24/9/2013, [*] Manlio Dinucci, Il Manifesto,
Itália
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Bomba de fósforo branco (arma química) utilizada por Israel contra a Palestina ocupada (Gaza) em 11/1/2009 |
Os
inspetores da ONU, que controlam as armas químicas da Síria teriam muito mais
trabalho se fossem mandados controlar as armas nucleares, biológicas e químicas
(NBQ) de Israel. Mas, pelas regras do “direito internacional”, não podem
controlar nenhuma arma israelense. Israel não assinou o Tratado de Não
Proliferação, nem a Convenção que proíbe armas biológicas; assinou, mas não
ratificou o tratado que proíbe armas químicas.
Segundo o blog Jane’s Defense
Weekly, Israel – a única potência nuclear
em todo o Oriente Médio – tem de 100 a 300 ogivas nucleares e os respectivos
vetores (mísseis balísticos e de cruzeiro e caças-bombardeiros). Segundo
estimativas do Centro Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo [Stockholm International Peace Research
Institute
(SIPRI)],
Israel produziu entre 690 e 950 kg de plutônio e continua a produzir plutônio
suficiente para montar, por ano, de 10 a 15 bombas do tipo usado em Nagasaki.
Israel também produz trítio, um gás radiativo com o qual se produzem ogivas
neurotrônicas, que causam contaminação radiativa menor, mas de mais alta
letalidade.
Centro Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (SIPRI) |
Segundo
vários relatórios internacionais, citados também pelo jornal israelense
Ha’aretz, as armas biológicas e químicas são desenvolvidas no Instituto
para Pesquisa Biológica, situado em Ness-Ziona, próximo a Telavive.
Oficialmente, ali trabalham 160 cientistas e 170 técnicos, e o Instituto
trabalha há mais de 50 anos em pesquisas em biologia, bioquímica, biotecnologia,
farmacologia, física e outras especialidades. O Instituto é, com o Centro
Nuclear de Dimona, “uma das instituições mais secretas de Israel”, sob
jurisdição direta do primeiro-ministro.
O
maior sigilo cerca a pesquisa de armas biológicas: bactérias e vírus que,
lançados contra o inimigo, podem gerar epidemias. Dentre eles, a bactéria da
peste bubônica (a “peste negra” da Idade Média) e o vírus Ebola, contagioso e
letal, contra o qual ainda não há terapia disponível. A biotecnologia é
instrumento para criar novos tipos de agente patogênicos contra os quais as
populações-alvo não têm resistências, nem há vacina. Há também informação
confiável sobre pesquisas, em Ness-Ziona, para desenvolver armas biológicas
suficientemente potentes para neutralizar todo o sistema imunológico humano.
Oficialmente,
o Instituto israelense em Ness-Ziona pesquisa vacinas contra bactérias e vírus,
como sobre o antrax financiadas pelo Pentágono. Mas é evidente que o mesmo tipo
de pesquisa permite desenvolver novos agentes patogênicos a serem usados como
arma de guerra. O mesmo tipo de trabalho é feito também nos EUA e em outros
países, para escapar às leis, acordos e convenções que proíbem o uso de armas
biológicas e químicas.
Em 1999, a carapaça de sigilo que
protege as pesquisas de armas nucleares, biológicas e químicas em Israel foi
quebrada em parte pela investigação, realizada com a colaboração de cientistas,
do jornalista holandês Karel Knip, editor sênior de ciências do diário holandês
NRC - Handelsblad, e publicada sob o título de “Biologia em Ness Ziona”.
[1] Ali ficou afinal comprovado que as
substâncias tóxicas desenvolvidas pelo Instituto são utilizadas pelo Mossad para
assassinar dirigentes palestinos. [2]
Depoimentos
de médicos indicam que em Gaza e no Líbano, as forças israelenses utilizaram
armas de concepção recente: deixam intactos os cadáveres, vistos externamente,
mas agem por dentro, carbonizando o fígado e os ossos e fazendo coagular o
sangue. É perfeitamente possível, com recursos de nanotecnologia. A Itália
também colabora no desenvolvimento dessas armas, ligada a Israel por um acordo
de cooperação militar e principal parceiro dos israelenses na pesquisa &
desenvolvimento de armas biológicas. O orçamento italiano prevê dotação anual de
3 milhões de euros para esses projetos de pesquisa conjunta ítalo-israelenses.
