“Marketagem
política”: lá como cá, esse papim é igualzim
22/12/2013, [*] Alexander
Savchenko, Strategic Culture
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Entreouvido no quiosque Bafo na Nuca, na Vila Vudu: Essa conversa interessa, mesmo, só porque as coisas são IGUAIZINHAS,
também por aqui, abaixo do Equador. Assim se fabrica um candidato sob medida
prôs interesses dos EUA. Não se lê nos jornais, porque o “jornalismo” que há
por aqui é feito também igualzim desse
jeitim.
Vitaly Klitschko (E) conversa com John McCain (D) semana passada em Kiev, Ucrânia |
Todos sabem
e dizem, na Ucrânia independente, que não há um único ministério ou agência do
governo, nem um único partido político no Parlamento, exceto os comunistas, nos
quais não se tenham infiltrado americanos, ou britânicos ou alemães
“discretos”, para ensinar os políticos e funcionários ucranianos como devem
governar o país.
Isso não dá
sinais de mudar, no caso de Vitali Klitschko vir a ser eleito o próximo
presidente da Ucrânia. O mais provável é que, aí sim, a coisa se manifeste em
pleno vapor. Sem conhecimento ou experiência de governar um país, Klitschko
inevitavelmente será um peão nas mãos do pessoal que o levar ao governo e,
imediatamente, se infiltrará à sombra de seu “trono”. Dentre essa gente, lá
estarão os “consultores” norte-americanos contratados pelo Partido UDAR.
É
interessante examinar quais são as empresas de “relações públicas” que estão
mediando os contatos entre Klitschko e o Congresso e as agências do governo dos
EUA, e assessorando sua equipe, na organização, desde já, da campanha
eleitoral.
Rostislav Pavlenko |
Até
recentemente, segundo um estrategista político do partido UDAR, Rostislav
Pavlenko, o partido estava trabalhando com a empresa norte-americana
PBN, que se apresenta como
especializada no campo das chamadas “comunicações estratégicas” nos mercados de
Rússia, Ucrânia e outros países CIS [Commonwealth of Independent
States, as repúblicas ex-soviéticas]. Segundo a página da empresa PBN, as
áreas chaves de atividade são “comunicação corporativa e de crise, comunicações
públicas e de governo, comunicações financeiras e relações entre investidores”.
Se se sabe
que a diretoria da PBN inclui gente como o jornalista Georgy Oganov [E
seria o quê, esse indigitado cidadão, se não jornalista?! Seria talvez...
cabelereiro? Físico nuclear? (NTs)],
ex-secretário de imprensa de Mikhail Gorbachev,e Bernard Sucher, presidente da empresa
internacional de investimentos Alfa
Capital, pode-se assumir que essa PBN é uma das muitas empresas que se
organizaram no ocidente para viver penduradas como sanguessugas nos países
ex-soviéticos, e dali bombear dinheiro para fora, diretamente para bancos
norte-americanos, usando conexões nos escalões do governo e do grande business.
Myron Wasylyk |
O
escritório da empresa na Ucrânia é dirigido por Myron Wasylyk, norte-americano,
ex-empregado do Departamento de Estado, membro do conselho supervisor da Eurasia Foundation, que trabalha em
íntima conexão com a comunidade norte-americana de espionagem, e membro do
conselho supervisor do International
Centre for Policy Studies, fundado por George Soros e mantido com dinheiro
dele. Esse centro, por falar dele, participou da redação de uma versão do
acordo para zona de livre comércio entre a Ucrânia e a Comunidade Europeia que
o atual presidente da Ucrânia considerou uma ameaça aos interesses nacionais do
país. A esposa de Wasylyk, Maria Ionova, foi eleita deputada pelo partido UDAR
em 2012.
Ainda não
se sabe, é claro, como Wasykyk deixou a vida de pequeno empresário e
vice-assistente do partido em 2005, para tornar-se repentinamente consultor do
presidente da Ucrânia e, em seguida, membro do governo. Ajuda a ver o tipo de
poder que o presidente do escritório ucraniano da PBN passou a ter depois da
“revolução laranja”.
Depois da
criação do partido UDAR, a PBN começou a trabalhar com a equipe de Vitali
Klitschko, ajudando-o a estabelecer laços com a Casa Branca, o Congresso, o
Departamento de Estado e o Conselho de Segurança Nacional dos EUA. A PBN
arranjou várias visitas a Washington para o líder do partido e seus
assistentes. A mesma empresa apresentou Klitschko ao senador John McCain, e a
vários funcionários do Departamento de Estado e do Conselho de Segurança
Nacional que reagem de modo particularmente nervoso e ansioso ante qualquer
coisa que tenha a ver com a Rússia.
