8/1/2014, [*] The
Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Robert M.Gates, ex Secretário da Defesa dos EUA |
Dois
interessantes parágrafos do livro de memórias do ex-Secretário de Defesa, Robert
Gates, [1] lançado essa semana:
É muito mais fácil entrar, que sair de
guerras. Os que perguntam sobre estratégias de retirada ou querem saber o que
acontecerá se os pressupostos estiverem errados raramente são bem-vindos à mesa
de negociações, quando os cospe-fogo clamam que ataquemos e ataquemos – como
fizeram pregando a invasão do Iraque, a intervenção na Líbia e na Síria, o
bombardeio de instalações nucleares do Irã. Mas em décadas recentes, os
presidentes confrontados com problemas duros, difíceis, no exterior, têm sido
rápidos demais em levar a mão ao coldre. Nossa política de segurança
nacional e externa tornou-se por demais militarizada; o uso da força, fácil
demais para os presidentes.
Hoje, excesso de ideólogos convocam a força
norte-americana como primeira opção, não como um último recurso. Na esquerda,
ouve-se falar da “responsabilidade de proteger” civis, para justificar
intervenção militar na Líbia, na Síria, no Sudão, noutros pontos. Na direita,
não atacar a Síria ou o Irã é apresentado como abdicar da liderança
norte-americana. E assim, o resto do mundo vê os EUA como país militarista,
rápido no lançar aviões, mísseis cruzadores e drones bem entrados além fronteiras de países soberanos ou em
espaços não governados. Há limites para o que possa fazer mesmo a mais forte e
maior nação da Terra – e não é verdade que qualquer ofensa, qualquer ato de
agressão, de opressão ou qualquer crise deva gerar resposta militar dos EUA.
Manifestantes paquistaneses queimam bandeira dos EUA em 1/11/2013 |
Gates tem
razão. Pesquisas de opinião, em todo o mundo, mostram que os
EUA são vistos como – com ampla vantagem sobre o segundo colocado – a
maior ameaça à paz global. Dominação
é vício muito caro.
Mas, a
menos que as consequências disso tudo se tornem óbvias para todos os eleitores
nos EUA, não há sinais de que esse fato leve a mudança na direção geral das
políticas nos EUA.
Nota dos tradutores
[1] 7/1/2014, Robert M. Gates, Wall Street Journal, excerto
de Duty: Memoirs of a Secretary at
War [Dever: Memórias de um Secretário em Guerra],
lançado pela editora Knopf, nessa 3ª-feira (7/1/2013).
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[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como“Whisky
Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na
peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com
música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na
ópera A Ascensão e a Queda da
Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem
Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita
em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por
vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967).
No Brasil, produzimos versão SENSACIONAL, na voz de Cida Moreira, gravada em
“Cida Moreira canta Brecht”, que incorporamos às nossas traduções desse blog Moon of Alabama, à guisa de
homenagem. Pode ser ouvida a seguir:
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