greenberg Quinlan Rosner é empresa de consultoria ainda maior, e opera em 80 países. Faz a mesma coisa que a PBN. Talvez a principal diferença entre a PBN e a GQR-EUA seja que a GQR-EUA trabalha mais próxima do Partido Democrata, que do Partido Republicano, como a empresa de Myron Wasylyk.

A decisão de trocar um “técnico” norte-americano por outro parece conectada ao fato de que quanto mais se aproximam as eleições na Ucrânia, mais rapidamente o partido UDAR começa a perceber que Vitali Klitschko precisa pendurar-se nos Democratas, que ainda estarão na Casa Branca em 2015. Assim, parece ser movimento esperto reorientar-se para Greenberg Quinlan Rosner – consultores das campanhas eleitorais do presidente Bill Clinton e do candidato Al Gore, e assessores do Partido Democrata em várias eleições para o Congresso e para governos estaduais.

GQR não é recém-chegado na Ucrânia, nem estranho à ex-União Soviética em geral. Em 2007, por exemplo, a empresa trabalhou com o Partido Nossa Ucrânia. Os resultados do partido foram péssimos, mas quando o Partido UDAR estava escolhendo novo parceiro, as antigas conexões, parece, foram o fator determinante. Nem fez diferença que as campanhas eleitorais da empresa GQR na Ucrânia, antes, tenham sido fracassadas; outros aspectos da colaboração, pelo visto, contaram mais. Talvez, o prazer de “modelar” o orçamento do partido para o período pré-eleitoral, quem sabe? Esses são segredos bem guardados, entre as equipes de consultores políticos.

A empresa GQR também teve seus sucessos, em campanhas presidenciais e parlamentares em vários países. Foram bem sucedidos, por exemplo, na Romênia, na Alemanha e na Grã-Bretanha, onde a GQR ainda tem contatos no governo e nos círculos políticos. E isso faz aumentar as chances de a GQR ser escolhida para prestar serviços ao futuro presidente da Ucrânia, se tudo der certo para Vitali Klitschko. Pelo menos, por algum tempo. Como Mikheil Saakashvili, que a empresa GQR também pôs no poder e, na sequência, ensinou a governar a Georgia conforme as fórmulas norte-americanas... até que os georgianos enjoaram daquilo tudo.

Ainda não se pode saber como serão as coisas para a Ucrânia. Talvez, como na Georgia, a Ucrânia terá outra revolução Maidan. A Ucrânia está habituada a essas coisas. Porque, não importa o quanto mudem de “treinadores” norte-americanos, o resultado é sempre o mesmo – e não interessa ao país que eles “treinam”.





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