Fiona Hill |
Para ajudar
Vitali Klitschko a estabelecer as indispensáveis conexões com o establishment
norte-americano, o chefe do escritório ucraniano da PBN dependeu, basicamente,
de relações já antigas, desde quando trabalhava na Eurasia Foundation, com Fiona Hill, da ala mais reacionária dos
neoconservadores norte-americanos. Ficou conhecida por apoiar a ação dos
wahhabistas na Chechênia; por listar justificativas para o ataque terrorista em
Beslan, e por opor-se à classificação do grupo islamista Hizb ut-Tahrir como
organização terrorista, em falas no Congresso dos EUA. Durante o governo de
George W. Bush, Fiona Hill foi encarregada da inteligência nacional para Rússia
e Eurásia, no Conselho de Inteligência Nacional. Mantém laços próximos com a
diáspora ucraniana e considera-se grande amiga da Ucrânia (não por acaso, só
dos nacionalistas fanáticos).
Assim, se
Vitali Klitschko for eleito presidente (e parece que é o que Washington deseja
que aconteça, por mais que Arseniy Yatsenyuk e Oleh Tyahnybok esbravejem), as
oportunidades de negócios para a PBN
Company serão tão grandes quanto foram durante a presidência de Yushchenko.
Mas... talvez não.
Kost’ Bondarenko |
Porque,
segundo o onisciente cientista político ucraniano Kost’ Bondarenko, o Partido
UDAR recentemente contratou outra empresa norte-americana: a empresa de
pesquisas Greenberg
Quinlan Rosner (GQR).
Greenberg Quinlan Rosner é empresa
de consultoria ainda maior, e opera em 80 países. Faz a mesma coisa que a PBN.
Talvez a principal diferença entre a PBN e a GQR-EUA seja que a GQR-EUA
trabalha mais próxima do Partido Democrata, que do Partido Republicano, como a
empresa de Myron Wasylyk.
A decisão
de trocar um “técnico” norte-americano por outro parece conectada ao fato de
que quanto mais se aproximam as eleições na Ucrânia, mais rapidamente o partido
UDAR começa a perceber que Vitali Klitschko precisa pendurar-se nos Democratas,
que ainda estarão na Casa Branca em 2015. Assim, parece ser movimento esperto
reorientar-se para Greenberg Quinlan
Rosner – consultores das campanhas eleitorais do presidente Bill Clinton e
do candidato Al Gore, e assessores do Partido Democrata em várias eleições para
o Congresso e para governos estaduais.
GQR não é
recém-chegado na Ucrânia, nem estranho à ex-União Soviética em geral. Em 2007,
por exemplo, a empresa trabalhou com o Partido Nossa Ucrânia. Os resultados do
partido foram péssimos, mas quando o Partido UDAR estava escolhendo novo
parceiro, as antigas conexões, parece, foram o fator determinante. Nem fez
diferença que as campanhas eleitorais da empresa GQR na Ucrânia, antes, tenham sido fracassadas; outros aspectos da colaboração,
pelo visto, contaram mais. Talvez, o prazer de “modelar” o orçamento do partido
para o período pré-eleitoral, quem sabe? Esses são segredos bem guardados,
entre as equipes de consultores políticos.
A empresa GQR também teve seus sucessos, em campanhas
presidenciais e parlamentares em vários países. Foram bem sucedidos, por
exemplo, na Romênia, na Alemanha e na Grã-Bretanha, onde a GQR ainda tem contatos no governo e nos círculos políticos. E isso
faz aumentar as chances de a GQR ser
escolhida para prestar serviços ao futuro presidente da Ucrânia, se tudo der
certo para Vitali Klitschko. Pelo menos, por algum tempo. Como Mikheil
Saakashvili, que a empresa GQR também
pôs no poder e, na sequência, ensinou a governar a Georgia conforme as fórmulas
norte-americanas... até que os georgianos enjoaram daquilo tudo.
Ainda não
se pode saber como serão as coisas para a Ucrânia. Talvez, como na Georgia, a
Ucrânia terá outra revolução Maidan. A Ucrânia está habituada a essas coisas.
Porque, não importa o quanto mudem de “treinadores” norte-americanos, o
resultado é sempre o mesmo – e não interessa ao país que eles “treinam”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.