“Tudo
culpa da Mídia e do Aécio!”
Texto enviado
por Raul Longo, livremente baseado em vazamento seletivo do correspondente dele
em Curitiba.
Já
se culpou Lula por todo mundo ter automóvel, viajar de avião e ingressar nas
universidades. Se culpou o governo Dilma pela redução de desabrigados e por
desnecessários atendimentos médicos às populações mais pobres.
O
país parou de crescer em índice de desempregos, dívida externa, inflação e além
de sair da situação de risco financeiro internacional ainda foi expulso do Mapa
da Fome. Tudo por culpa de Lula e Dilma!
A
soma dessas contradições históricas revoltou a alta classe média que em meados
de 2013 foi às ruas para exigir mudanças e, por fim, neste final de 2014 o ódio
se irradiou de São Paulo por quase todo o Brasil.
No
final da semana passada multidões de até 30 pessoas foram às ruas de diversas
capitais exigindo impeachment e a
volta da ditadura militar para defender a liberdade de expressão e espancamento
de gays, lésbicas, aleijados, negros,
nordestinos, velhos, pobres e quem usa camiseta vermelha.
Auschwitzes e treblinkas
foram reinstauradas nas redes sociais e até o sociólogo Fernando Henrique
Cardoso deu sua contribuição para o genocídio pela purificação sócio/racial.
No
entanto, apesar da liderança de gente como o ex-auto exilado Lobinho e do
ex-astrólogo Oswaldo do Carvalho, entr’outros, como o imortal zumbi Merdal
Pereira, o ex-poeta maranhense de nome esquecido no fundo da gaveta de móvel
queimado pra não espalhar cupim e o caquético delinquente juvenil Diego
Maismerda; o movimento desandou. E, segundo as informações do nosso impune
informante seletivo, ao invés da vaca ir para o brejo o brejo veio à vaca na
carceragem da PF de Curitiba.
Empreiteiros indo para a estância climática de Curitiba (PF) |
Agora
são os grandes empreiteiros que tiram férias compulsórias para descansar da
lide de malabarismos milionários em contas bancárias, que aproveitam o tempo
vago para se manifestar de suas celas.
Numa
clara inversão de valores, ao invés de mudanças querem que tudo volte ao que
sempre foi antes das besteiras cometidas pela “ora, Veja!” e o “Neves fora,
nada!”.
“Todos
soltos!” no dizer da Presidenta reeleita, os maiores banqueiros do país,
responsáveis pela malograda transferência on-line
da conta poupança de Marina Silva para a conta corrente do Aecinho, a qualquer
momento podem ser incluídos na sanha investigativa. Razão pela qual cogitam
substanciais cortes de verbas publicitárias destinadas à revista Veja e demais
publicações da Editora Abril, evitando maiores comprometimentos agravados pelas
delações -- premiadas ou não -- do presidente da UTC que coordenava as
operações junto às empreiteiras.
Por
inconfesso interesse pessoal Ricardo Ribeiro Pessoa acabou confessando agir sob
a orientação de seus colegas coordenadores financeiros da campanha do candidato
do PSDB. Em respeito à omissão seletiva da Mídia ao grande anunciante, não
revelaremos se tratar do Banco Itaú.
Jornal
“O Globo” e TV Globo escaparam por pouco, mas quem está dando voz aos reais
motivos da queda da aplicação política na bolsa de ações golpistas são os
veranistas da PF protestando contra os maus tratos do neto do falecido Tancredo
à concorrente eleitoral: “Onde já se viu tucano cutucar onça com vara curta?” –
reclamam numa clara referência a abertura do último debate pela TV, um dia
depois da publicação da matéria de capa em edição “casualmente” antecipada da
Revista Veja, quando em resposta à provocação do opositor a Presidenta
prometeu: “Não vai ficar pedra sobre pedra!”.
Bem
verdade que a partir dessa promessa presidencial, ainda que acusando a senhora
de leviana, o tucano fechou o bico sobre Petrobras e não retornou ao assunto
pelo resto do debate, evitando as próprias leviandades ou por medo das
consequências que se espocam.
Mesmo
que fique só no início, o estrago está feito e se por enquanto apenas os
corruptos e corruptores diretos são os depenados, esse esvoaçar de penas
lançadas ao ventilador bem pode vir pelar até quem passou ao largo.
Pelo
jeito não vai adiantar a estratégia de sair de fininho, disfarçando com
promessas de convocação de nova CPI. Até chegarem com a caçarola da nova CPI,
muitos já estarão assando entre as pedras quentes demolidas pela promessa.
O
que mais se teme é uma total inversão de valores entre as elites confinadas
que, ao invés de apoiarem seus agentes políticos e da Mídia, podem passar a
promover a queima de verbas destinadas a panfletos e publicações promocionais
como a própria revista Veja e similares, empastelando departamentos comerciais
de deficitários veículos de ilações já tão mal falados pelo povo que insiste em
não ser bobo.
