26/11/2012, Khaled Amayreh, Al-Qassam, Ezzedin Al-Qassam Brigades
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Khaled Amayreh |
Ahmed
Khalil Al-Jaabari foi Comandante-Geral, de-facto, do braço da Resistência do Hamás,
as Brigadas Ezzeddin Al-Qassam. O exército israelense de ocupação e a agência
Shin Bet da segurança israelense há muito tempo tentavam assassiná-lo. Para a
entidade sionista, qualquer homem ou mulher que se oponha à ocupação militar da
Palestina, seja a oposição passiva ou ativa, é terrorista e tem de ser
liquidado.
Em
2004, o exército de Israel já tentara assassinar Al-Jaabari, por seu papel na
Resistência. Naquele ano, o filho mais velho, Mohamed, um irmão e três primos do
comandante Al-Jaabari foram brutalmente assassinados em ataque israelense à casa
da família.
Em
inúmeros casos, Israel liquida toda a família próxima dos ativistas da
Resistência, mesmo que os familiares pouco saibam das atividades da Resistência
e não possam ser acusadas de absolutamente qualquer pressuposto crime.
Exemplo
dessa atividade dos israelenses, que usam o assassinato como modus
operandi, foi o assassinato de Nezar Rayan, ativista do Hamás, assassinado
com toda a família, em casa, no ataque israelense à Faixa de Gaza em 2008-09; na
mesma ação, Israel assassinou 1.400 pessoas e feriu vários milhares, a maioria
dos quais civis.
Ahmed Khalil Al-Jaabari |
Al-Jaabari,
nascido em Hebron, teve papel destacado na tomada da Faixa de Gaza pelo Hamás,
no verão de 2007. Os que trabalharam com ele falam “excepcional capacidade
organizacional, meticuloso nas precauções de segurança e homem abnegado”. Como
comandante do braço armado do Hamás, Al-Jaabari soube desenvolver essas
competências, qualitativamente e quantitativamente.
Além
do papel destacado que lhe coube na Resistência contra a ocupação israelense,
Al-Jaabari também desempenhou papel importante junto aos altos escalões
políticos do Hamás. É hoje amplamente reconhecido como exemplo de uma nova
geração de líderes islâmicos surgidos depois que Israel assassinou líderes
icônicos no campo político e da Resistência, como Sheikh Ahmed Yassin,
Abdel-Aziz Rantisi, Ibrahim Makadma e Yehia Ayash.
Abu
Mohamed (seu nome de guerra) começou seu ativismo político e de resistência
filiado ao Fatah, principal grupo da Organização para Libertação da Palestina
(OLP) comandado pelo falecido líder palestino, Yasser Arafat. Foi preso em 1982
e passou 13 anos em cárceres de Israel.
Depois
de libertado, Al-Jaabari uniu-se ao Hamás, porque o Fatah já lhe parecia partido
secular demais e excessivamente conivente com a ocupação (foi libertado depois
de assinados os Acordos de Oslo). Em 2009, disse que “a Palestina só pode ser
libertada por muçulmanos sinceros. A questão palestina é, sobretudo, questão
islâmica. Só a Jihad universal contra o estado criminoso de Israel
conseguirá libertar a Palestina das garras dos invasores”. Referia-se a Israel
também como “fenômeno transitório, uma tentativa, condenado a se extinguir mais
cedo ou mais tarde. Temos portanto de ver Israel como Salaheddin Al-Ayoubi
(Saladino, grande comandante curdo muçulmano) viu os Cruzados”.
Veículo bombardeado onde estava Al-Jaabari |
Em
1998, Al-Jaabari foi novamente preso e torturado pelo aparato de Segurança
Preventiva de Arafat, sob a suspeita de que teria coordenado o ataque a um
ônibus que transportava colonos judeus. Foi libertado um ano mais tarde. Há quem
diga que os maus tratos e a tortura a que foi submetido o levaram a decidir
engajar-se definitivamente no trabalho de preparar o Hamás para tomar a Faixa de
Gaza e expulsar do enclave as milícias da OLP.
Em
2002, substituiu Mohamed Dheif como comandante efetivo das Brigadas Ezzeddin
Al-Qassam, do Hamás. Dheif sofrera um atentado, perpetrado pelo exército
israelense, do qual resultara gravemente ferido. Segundo outros comandantes do
Hamás, foi graças ao trabalho de Al-Jaabari que o braço armado da Resistência do
Hamás foi convertido em força mais disciplinada, mais bem treinada e mais
poderosa.
O CASO
SHALIT:
Al-Jaabari será lembrado, especialmente, pelo papel chave que desempenhou na
coordenação da captura e nas negociações para a troca de um soldado israelense,
Gilad Shalit, que foi capturado por combatentes da Resistência palestina em 2006
numa emboscada na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel. Na mesma ação,
morreram dois outros soldados israelenses.
A
partir daquele momento, Israel mobilizou todas as capacidades de seus serviços
de inteligência para localizar e resgatar Shalit, sem sucesso. Al-Jaabari é
considerado o principal agente responsável pelo trabalho de abortar todos os
esforços dos israelenses; pouquíssimas pessoas algum dia estiveram próximas de
Shalit, durante o tempo em que permaneceu sob a guarda do Hamás. Há quem diga
que o massacre que Israel promoveu em Gaza, em 2008, visava também a encontrar e
resgatar o soldado prisioneiro do Hamás – e resultou em mais um fracasso dos
israelenses.
Al-Jaabari
tomou todas as providências para que Shalit fosse bem tratado, embora,
simultaneamente, Israel tenha várias vezes assassinar o próprio Al-Jaabari e sua
família. No ataque de Israel contra Gaza, em 2008-09, a casa da família Al-Jaabari foi
destruída por um míssil israelense.
Em
2011, depois de acertada uma troca de prisioneiros com Israel, Al-Jaabari
acompanhou pessoalmente Shalit até a passagem de Rafah, fronteira com o Egito –
e foi uma das raras vezes em que foi visto em público. Sempre foi extremamente
cauteloso com sua segurança pessoal. Não se mostrava em público e jamais usou
telefones celulares.
Apesar
disso, afinal, a segurança interna de Israel, Shin Bet, acabou por identificar
um dos carros que Al-Jaabari usava, graças a um informante local, que foi
identificado e executado.
Al-Jaabari sendo atendido logo após o atentado faz sinal de vitória. |
Al-Jaabari
foi assassinado dia 14/11/2012, num carro, na rua Omar Al-Mokhtar, uma das
principais da cidade de Gaza. Várias vezes dissera que seu maior desejo era
morrer como mártir e como tal ser recebido no reino de Deus. O Corão ensina que
quem caia em luta contra a opressão e a injustiça não morre e ganha a vida
eterna.
Não
pense nos caídos na estrada até Alá, como mortos. Não estão mortos. Eles vivem
com seu Deus e para sempre estão e estarão protegidos. Rejubilam-se nas bênçãos
que Alá, o Misericordioso, derrama sobre eles, em nome dos que ainda não se
reuniram a Ele [ainda não foram martirizados], para que não sofram nenhum medo
nem nenhuma dor. (S.3-v
169-170).
Ahmed
Al-Jaabari foi sepultado dia 15/11/2012, em funeral acompanhado por milhares de
pessoas. Seu corpo repousa no Cemitério Sheikh Radwan, onde estão enterrados
tantos mártires palestinos.
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