Ucrânia, um exemplo a ser evitado pelo
Brasil
12/2/2014, [*] Paul Craig Roberts
– Institute for Political Economy
Traduzido por João Aroldo
Manifestante ucraniano provoca violência e queima de pneus em Kiev |
Os protestos na Ucrânia ocidental são organizados
pela CIA, o Departamento de Estado dos EUA, e organizações não governamentais
(ONGs) financiadas por Washington e pela UE e que trabalham em conjunto com a
CIA e o Departamento de Estado. O objetivo dos protestos é derrubar a decisão
do governo independente da Ucrânia de não aderir à UE (União Europeia) .
Os EUA e a UE estavam inicialmente cooperando no
esforço de destruir a independência da Ucrânia e torná-la uma entidade
subserviente ao governo da UE em Bruxelas. Para o governo da UE, o objetivo é
expandir a UE. Para os EUA, os objetivos são tornar a Ucrânia disponível para
saques por bancos e empresas norte-americanas e trazer a Ucrânia à OTAN para
que Washington possa ganhar mais bases militares na fronteira da Rússia. Há
três países que estão no caminho da hegemonia de Washington sobre o mundo – a Rússia, China e o Irã. Cada um destes países é alvo de
Washington para ser derrubado ou para ter sua soberania degradada pela
propaganda e bases militares dos EUA que deixam os países vulneráveis a
ataques, coagindo-os a aceitar a vontade de Washington.
O problema que surgiu entre os EUA e a UE no que
respeita à Ucrânia é que os europeus já perceberam que a conquista da Ucrânia é
uma ameaça direta para a Rússia, que pode cortar o óleo e gás natural para a
Europa e, se houver guerra, destruir completamente a Europa. Consequentemente,
a UE tornou-se disposta a parar de provocar os protestos na Ucrânia.
Victoria "F*ck European Union" Nuland |
A resposta da secretária de Estado adjunto
neoconservadora, Victoria Nuland, nomeada pelo ambíguo Obama, foi “foda-se
a União Europeia”, após o que ela passou a descrever os membros do
governo da Ucrânia que Washington tende a impor a um povo tão inconsciente a
ponto de acreditar que eles estão conseguindo independência correndo para os
braços de Washington. Eu pensava que nenhuma população pode ser tão
inconsciente como a população dos EUA. Mas eu estava errado. Os ucranianos
ocidentais são mais inconscientes do que os americanos.
A orquestração da “crise” na Ucrânia é fácil. A
secretária-assistente de Estado neoconservadora Victoria Nuland disse ao National
Press Club em Washington, em 13 de dezembro de 2013, que os EUA têm “investido”
5 bilhões de dólares em agitação na Ucrânia. Assista vídeo a seguir (em inglês):
A crise reside
essencialmente no oeste da Ucrânia, onde ideias românticas sobre a opressão da
Rússia são fortes, e a população é menos russa que no leste da Ucrânia.
O ódio da Rússia na Ucrânia ocidental é tão
disfuncional que os manifestantes enganados não percebem que a adesão à UE
significa o fim da independência e domínio pelos burocratas da UE em Bruxelas,
o Banco Central Europeu e as corporações dos EUA. Talvez a Ucrânia seja dois
países. A metade ocidental poderia ser dada à União Europeia e às corporações
norte-americanas, e a metade oriental poderia ser reincorporada como parte da
Rússia, onde toda a Ucrânia residiu por tanto tempo quanto existem os EUA.
O descontentamento da Rússia que existe no oeste da
Ucrânia torna mais fácil para a UE e os EUA causarem problemas. Aqueles em
Washington e na Europa que desejam destruir a independência da Ucrânia retratam
uma Ucrânia independente como refém da Rússia, enquanto uma Ucrânia na UE
estaria, alegadamente, sob a proteção dos EUA e Europa. As grandes quantias de
dinheiro que Washington envia para ONGs na Ucrânia propagam essa ideia e
trabalham a população em um frenesi sem sentido. Eu nunca na minha vida
presenciei pessoas tão estúpidas como os manifestantes ucranianos que estão
destruindo a independência de seu país.
Grupo Pussy Riot em apresentação |
As ONGs financiadas pelos EUA e pela UE são quintas
colunas concebidas para destruir a independência dos países em que operam.
Algumas fingem ser "organizações de direitos humanos." Outras
doutrinam as pessoas sob o disfarce de "programas de educação" e
"construção da democracia". Outras, especialmente as que são geridas
pela CIA, especializam-se em provocações como “Pussy
Riot”. Poucas destas ONGs são legítimas, se é que existe alguma legítima. Mas
elas são arrogantes. O chefe de uma das ONGs anunciou antes das eleições
iranianas em que Mousavi era o candidato de Washington e da CIA que a eleição
resultaria em uma Revolução Verde. Ele sabia disso de antemão, porque ajudou a
financiá-la com o dinheiro dos contribuintes norte-americanos. Eu escrevi sobre
isso naquele momento. O artigo pode ser encontrado em meu site, e em
meu livro recém-publicado, How
America Was Lost.
Os “manifestantes” ucranianos têm sido violentos, mas
a polícia tem sido contida. Washington tem interesse em manter os protestos na
esperança de transformá-los em revolta para que Washington possa tomar a
Ucrânia. Esta semana, a Câmara dos EUA aprovou uma resolução ameaçando sanções
caso os protestos violentos sejam reprimidos pela polícia.
Em outras palavras, se a polícia ucraniana se
comportar com os manifestantes violentos da maneira que a polícia dos Estados
Unidos se comporta em relação aos manifestantes pacíficos, é razão para
Washington interferir nos assuntos internos da Ucrânia. Washington está usando
os protestos para destruir a independência da Ucrânia e tem pronta a lista de
fantoches que Washington pretende instalar no próximo governo da Ucrânia.
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[*] Paul Craig
Roberts (nascido em 03 de
abril de 1939) é um economista
norte-americano,
colunista do
Creators
Syndicate. Serviu como
secretário-assistente do Tesouro na administração
Reagan e foi destacado
como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor
e colunista do Wall Street
Journal,
Business
Week e Scripps
Howard News Service. Testemunhou perante
comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política
econômica.
Durante o século
XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch,
escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde
Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a
proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais
como habeas
corpus e o devido processo
legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à
guerra contra as drogas e a guerra contra o
terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos.
Roberts é um graduado do Instituto
de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D.
da Universidade
de Virginia, pós-graduação na Universidade
da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de
Merton, Oxford
University.
Grata pela matéria, elucidativa e importante, história mundial, capítulo Ucrânia 2014, Matéria corajosa, entra fundo nas estratégias e táticas predatórias norte americanas
ResponderExcluirLeitura de qualidade. Tks..
Abraços.
Grato, Regina. Procuramos sempre o melhor.
ExcluirCastor