13/10/2013, Moon of
Alabama –
Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
John Kerry e Hamid Karzai em 12/10/2013 |
O
secretário de Estado dos EUA, John Kerry, esteve no Afeganistão, para convencer
o presidente afegão, Hamid Karzai, a assinar um Acordo “Estado das Tropas”
[orig.
Status of Force Agreement (SOFA)] que permita que tropas dos
EUA permaneçam no país depois do fim da retirada, em 2014. Apesar de a longa
reunião ter sido apresentada como um sucesso, a questão central absolutamente não está
resolvida:
Essa
noite alcançamos um certo tipo de acordo
– disse Karzai através de um intérprete. – Os EUA não mais comandarão operações.
Providenciamos uma garantia escrita da segurança do povo afegão. E obtivemos uma
clara definição de invasão.
Kerry
e Karzai conseguiram romper um impasse nas negociações durante dois dias de
conversações intensivas na capital afegã, com o prazo final de 31/10 já se
aproximando, para que os EUA consigam manter soldados em solo afegão, depois da
retirada das forças de combate em 2014.
(...)
A
questão que se destaca é a da jurisdição
– disse Kerry numa conferência de imprensa, à noite, ao lado de Karzai. Somos forçados a declarar que, se a questão
da jurisdição não puder ser resolvida, infelizmente não poderá haver acordo de
segurança bilateral.
Loya Jirga é uma reunião dos chefes das várias comunidades da sociedade afegã |
Os
EUA querem que o Afeganistão dê imunidade aos seus soldados e que quaisquer
crimes de que venham a ser acusados sejam processados e julgados em tribunais
norte-americanos. Karzai não pode aceitar tal exigência. Ele convocará uma
assembleia,
Loya Jirga, para decidir e também pedirá que o Parlamento se
manifeste sobre a questão. Implica que os EUA terão de pagar muitas e caras
propinas, para obter o resultado que deseja. Mas ainda que pague e o resultado
das votações lhe seja favorável – o que duvido que venha a ser – nem assim se
superará o problema das hostilidades contra os norte-americanos.
Mulá Omar, lider Talibã |
Em
sua mensagem do
Eid, Mulá Omar, líder dos Talibã, alertou contra os riscos de o
governo de Karzai aceitar a exigência dos EUA:
O
governo de
Kabul e os invasores, não satisfeitos com criar confusão no plano
doméstico afegão, estão também marginalizando o país nos planos regional e
global, assinando entre eles acordos coloniais e, assim, criando cada dia mais
razões para que a guerra continue. Por tudo isso, os invasores e seus aliados
devem compreender que o acordo estratégico terá graves consequências para eles.
Por mais que produzam esses documentos carimbados por uma falsa Loya Jirga, eles
jamais serão aceitáveis para os afegãos.
Ao
longo da história, os reais representantes e as Loya Jirgas afegãs jamais
assinaram documentos de escravização. Portanto, os que assinem esse [acordo] não
podem ser considerados
Loya
Jirga
representativa do país. Suas decisões não são aceitáveis. Os invasores
devem saber que suas bases limitadoras jamais serão aceitas. A atual Jihad continuará contra
eles, ainda com mais ímpeto.
Militares (Rangers) dos EUA mortos quando atacavam uma residência no Afeganistão |
Essa
resistência prometida ainda parece forte e, de fato, parece ainda mais forte que
antes. Há uma semana, no que parece ter sido emboscada bem organizada,
quatro
Rangers
dos EUA, considerados forças de elite, foram mortos, e 13 ficaram
feridos, num raid contra uma
casa:
Um
regimento de
Rangers,
que incluía 36 soldados e uma unidade canina estava tentando capturar alvo
considerado de alto valor em Panjwai no sul do Afeganistão. Quando os soldados
chegaram à casa, segundo informaram oficiais militares dos EUA, a unidade
apresentou-se com o chamado típico, exigindo que todos os que lá estivessem
saíssem da casa.
Apareceu
um homem. Notícias do local sugerem que o homem ajoelhou-se e ergueu a camisa,
para mostrar aos soldados que não estava usando colete-de-explosivos.
Vários Rangers
aproximaram-se
do homem para começar a interrogá-lo. Nesse instante, saiu da casa uma mulher
vestindo um colete de suicida e se autodetonou, matando instantaneamente vários
membros da unidade, com o cachorro, e ferindo outros.
...
Unidades
médicas, especialistas em explosivos e outras unidades aproximaram-se para
ajudar os feridos. E 13 dispositivos explosivos improvisados [ing. Improvised Explosive
Devices,
IEDs] foram detonados, matando e ferindo mais
soldados dos EUA.
Havia
ali 13 bombas de fabricação doméstica, além de uma suicida-bomba, à espera do
ataque pelos
Rangers
norte-americanos. Houve grave falha de inteligência, ou os soldados não
teriam sido apanhados naquela armadilha tão cuidadosamente montada. O que se vê
mais uma vez é que o inimigo dos EUA no Afeganistão ainda consegue ter a
iniciativa e continua com capacidade para infligir baixas significativas.
Trabalhador afegão passa pela guarda do local onde se realizava a reunião Kerry-Karzai |
Qualquer vestígio de coturnos norte-americanos no solo afegão sempre estará sob
ameaça constante. Mais um soldado dos EUA foi morto
hoje, no 15º ataque de soldados afegãos contra
soldados norte-americanos, só esse ano.
Que
importância teria o Afeganistão, para que o governo Obama tanto insista nessa
continuada participação dos EUA na guerra? Depois de 12 anos inteiros, não se
viu sucesso algum no Afeganistão, apesar das centenas de bilhões gastos ali. Por
que continuar por mais tempo, se os custos são tão imensos?
Comentário enviado por e-mail e postado por Castor
ResponderExcluirdéja vu...
http://www.youtube.com/watch?v=lXgkfeifpXE
Homero Mattos Jr