Exemplo dessa colaboração aparece no mais recente pedido de verbas para pesquisa
do Ministério de Relações Exteriores italiano, que pede verbas para “novas
abordagens para o combate de agentes patogênicos resistentes aos tratamentos”.
Com essas verbas, o Instituto israelense para pesquisa biológica poderá tornar
os agentes patogênicos ainda mais resistentes.
________________________
[*] Manlio
Dinucci
é
geógrafo e geopolíticólogo italiano. Últimas publicações : Geocommunity Ed. Zanichelli 2013
; Geografia
del ventunesimo secolo, Zanichelli 2010; Escalation.
Anatomia della guerra infinita, Ed. DeriveApprodi
2005.
Notas dos tradutores
[1] O centro IIBR já desenvolvia
armas químicas e biológicas em segredo, até que, dia 4/10/1992, um avião, que
fazia o voo n. 1862 da empresa El Al, caiu sobre um prédio de apartamentos em
Bijlmer, bairro de Amsterdã, Holanda, a caminho de Telavive, levando a bordo
três tripulantes, um passageiro e 114 toneladas de carga. Foi o pior desastre
aéreo da história holandesa, que deixou 47 mortos em solo e arruinou a saúde de
3.000 moradores da área.
Começaram a surgir doenças
misteriosas, irrupções cutâneas, dificuldades respiratórias, doenças
neurológicas e muitos casos de câncer, concentrados naquela específica área.
IIBR (Israel Institute for Biological Research) |
Depois de vários anos de
investigações detalhadas e profundas, o jornalista holandês Karel Knip,
publicou, em novembro de 1999, a reportagem mais detalhada e mais repleta de
fatos sobre o trabalho do IIBR israelense, narrada a partir do acidente aéreo em
Bijlmer.
Knip conseguiu provar que o avião
levava uma carga da empresa Sokatronic
Chemicals, de Morrisville, Pennsylvania, para o Instituto IIBR, em Israel, o
que configura clara violação da Convenção para Armas Químicas.
O carregamento incluía 50 galões
de DMMP, quantidade suficiente para produzir 250kg de gás sarin, de efeito
neurológico, 20 vezes mais letal que o cianureto. Knip descobriu que pelo menos
140 cientistas especializados em armas biológicas do Instituto IIBR tinham laços
próximos com o Walter Reed Army
Institute, a Uniformed Services
University, o American Chemical and
Biological Weapons Center em Edgewood e a Universidade de Utah.
Descobriu
também a estreita cooperação que há entre o IIBR israelense e o programa de
armas biológicas britânico-norte-americano e, também, o extenso programa de
pesquisa de armas biológicas que há entre Alemanha e Holanda – o que explica
que, até hoje, o governo holandês mantenha o mais absoluto silêncio sobre o
avião que caiu em Amsterdam. (Global Research, 29/9/2013 em: “Israel’s History of Chemical Weapons
Use”).
[2] Um
caso muito bem comprovado de uso de arma química por Israel, em atentado do
Mossad contra Khaled Meshall, do Hamás palestino, em Amã, Jordânia, em 1997,
está narrado em detalhes fartamente documentados no livro Kill Khalid. The Failed Mossad
assassination of Khalid Meshall and the Rise of
Hamas, do jornalista australiano Paul McGeough (EUA: The New Press, 1999).
Meshall
foi atacado num aparente simples esbarrão na rua, quando agentes do Mossad
disfarçados como turistas injetaram uma substância desconhecida dentro de seu
ouvido.
Os atacantes foram perseguidos por guardas da segurança de Meshall e,
para não serem apanhados, entraram no prédio da embaixada de Israel em Amã.
Meshall só foi salvo por interferência direta do rei da Jordânia, indignado com
a ação de terroristas israelenses em território da Jordânia, que denunciou a
ação terrorista ao presidente Clinton, dos EUA, o qual ordenou que Israel
enviasse imediatamente o antídoto para salvar a vida de Meshall. Israel
obedeceu, pressionado também pelo rei da Jordânia que já cercara a embaixada e
ameaçava explodir o prédio, o que criaria um incidente internacional que todos
os envolvidos tinham interesse em evitar a qualquer custo, gerado, de fato, pela
incompetência dos agentes israelenses.
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