quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Quatro grandes mudanças na Prosperidade Global

30/10/2013, [*] Nathan Gamester, Harvard Business Review
Traduzido e interpretado pelo pessoal da Vila Vudu

Prosperity Índex [Índice de Prosperidade], outubro 2013:

BRASIL: 46º, de 142 países
Melhor indicador: 26º em Liberdade Pessoal
Pior indicador: 82º em Proteção e Segurança
PIB per capita: $11.908,9 USD
Satisfação com a própria vida: 6,9 de 10,0.

DESTAQUE: A partir de 2009, o Brasil subiu dois pontos no Índice de Prosperidade; e quatro pontos no subíndice Empreendedorismo e Oportunidade.

Devemos a Abraham Maslow aquela famosa observação – “quando sua única ferramenta é um martelo, tudo parece prego”. É fácil compreender a implicação: quem tente resolver problema complexo deve começar por arranjar vasto conjunto de ferramentas.

Martelo de Maslow
É curioso, portanto, que continuemos a nos deixar prender na armadilha de só procurar uma ferramenta dominante para medir o sucesso dos países – a régua frágil do crescimento econômico – e de crer que os remédios que essa régua sugira seriam os únicos modos de conseguir progredir.

É claro que o sucesso econômico é importante – obviamente oferece aos cidadãos os itens que melhoram a vida (atenção à saúde, educação, etc.) – mas só até certo ponto. Só a riqueza não faz uma sociedade feliz e bem-sucedida. Aferir o sucesso baseado exclusivamente na riqueza deixa, portanto, sem considerar as muitas nuances do bem-estar humano. A prosperidade nacional deve ser definida também por liberdade humana, democracia sólida, sociedade vibrante e oportunidade para empreender, tanto quanto se define também por crescimento econômico.

Em anos recentes, os governos começaram a dar-se conta de que se focar exclusivamente em fazer crescer o PIB não leva necessariamente à melhoria dos padrões de vida dos cidadãos. Dito de forma simples, o que ajuda a engordar o PIB pode não ser bom para a melhoria da sociedade no longo prazo. Conclusão disso é descobrir que o que nós aferimos tem de corresponder ao que nós valorizamos.

Nos últimos sete anos, o Legatum Institute tem liderado essa discussão “para além do PIB”. Nosso Índice de Prosperidade – cuja edição 2013 lançamos ontem (29/10/2013) – afere a prosperidade nacional considerando oito eixos nos quais se combinam dados “duros” e dados de pesquisa. O resultado é a mais ampla avaliação da prosperidade nacional definida como nós a definimos.

Entrada do Legatum Institute em Londres - 11, Charles Street
Esse ano, o Índice de Prosperidade oferece cinco anos consecutivos de dados comparáveis. O mundo mudou muito nos últimos cinco anos, e houve eventos que mudaram o curso da história para milhões de pessoas: a crise financeira de 2008, a Primavera Árabe e a guerra civil na Síria, para citar apenas alguns.

Avaliar a prosperidade nacional, considerando tendências em cinco anos de dados, nos permite escapar das idas e vindas de circunstâncias especiais e, em vez disso, podemos considerar a direção geral do deslocamento. E o que vimos, desse ponto privilegiado de observação. Quatro linhas destacam-se claramente.

A prosperidade global está aumentando. Apesar dos eventos tumultuosos dos últimos cinco anos, a prosperidade global continua a aumentar. O movimento explica-se pelos grandes avanços tecnológicos, com mais e mais pessoas obtendo acesso a infraestrutura vitalmente necessária para que o comércio e o empreendedorismo prosperem. Houve também importantes avanços na saúde global (sobretudo na África Sub-saariana). Por exemplo, a expectativa de vida na África Sub-saariana, só a partir de 2010, aumentou mais de três anos.

A América Latina está mais próspera e continua prosperando. O Índice de Prosperidade mostra que a América Latina é região que continua a prosperar, com consistente crescimento econômico. México, Brasil, Chile e Panamá têm ótimo desempenho na aplicação de medidas econômicas. De fato, nos últimos cinco anos, todos os países da América Latina e Caribe (exceto a Jamaica) melhoraram seu desempenho econômico, pelo nosso Índice.

O que a Europa perde, a Ásia ganha. A tendência que se vê na América Latina soma-se a outra tendência mais ampla, que mostra a emergência de uma nova ordem econômica emergente. Vários países ocidentais – predominantemente europeus – perderam as posições que ocupavam entre as economias de melhor desempenho em todo o mundo e foram substituídas, nessas posições de ponta, por países asiáticos. Malásia, China e Tailândia estão agora entre as 15 principais economias em termos de medidas econômicas aplicadas com sucesso, e ocupam lugares no ranking de nações mais prósperas que, há cinco anos, pertenciam a países como Dinamarca, Finlândia, Países Baixos e Irlanda.



Bangladesh supera a Índia. Pela primeira vez, Bangladesh aparece à frente da Índia no Índice de Prosperidade: está em 103º lugar, com a Índia em 106º. Desde 2009, os dois países movem-se em direções opostas. A Índia perdeu pontos em seis dos oito eixos da prosperidade; e Bangladesh melhorou sua posição também em seis dos mesmos oito eixos. A Índia caiu mais dramaticamente nos números de Proteção e Segurança, Economia e Qualidade da Governança. Os dados mostram que os cidadãos de Bangladesh estão vivendo mais, gozam de melhor saúde e usufruem de mais segurança, que os indianos.

Usar um quadro amplo para avaliar o sucesso permite compreender mais claramente os fatores que promovem e limitam a prosperidade. Isso – usando a terminologia de Maslow – garante a quem proponha políticas ferramentas melhores que apenas um martelo, para consertar o que tenha de ser consertado.

O caminho da prosperidade é complexo para as nações. A história do progresso humano mostra enorme quantidade de fatores que se combinam para empurrar os países avante, na trilha do desenvolvimento. A combinação precisa no ordenamento desses elementos pode ser sempre debatida e questionada, mas a verdade permanece: em todos os casos, o progresso das nações e o progresso humano são mistura complexa de fatores variados.


O Índice de Prosperidade, como a mais famosa contribuição de Maslow (a “pirâmide” das necessidades), procura oferecer um quadro no qual seja possível compreender e quantificar os fatores que impulsionam o progresso e o desenvolvimento.




[*] Nathan Gamester é Diretor de Programa do Prosperity Índex no Legatum Institute.


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