sábado, 22 de novembro de 2014

Motim na carceragem da Polícia Federal



“Tudo culpa da Mídia e do Aécio!”


Texto enviado por Raul Longo, livremente baseado em vazamento seletivo do correspondente dele em Curitiba.



Já se culpou Lula por todo mundo ter automóvel, viajar de avião e ingressar nas universidades. Se culpou o governo Dilma pela redução de desabrigados e por desnecessários atendimentos médicos às populações mais pobres.

O país parou de crescer em índice de desempregos, dívida externa, inflação e além de sair da situação de risco financeiro internacional ainda foi expulso do Mapa da Fome. Tudo por culpa de Lula e Dilma!

A soma dessas contradições históricas revoltou a alta classe média que em meados de 2013 foi às ruas para exigir mudanças e, por fim, neste final de 2014 o ódio se irradiou de São Paulo por quase todo o Brasil.

No final da semana passada multidões de até 30 pessoas foram às ruas de diversas capitais exigindo impeachment e a volta da ditadura militar para defender a liberdade de expressão e espancamento de gays, lésbicas, aleijados, negros, nordestinos, velhos, pobres e quem usa camiseta vermelha.

Auschwitzes e treblinkas foram reinstauradas nas redes sociais e até o sociólogo Fernando Henrique Cardoso deu sua contribuição para o genocídio pela purificação sócio/racial.

No entanto, apesar da liderança de gente como o ex-auto exilado Lobinho e do ex-astrólogo Oswaldo do Carvalho, entr’outros, como o imortal zumbi Merdal Pereira, o ex-poeta maranhense de nome esquecido no fundo da gaveta de móvel queimado pra não espalhar cupim e o caquético delinquente juvenil Diego Maismerda; o movimento desandou. E, segundo as informações do nosso impune informante seletivo, ao invés da vaca ir para o brejo o brejo veio à vaca na carceragem da PF de Curitiba.

Empreiteiros indo para a estância climática de Curitiba (PF)
Agora são os grandes empreiteiros que tiram férias compulsórias para descansar da lide de malabarismos milionários em contas bancárias, que aproveitam o tempo vago para se manifestar de suas celas.

Numa clara inversão de valores, ao invés de mudanças querem que tudo volte ao que sempre foi antes das besteiras cometidas pela “ora, Veja!” e o “Neves fora, nada!”.

“Todos soltos!” no dizer da Presidenta reeleita, os maiores banqueiros do país, responsáveis pela malograda transferência on-line da conta poupança de Marina Silva para a conta corrente do Aecinho, a qualquer momento podem ser incluídos na sanha investigativa. Razão pela qual cogitam substanciais cortes de verbas publicitárias destinadas à revista Veja e demais publicações da Editora Abril, evitando maiores comprometimentos agravados pelas delações -- premiadas ou não -- do presidente da UTC que coordenava as operações junto às empreiteiras.

Por inconfesso interesse pessoal Ricardo Ribeiro Pessoa acabou confessando agir sob a orientação de seus colegas coordenadores financeiros da campanha do candidato do PSDB. Em respeito à omissão seletiva da Mídia ao grande anunciante, não revelaremos se tratar do Banco Itaú.

Jornal “O Globo” e TV Globo escaparam por pouco, mas quem está dando voz aos reais motivos da queda da aplicação política na bolsa de ações golpistas são os veranistas da PF protestando contra os maus tratos do neto do falecido Tancredo à concorrente eleitoral: “Onde já se viu tucano cutucar onça com vara curta?” – reclamam numa clara referência a abertura do último debate pela TV, um dia depois da publicação da matéria de capa em edição “casualmente” antecipada da Revista Veja, quando em resposta à provocação do opositor a Presidenta prometeu: “Não vai ficar pedra sobre pedra!”.


Bem verdade que a partir dessa promessa presidencial, ainda que acusando a senhora de leviana, o tucano fechou o bico sobre Petrobras e não retornou ao assunto pelo resto do debate, evitando as próprias leviandades ou por medo das consequências que se espocam.

Mesmo que fique só no início, o estrago está feito e se por enquanto apenas os corruptos e corruptores diretos são os depenados, esse esvoaçar de penas lançadas ao ventilador bem pode vir pelar até quem passou ao largo.

Pelo jeito não vai adiantar a estratégia de sair de fininho, disfarçando com promessas de convocação de nova CPI. Até chegarem com a caçarola da nova CPI, muitos já estarão assando entre as pedras quentes demolidas pela promessa.

O que mais se teme é uma total inversão de valores entre as elites confinadas que, ao invés de apoiarem seus agentes políticos e da Mídia, podem passar a promover a queima de verbas destinadas a panfletos e publicações promocionais como a própria revista Veja e similares, empastelando departamentos comerciais de deficitários veículos de ilações já tão mal falados pelo povo que insiste em não ser bobo.

