30/10/2013,
[*] Nathan Gamester, Harvard Business Review
Traduzido
e interpretado pelo pessoal da Vila Vudu
Prosperity Índex [Índice de Prosperidade], outubro
2013:
BRASIL: 46º, de
142 países
Melhor indicador: 26º em Liberdade Pessoal
Pior indicador: 82º em
Proteção e Segurança
PIB per capita: $11.908,9 USD
Satisfação com a própria vida: 6,9 de 10,0.
DESTAQUE: A partir
de 2009, o Brasil subiu dois pontos no Índice de Prosperidade; e quatro pontos
no subíndice Empreendedorismo e Oportunidade.
Devemos a
Abraham Maslow aquela famosa observação –
“quando sua
única ferramenta é um martelo, tudo parece prego”. É fácil compreender
a implicação: quem tente resolver problema complexo deve começar por arranjar vasto
conjunto de ferramentas.
Martelo de Maslow |
É curioso,
portanto, que continuemos a nos deixar prender na armadilha de só procurar uma
ferramenta dominante para medir o sucesso dos países – a régua frágil do crescimento
econômico – e de crer que os remédios que essa régua sugira seriam os únicos
modos de conseguir progredir.
É claro
que o sucesso econômico é importante – obviamente oferece aos cidadãos os itens
que melhoram a vida (atenção à saúde, educação, etc.) – mas só até certo ponto.
Só a riqueza não faz uma sociedade feliz e bem-sucedida. Aferir o sucesso
baseado exclusivamente na riqueza deixa, portanto, sem considerar as muitas
nuances do bem-estar humano. A prosperidade nacional deve ser definida também por
liberdade humana, democracia sólida, sociedade vibrante e oportunidade para
empreender, tanto quanto se define também por crescimento econômico.
Em anos
recentes, os governos começaram a dar-se conta de que se focar exclusivamente
em fazer crescer o PIB não leva necessariamente à melhoria dos padrões de vida
dos cidadãos. Dito de forma simples, o que ajuda a engordar o PIB pode não ser
bom para a melhoria da sociedade no longo prazo. Conclusão disso é descobrir
que o que nós aferimos tem de corresponder ao que nós valorizamos.
Nos
últimos sete anos, o Legatum Institute
tem liderado essa discussão “para além do PIB”. Nosso “Índice de Prosperidade”
– cuja edição 2013 lançamos ontem (29/10/2013) – afere a prosperidade nacional
considerando oito eixos nos quais se combinam dados “duros” e dados de
pesquisa. O resultado é a mais ampla avaliação da prosperidade nacional
definida como nós a definimos.
Entrada do Legatum Institute em Londres - 11, Charles Street |
Esse ano,
o Índice de Prosperidade oferece cinco anos consecutivos de dados comparáveis.
O mundo mudou muito nos últimos cinco anos, e houve eventos que mudaram o curso
da história para milhões de pessoas: a crise financeira de 2008, a Primavera Árabe e a
guerra civil na Síria, para citar apenas alguns.
Avaliar a
prosperidade nacional, considerando tendências em cinco anos de dados, nos
permite escapar das idas e vindas de circunstâncias especiais e, em vez disso,
podemos considerar a direção geral do deslocamento. E o que vimos, desse ponto
privilegiado de observação. Quatro linhas destacam-se claramente.
A
prosperidade global está aumentando. Apesar dos eventos tumultuosos dos
últimos cinco anos, a prosperidade global continua a aumentar. O movimento
explica-se pelos grandes avanços tecnológicos, com mais e mais pessoas obtendo
acesso a infraestrutura vitalmente necessária para que o comércio e o
empreendedorismo prosperem. Houve também importantes avanços na saúde global
(sobretudo na África Sub-saariana). Por exemplo, a expectativa de vida na
África Sub-saariana, só a partir de 2010, aumentou mais de três anos.
A América
Latina está mais próspera e continua prosperando. O Índice de Prosperidade mostra que a
América Latina é região que continua a prosperar, com consistente crescimento
econômico. México, Brasil, Chile e Panamá têm ótimo desempenho na aplicação de
medidas econômicas. De fato, nos últimos cinco anos, todos os países da América
Latina e Caribe (exceto a Jamaica) melhoraram seu desempenho econômico, pelo
nosso Índice.
O que a
Europa perde, a Ásia ganha. A
tendência que se vê na América Latina soma-se a outra tendência mais ampla, que
mostra a emergência de uma nova ordem econômica emergente. Vários países
ocidentais – predominantemente europeus – perderam as posições que ocupavam
entre as economias de melhor desempenho em todo o mundo e foram substituídas,
nessas posições de ponta, por países asiáticos. Malásia, China e Tailândia
estão agora entre as 15 principais economias em termos de medidas econômicas
aplicadas com sucesso, e ocupam lugares no ranking de nações mais prósperas que, há cinco
anos, pertenciam a países como Dinamarca, Finlândia, Países Baixos e Irlanda.
Bangladesh
supera a Índia. Pela primeira
vez, Bangladesh aparece à frente da
Índia no Índice de Prosperidade: está em 103º lugar, com a Índia em 106º. Desde
2009, os dois países movem-se em direções opostas. A Índia perdeu pontos em
seis dos oito eixos da prosperidade; e Bangladesh melhorou sua posição também
em seis dos mesmos oito eixos. A Índia caiu mais dramaticamente nos números de Proteção
e Segurança, Economia e Qualidade da Governança. Os dados mostram que os
cidadãos de Bangladesh estão vivendo mais, gozam de melhor saúde e usufruem de
mais segurança, que os indianos.
Usar um
quadro amplo para avaliar o sucesso permite compreender mais claramente os
fatores que promovem e limitam a prosperidade. Isso – usando a terminologia de
Maslow – garante a quem proponha políticas ferramentas melhores que apenas um
martelo, para consertar o que tenha de ser consertado.
O caminho
da prosperidade é complexo para as nações. A história do progresso humano
mostra enorme quantidade de fatores que se combinam para empurrar os países
avante, na trilha do desenvolvimento. A combinação precisa no ordenamento
desses elementos pode ser sempre debatida e questionada, mas a verdade
permanece: em todos os casos, o progresso das nações e o progresso humano são
mistura complexa de fatores variados.
O Índice
de Prosperidade, como a mais famosa contribuição de Maslow (a “pirâmide”
das necessidades), procura oferecer um quadro no qual seja possível
compreender e quantificar os fatores que impulsionam o progresso e o
desenvolvimento.
[*] Nathan Gamester é Diretor de Programa do Prosperity
Índex no Legatum Institute.
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