terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

EUA e União Europeia estão pagando manifestantes ucranianos

17/2/2014, [*] Paul Craig RobertsInstitute for Political Economy
Traduzido por João Aroldo

União Europeia paga manifestantes contra governo da Ucrânia
Várias confirmações vieram de leitores que Washington está alimentando os protestos violentos na Ucrânia com dólares dos contribuintes. Washington não tem dinheiro para os food stamps (auxílio alimentar do governo) ou para evitar execuções hipotecárias, mas tem bastante dinheiro para subverter a Ucrânia. 

Um leitor escreveu: “Minha esposa, que é de nacionalidade ucraniana, tem contato semanal com os pais e amigos em Jitomir [noroeste da Ucrânia]. De acordo com eles, a maioria dos manifestantes recebe um pagamento médio de 200-300 grivna, correspondendo a cerca de 15-25 euros”. Também ouvi que “uma das mais ativas agências e escoadouro de dinheiro do lado da UE é a Fundação Konrad Adenauer alemã (Konrad Adenauer Stiftung)”, estando intimamente ligada à CDU, ou seja, o partido de Merkel.

Johannes Loew do site Elynitthria escreve: “Acabei de voltar da Ucrânia (eu vivo em Munique/Alemanha) e estive muitas vezes em Maidan (Praça principal de Kiev). A maioria dessas pessoas recebe apenas 100 grivna. 300 é para os estudantes”.

Como eu relatei em 12 de fevereiro, Washington Orchestrated Protests Are Destabilizing Ukraine(traduzido), a Secretária-Adjunta de Estado, Victoria Nuland, uma russófoba raivosa e neoconservadora belicista, disse ao National Press Club em dezembro passado que os EUA têm “investido” 5 bilhões de dólares para organizar uma rede para atingir os objetivos dos EUA na Ucrânia, a fim de dar à “Ucrânia o futuro que ela merece”.

Victoria "F*ck European Union" Nuland
Nuland é a funcionária do regime Obama que foi pega em flagrante nomeando os membros do governo ucraniano que Washington pretende impor ao povo ucraniano quando os manifestantes pagos conseguirem destituir o atual governo eleito e independente.

O que Nuland quer dizer com o futuro da Ucrânia sob a soberania da UE é que a Ucrânia seja saqueada como a Letônia e a Grécia e seja usada por Washington como uma plataforma para bases de mísseis dos EUA contra a Rússia.

A partir das respostas que recebi ao meu pedido de confirmação das informações enviadas a mim da Moldávia, há provas suficientes de que Washington fomenta os tumultos violentos para que os jornais ocidentais e canais de TV investiguem. Mas eles não vão investigar. Como sabemos, os presstitutes são facilitadores de crimes e duplicidades de Washington. No entanto, a mídia dos EUA informou que o governo ucraniano está pagando a ucranianos para apoiarem o governo.

Manifestantes constroem barricadas na Praça Maidan, em Kiev (14/2/2014)
O governo ucraniano terá dificuldades para atingir os 5 bilhões de dólares de Washington...

Como escreveu Karl Marx, o dinheiro transforma tudo em mercadoria que é comprada e vendida. Eu não ficaria surpreso se alguns manifestantes estão trabalhando dos dois lados da rua.

Claro, nem todos os manifestantes são pagos. Há uma abundância de inocentes úteis nas ruas que pensam que estão protestando contra a corrupção do governo da Ucrânia. Tenho ouvido isso de vários. Há pouca dúvida de que o governo da Ucrânia é corrupto. Qual governo não é? A corrupção do governo é universal, mas é fácil sair da panela e cair no fogo. Os manifestantes ucranianos parecem pensar que eles podem escapar da corrupção com a adesão à UE .

Obviamente, esses inocentes úteis não estão familiarizados com o relatório sobre a corrupção na União Europeia divulgado em 03 de fevereiro pelo Comissário Europeu para Assuntos Internos. O relatório diz que um nexo político-empresarial de corrupção afeta todos os 28 países-membros da UE e custa às economias da UE 162 bilhões e 200 milhões de euros por ano.

De acordo com o Banco Mundial, o custo econômico da corrupção na UE é quase o tamanho do PIB da Ucrânia. Claramente, os ucranianos não vão escapar da corrupção com a adesão à UE. De fato, os ucranianos vão sofrer pior corrupção.

Vitali Klitschko (preferido pela UE para "governar" a Ucrânia) visita a Angela Merkel em 16/2/2014
Eu não tenho nenhuma objeção quanto aos ucranianos protestarem contra a corrupção no governo. Na verdade, essas pessoas ingênuas poderiam se beneficiar da lição que iriam aprender quando seu país estiver nas mãos de corruptos em Bruxelas e Washington. O que eu sou contra é a falta de conscientização por parte dos manifestantes que, ao se permitirem ser manipulados por Washington, estão empurrando o mundo na direção de uma guerra perigosa. Eu ficaria surpreso se a Rússia ficar contente com bases militares e de mísseis dos EUA na Ucrânia.

Foram tolos como Nuland jogando o grande jogo [1] que nos deu a Primeira Guerra Mundial. A Terceira Guerra Mundial seria a última guerra. A vontade de Washington de explorar todas as oportunidades para estabelecer sua hegemonia sobre o mundo está nos levando a uma guerra nuclear. Como Nuland, uma porcentagem significativa da população do oeste da Ucrânia é russófoba. Eu conheço o caso de antipatia ucraniana à Rússia, mas as emoções dos ucranianos são alimentadas com o dinheiro de Washington e não deveriam guiar o curso da história. Não vão sobrar historiadores para documentar como os ucranianos, ingênuos e inconscientes, levaram o mundo à destruição.
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Nota do Tradutor
[1a] O Grande Jogo é um termo usado para definir o conflito e a rivalidade estratégica entre o Império Britânico e o Império Russo pela supremacia na Ásia Central.
[1b] O Grande Jogo é um período clássico geralmente considerado como decorrendo entre o Tratado Russo-Persa de 1813 até a Convenção Anglo-Russa de 1907.
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[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica.
Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.


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