Sem público, o que será desse setor há mais de uma década politicamente inútil para as elites? Investimento perdido numa campanha ou outra, vá lá! Mas quanto mais de dinheiro se jogará pela janela se Petrobrás e demais estatais fecharem as comportas?

Pior é que a edição antecipada da Veja e a leviandade do Aécio reforçaram a premência do fim do financiamento privado de campanhas políticas, o que resultará numa estiagem que perenizará a seca do sistema da Cantareira eleitoral, com ou sem paulistas para reeleger indefinidamente Geraldo Alkmin  e correlatos.

Reginaldo de Azeredo, Oswaldo de Carvalho, Robaldo
Heresia e outros prestes a ser comidos pela petralhada
Procurados por nossos correspondentes de São Paulo, o Reginaldo de Azeredo não quis se pronunciar e sequer alegou jornalismo de hipóteses. “Não sou camelo nem ali nem aqui” – teria murmurado, mas pode ser mera ilação permissível ao nosso repórter que por cobrir a Veja tem todo o direito de mentir quanto e como queira.

Por sua vez o Ministro da Justiça se fecha em copas sobre o vazamento seletivo das investigações sob segredo de justiça, premiando mais aos agentes corruptos da PF do que à delação do Costa e do Yussef. Evidente injustiça com os hóspedes da carceragem de Curitiba, sobre cujas cabeças pende o Duque de espadas. E o pior é que do baralho da investigação Lava Jato sumiu o coringa que jurou ingentes esforços oposicionistas, mas sumiu do Congresso.

“Será que ele está no Pão de Açúcar? – perguntaria Monsueto.

Boatos maldosos garantem que depois do Clube Militar mandar a delirante turba golpista arrumar um tanque de roupa pra lavar, o ex-candidato subiu o Canta Galo ou se meteu pela favela da Maré em busca de algo para clarear a nebulosa e confusa situação pós-eleitoral. Já os mais informados dão conta de novo retiro espiritual no isolamento de um andar de hospital de BH, em tais ocasiões sempre interditado para reformas.  

Há ainda o risco de ao assumir em 1º de Janeiro o novo governador de Minas mandar a vigilância sanitária investigar aquela e demais obras insistentemente denunciadas por policiais civis que não aprendem nem com atentados à vida. Pode moer até ficarem aleijados ou em coma que não desistem de tamanha ranhetice, num típico vingancismo mineiro que Guimarães Rosa muito bem descreveu no conto “O Duelo”.  

Falta alguém (MUITOS) em Curitiba...
Ou seja, não importa quem será o futuro presidente da Câmera, mas que se cuide! De CPI em CPI o caçador pode ser cassado, pois entre privatarias, lista de Furnas e tudo o mais, muita sarna há ainda à coçar.

Enfim, evitando as cogitações e nos restringindo aos fatos informados pelo correspondente é que a grita e choramingas é tão grande que encheu a paciência do carcereiro de Curitiba que já deu o recado: “Casa, comida e roupa lavada! Tão querendo mais o quê? Guarda o fôlego pro depoimento sair premiado porque se não calarem a boca chamo o Tancredo Tolentino para sentar a porrada em ‘cês tudo!”

Com o Quedão não tem moleza e segundo o polícia lá de Minas Gerais o que não falta no currículo e nas terras do primo é arquivo queimado! Mas aos amotinados da PF nada disso assusta e um de seus advogados lamenta: “São apenas empresários, não têm nada a ver com helicóptero, aeroporto, habeas corpus pra traficante, licenciamento de viatura do crime organizando, nada disso. A culpa é só do Aécio e da Mídia!”.

Quer dizer: já começou o jogo do empurra!


[*] Raul Longo - Nascido em 1951 na cidade de São Paulo, atuou como redator publicitário e jornalista nas seguintes capitais brasileiras: São Paulo, Salvador, Recife, Campo Grande e Rio de Janeiro, também realizando eventos culturais e sociais como a “Mostra de Arte Sulmatogrossense”, (Circulo Cultural Miguel de Cervantes/SP), “Mostra de Arte Latinoamericana” (Centro Cultural Vergueiro/SP) e o Seminário Indigenista (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/CG). Premiado em concursos literários nacionais promovidos pelo Unibanco, Rede Globo e Editora Abril; pelo Circulo Cultural Miguel de Cervantes; e pelo governo do Estado do Paraná. Publicou Filhos de Olorum – Contos e cantos de candomblé pela Cooeditora de Curitiba, e poemas escritos durante estada no Chile: A cabeça de Pinochet, pela Editora Metrópolis de São Paulo. Obteve montagem de duas obras teatrais:Samba/Jazz of Gafifa, no teatro Glauce Rocha da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande; e Graças & glórias nacionais, no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo. Atualmente reside em Florianópolis, Santa Catarina.



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