Sem
público, o que será desse setor há mais de uma década politicamente inútil para
as elites? Investimento perdido numa campanha ou outra, vá lá! Mas quanto mais
de dinheiro se jogará pela janela se Petrobrás e demais estatais fecharem as
comportas?
Pior
é que a edição antecipada da Veja e a leviandade do Aécio reforçaram a
premência do fim do financiamento privado de campanhas políticas, o que
resultará numa estiagem que perenizará a seca do sistema da Cantareira
eleitoral, com ou sem paulistas para reeleger indefinidamente Geraldo Alkmin e correlatos.
Reginaldo de Azeredo, Oswaldo de Carvalho, Robaldo Heresia e outros prestes a ser comidos pela petralhada |
Procurados
por nossos correspondentes de São Paulo, o Reginaldo de Azeredo não quis se
pronunciar e sequer alegou jornalismo de hipóteses. “Não sou camelo nem ali nem
aqui” – teria murmurado, mas pode ser mera ilação permissível ao nosso repórter
que por cobrir a Veja tem todo o direito de mentir quanto e como queira.
Por
sua vez o Ministro da Justiça se fecha em copas sobre o vazamento seletivo das
investigações sob segredo de justiça, premiando mais aos agentes corruptos da
PF do que à delação do Costa e do Yussef. Evidente injustiça com os hóspedes da
carceragem de Curitiba, sobre cujas cabeças pende o Duque de espadas. E o pior
é que do baralho da investigação Lava Jato sumiu o coringa que jurou ingentes
esforços oposicionistas, mas sumiu do Congresso.
“Será
que ele está no Pão de Açúcar? – perguntaria Monsueto.
Boatos
maldosos garantem que depois do Clube Militar mandar a delirante turba golpista
arrumar um tanque de roupa pra lavar, o ex-candidato subiu o Canta Galo ou se
meteu pela favela da Maré em busca de algo para clarear a nebulosa e confusa
situação pós-eleitoral. Já os mais informados dão conta de novo retiro espiritual
no isolamento de um andar de hospital de BH, em tais ocasiões sempre
interditado para reformas.
Há
ainda o risco de ao assumir em 1º de Janeiro o novo governador de Minas mandar
a vigilância sanitária investigar aquela e demais obras insistentemente
denunciadas por policiais civis que não aprendem nem com atentados à vida. Pode
moer até ficarem aleijados ou em coma que não desistem de tamanha ranhetice,
num típico vingancismo mineiro que Guimarães Rosa muito bem descreveu no conto
“O Duelo”.
Falta alguém (MUITOS) em Curitiba... |
Ou
seja, não importa quem será o futuro presidente da Câmera, mas que se cuide! De
CPI em CPI o caçador pode ser cassado, pois entre privatarias, lista de Furnas
e tudo o mais, muita sarna há ainda à coçar.
Enfim,
evitando as cogitações e nos restringindo aos fatos informados pelo
correspondente é que a grita e choramingas é tão grande que encheu a paciência
do carcereiro de Curitiba que já deu o recado: “Casa, comida e roupa lavada!
Tão querendo mais o quê? Guarda o fôlego pro depoimento sair premiado porque se
não calarem a boca chamo o Tancredo Tolentino para sentar a porrada em ‘cês
tudo!”
Com
o Quedão não tem moleza e segundo o polícia lá de Minas Gerais o que não falta
no currículo e nas terras do primo é arquivo queimado! Mas aos amotinados da PF
nada disso assusta e um de seus advogados lamenta: “São apenas empresários, não
têm nada a ver com helicóptero, aeroporto, habeas corpus pra traficante,
licenciamento de viatura do crime organizando, nada disso. A culpa é só do
Aécio e da Mídia!”.
Quer
dizer: já começou o jogo do empurra!
[*] Raul Longo - Nascido
em 1951 na cidade de São Paulo, atuou como redator publicitário e jornalista
nas seguintes capitais brasileiras: São Paulo, Salvador, Recife, Campo Grande e
Rio de Janeiro, também realizando eventos culturais e sociais como a “Mostra de
Arte Sulmatogrossense”, (Circulo Cultural Miguel de Cervantes/SP), “Mostra de
Arte Latinoamericana” (Centro Cultural Vergueiro/SP) e o Seminário Indigenista
(Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/CG). Premiado em concursos
literários nacionais promovidos pelo Unibanco, Rede Globo e Editora Abril; pelo
Circulo Cultural Miguel de Cervantes; e pelo governo do Estado do Paraná.
Publicou Filhos de Olorum – Contos e cantos de candomblé pela Cooeditora de Curitiba, e poemas
escritos durante estada no Chile: A cabeça de Pinochet, pela Editora
Metrópolis de São Paulo. Obteve montagem de duas obras teatrais:Samba/Jazz of Gafifa, no teatro Glauce
Rocha da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande; e Graças
& glórias nacionais, no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo. Atualmente
reside em Florianópolis, Santa Catarina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.