domingo, 22 de agosto de 2010

Desistir ou lançar a bomba: o que restou a Serra

Mauro Carrara


Neste sábado, o desespero tomou conta da alta cúpula tucana. Os números do Datafolha mostraram que a candidatura Serra caminha inexoravelmente para um fracasso retumbante.


O medo, a angústia e o desânimo irradiaram-se para outras trincheiras do conservadorismo neoliberal.


Nas redações, os "aquários" exibiam fisionomias carrancudas e mal dormidas.


Nestes redutos midiáticos tucanos, no entanto, foi possível saber, hoje, quais são as opções de José Chirico Serra nesta reta final de campanha.


1) Utilizar-se de todos os artifícios do "jogo sujo". Isso envolve acusar Dilma de "assassina" e "assaltante", distorcendo sua participação na resistência à Ditadura Militar.


Para isso, utilizar-se-ia especialmente da narração adulterada do episódio que resultou na morte de Mario Kosel Filho, em 1968.


Dilma não teve qualquer participação neste embate entre resistentes e militares, mas já há hoaxes na Internet atribuindo à candidata a autoria da ação armada.


Esse seria o "tudo ou nada" do PSDB, do DEM, da Folha, de Veja e das Organizações Globo.

Está na linha do que Fernando Collor fez com a ex-mulher de Lula, Miriam Cordeiro, em 1989. Na ocasião, deu certo.


O feitiço pode, no entanto, virar contra o feiticeiro. Essa investida pode escancarar a falta de escrúpulos da coligação e destruir o que resta do prestígio de Serra.


Além disso, há pessoas no PSDB, como o candidato ao Senado por São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, sobre as quais resvalariam os envenenados projéteis do desespero.


Ele, ao contrário de Dilma, esteve diretamente ligado a ações violentas nos "anos de chumbo".


2) A outra opção, já admitida nas redações, é a desistência de José Serra. Essa começa a ser a demanda velada de alguns setores do PSDB e do DEM que defendem posições estratégicas nos Estados.


Ao naufragar de forma espetacular, a candidatura Serra poderia arrastar para o fundo do mar alguns dos representantes conservadores na luta por governos estaduais, bem como por vagas no Senado e na Câmara.


Essa hipótese começou a ser aventada na quinta-feira, em São Paulo, por correligionários graduados de Geraldo Alckmin. Neste sábado, já era discutida abertamente em Belo Horizonte.


A opção de Serra seria propor um governo de "somatórias", apresentando-se como um dos herdeiros de Lula. Seu futuro político seria garantido a partir de uma nova candidatura à Prefeitura de São Paulo.


Os próximos dias mostrarão o caminho escolhido pelos caciques tucanos. Optando por 1 ou 2, a oposição deve sair arranhada da disputa.


E FHC poderá dizer, novamente: "eu avisei"!