segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

EUA dão carta branca a Israel


Publicado em 12/12/2010 por Mário Augusto Jakobskind

O conflito palestino-israelense está agora ainda mais distante de chegar ao fim. Ou seja, as perspectivas de se alcançar um acordo de paz estão cada vez mais remotas. O governo extremista de direita de Israel decidiu dar continuidade à construção de assentamentos para abrigar colonos judeus, em sua maioria procedente dos Estados Unidos. O governo, cada vez mais fraco, de Barack Obama simplesmente também decidiu deixar tudo como está, ou seja, aceitar o jogo das colônias de Benjamin Netanyahu. Na prática, Obama se rendeu às pressões do lobby sionista e aceitou a continuidade das construções de colônias em áreas da Cisjordânia.  Em resposta ao sinal verde de Obama em relação às colônias, não restou alternativa aos palestinos do que não continuar o diálogo com Israel.

O governo brasileiro percebendo que o “caminho da paz’,  como estava sendo elaborado não daria em nada, como de fato acontece, adotou uma importante medida, a de reconhecer o Estado Palestino com as fronteiras de antes de 67, posição acompanhada agora pela Presidenta Cristina Kirchner. José Pepe Mujica, Presidente do Uruguai será o próximo a fazer o mesmo a partir de 2011, segundo informações correntes, e outros dirigentes latino-americanos devem fazer o mesmo.

Em matéria de política externa brasileira, por sinal, está havendo um grande açodamento por parte dos analistas da mídia de mercado. A Folha de S. Paulo, por exemplo, praticamente decretou a expulsão de Celso Amorim, queimando-o diariamente, e nomeou, antes até da Presidenta eleita o fazer, o ministro Antonio Patriota como o substituto do chanceler brasileiro que mais tempo ficou no cargo, superando inclusive o legendário Rio Branco. Patriota está sendo apresentado pelos analistas de sempre como um “moderado”, isso com o objetivo de indispô-lo com Amorim. Patriota e Amorim não têm divergências e o que estará em jogo é um projeto.

Espera-se que Amorim, um dos melhores quadros da história da diplomacia brasileira, venha a ocupar a presidência da Unasul (União das Nações Sul Americanas), o que provavelmente desagradará profundamente os analistas de sempre, que deram grande espaço à declaração de Dilma Rousseff sobre a condenação a morte por apedrejamento da iraniana acusada de adultério e posteriormente de cumplicidade no assassinato do marido.

Dilma não poderia falar outra coisa, se não condenar algo que não condiz com os tempos atuais. A acusada Sakineh Ashtiani seria libertada, segundo uma Ong com sede na Alemanha, mas a TV iraniana negou. Os meios de comunicação deram muito menor destaque ao fato de a Presidenta eleita elogiar a iniciativa de Lula junto com a Turquia de tentar um acordo na área nuclear com o Irã. Foi um fato importante, que continua na ordem do dia, tanto assim que em Genebra os “grandes” se encontraram com um representante iraniano para tentar exatamente chegar a um tipo de acordo que a diplomacia brasileira também tentou. Na verdade, Brasil e Turquia almejavam, e almejam ainda, evitar uma possível guerra, tão desejada pelos falcões de Israel e dos Estados Unidos, não se excluindo a Arábia Saudita, segundo revelaram os documentos da diplomacia norte-americana tornada pública pelo site WikiLeaks.

A propósito, como estão reagindo em relação à prisão em Londres de Julian Assange, o fundador da WikiLeaks, as entidades que geralmente se posicionam condenando o que consideram pressões contra a liberdade de expressão? Assange pode serextraditado para a Suécia onde voltou a ser acusado de crimes sexuais, cujos processos já tinham sido arquivados porque as supostas vitimas tinham negado as acusações contra o australiano que está sendo uma pedra no sapato na diplomacia estadunidense. Não seria hora de manifestações enfáticas de condenação às pressões que Assange vem sofrendo? Além do mais, pelo andar da carruagem, não será surpresa alguma se os Estados Unidos entrarem no circuito de duras condenações ao fundador da WikiLeaks, inclusive extraditando-o também. O mínimo que se deve exigir é que as entidades defensoras dos direitos humanos saiam imediatamente em defesa de Assange. Lula não fez por menos e solidarizou-se com Assange.

Uma coisa é certa, os 250 mil relatórios elaborados pelos diplomatas espiões dos EUA continuarão a ser divulgados, seja com Assange preso ou solto. E isso independente do desejo de Hillary Clinton, a secretária que substituiu Condoleeza Rice e continuou mantendo o esquema da ocupante do cargo no governo de George W. Bush.

No Brasil, o Ministério de Dilma Rousseff vai sendo formado. Por enquanto, dois nomes não são nada abonadores para o novo governo que toma posse a 1 de janeiro de 2011: a continuação de Nelson Jobim na Defesa, e do ex-governador do Estado do Rio, Moreira Franco ocupando o lugar de Samuel Pinheiro Guimarães no Ministério de Assuntos Estratégicos. Covenhamos, é um visível retrocesso prescindir de Guimarães e optar pelo político hoje no PMDB, porque pelo que se sabe em matéria de estratégia Franco já demonstrou ser um desastre quando governou o Estado do Rio de Janeiro, no final dos anos 80 e início da década de 90. Para quem tem memória fraca, o referido garantiu que acabaria com a violência no Rio em 100 dias e no episódio da fraude do Proconsult a TV Globo e os órgãos de informação fizeram o possível para dar a vitória ao candidato da então Arena, na mais nada menos que o, segundo o jornalista Laerte Braga, o “verme” Moreira Franco.

Deu no que deu. Seu governo não só não deixou saudades como o próprio passou ao ostracismo político, sendo reabilitado recentemente como diretor da Caixa Econômica e agora futuro Ministro do governo Dilma Rousseff. Pegou mal.

enviado por Direto da Redação

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