12/8/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
Traduzido pelo
pessoal da Vila Vudu
The Saker |
Graças ao
trabalho de nossa equipe russa (obrigado, pessoal!) que traduz à velocidade da
luz, posso partilhar com vocês uma matéria do canal Rossia-1 da televisão russa, que me pareceu
totalmente fascinante. Mostra como Rússia e Argentina foram literalmente
empurradas pelos EUA a trabalhar unidas, e o tipo de resultado a que essa
cooperação está levando. A matéria foca o caso argentino, mas tenho certeza de
que fenômeno semelhante está acontecendo em vários lugares, especialmente entre
os países BRICS.
É muito
difícil alterar sistema que esteja em operação, sistema do qual as pessoas
dependem para receber salários, sistema que foi estável ao longo de anos e que,
embora longe de ser perfeito, pelo menos era claramente compreendido pelos
envolvidos. Por essa razão, apesar de todas as imperfeições do sistema, algumas
das quais já próximas da disfunção, o que eu chamaria de “sistema
econômico-financeiro ocidental” era tão importante e, falando francamente, tão
atraente: porque funcionava.
Mas foi
quando os EUA fizeram algo extremamente perigoso: puseram-se a usar e abusar
daquele sistema, para seus próprios e estreitos objetivos políticos:
MasterCard, Visa & o resto, de repente, excluíram Wikileaks; o Irã foi
excluído da Sociedade para Telecomunicação Financeira Interbancária Mundial
[orig. Society for WorldwideInterbank Financial Telecommunication, SWIFT]; os franceses foram “multados”
em bilhões a favor do Tio Sam, porque venderam barcos Mistral aos russos; os
russos receberam ordens para compensar as perdas de Khodorkovsky; os suíços
foram chantageados para desistir do tradicional segredo bancário deles, etc..
Claro que o US
dólar e os interesses econômicos ocidentais não vivem só de atrair com
suculenta cenoura. Chegaram sempre com um grande porrete: os militares
norte-americanos.
Mas ao mesmo
tempo, bem quando os EUA puseram-se a usar e abusar do sistema financeiro
econômico ocidental... Os EUA também começaram a perder guerras uma depois da
outra.
De fato,
pode-se dizer que os EUA não venceram em guerra nenhum único inimigo importante
desde 1945, ou da Coreia. Mas, graças a Hollywood e à Guerra Fria, os EUA
conseguiram manter a ilusão de que continuariam a ser superpotência militar. Fato
é que depois do 11/9, também essa ilusão começou a escapar pelo ralo, na
sequência dos desastres no Iraque e no Afeganistão (e da derrota abjeta deIsrael contra o Hezbollah).
Resultado
desse duplo colapso – do sistema econômico-financeiro ocidental e da capacidade
de “detenção-impedimento” [orig. deterrence] que o poderio militar dos
EUA tivera – o resto do planeta começou a dar-se conta de que se podia desafiar
abertamente o Tio Sam e escapar vivo. Oh, claro que a Bolívia, sozinha, não
poderia fazer tal coisa. Nem a Malásia. Mas liderados pelos BRICS, e os
próprios BRICS, provavelmente, inspirados pelos países da ALBA (Alianza Bolivariana
para los Pueblos de Nuestra América), mais e mais
países passaram a dar-se conta dessa verdade básica: ser aliado dos EUA pode
ser muito mais perigoso do que desafiá-los abertamente.
É claro que,
no atual momento da história, Rússia e Argentina estão, de fato, lutando pela
própria sobrevivência; portanto, não surpreende que mostrem máxima determinação
para implantar um novo sistema econômico-financeiro livre dos EUA e do dólar
norte-americano. Mas o comportamento absolutamente irresponsável dos EUA, ou,
dito bem claramente, o comportamento enlouquecido dos EUA nos últimos anos,
está, creio eu, assustando o resto do planeta, a tal ponto que creio firmemente
que o exemplo de Rússia e Argentina é só a ponta de um iceberg muito maior.
Em primeiro
lugar e muito importante, há a aliança de-facto entre China e Rússia, a maior potência
econômica do planeta, com o maior poder militar.
BRICS + Argentina |
Esses, por
sua vez, estão apoiados no BRICS; na Organização para a Segurança Coletiva da
Europa, OSCE; na Comunidade Econômica Eurasiana, EAEC; na
Organização de Cooperação de Xangai, SCO; na ALBA; no MERCOSUL e nas muitas
organizações regionais as quais, de um modo ou de outro, reúnem as 100 ou mais
nações que não votaram com o Império Anglo-sionista na ONU, na questão da
Ucrânia.
O resumo da
história é o seguinte: bem poucas nações ainda se mantêm atraídas pelo modelo
imperial anglo-sionista. O resultado é o tipo de colaboração (não deu na MSM [nem foi notícia do Grupo GAFE
(Globo-Abril-FSP-Estadão) no Brasil], que
vocês podem ver na matéria a seguir e com legendas em inglês). Aproveitem!
The Saker
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