domingo, 31 de julho de 2011

Muçulmanos são “terroristas”; ocidentais são “homens maus”


A imprensa grande ocidental acha-se a braços com uma dificuldade de oceânica dimensão. Primeiro, as “barrigas” de imprensa ao redor do mundo, ao dar voz a autoridades dos EUA e Europa que apontaram dedos para “muçulmanos” como autores dos atentados terroristas de Oslo e ilha de Utoya. A “barriga” mais célebre foi a do Wall Street Journal, da rede News do gângster de extrema-direita Rupert Murdoch, que reapontou a autoria de muçulmanos em editorial, mesmo após a polícia ter identificado o autor norueguês.

Após as barrigas iniciais, acham-se agora em andamento os malabarismos para apresentar o autor como “homem mau”, “louco”, etc. A imprensa não sabe o que fazer com a realidade, e tenta escamotear as verdades que vêm à tona com os atentados.

O autor de 32 anos, Anders Breivik, filho de ex-diplomata norueguês e fazendeiro, é velho participante de grupos de extrema-direita islamófobos de seu país; foi, por exemplo, membro do neofascista Partido do Progresso norueguês. Suas extensas ligações vêm sendo levantadas pelos inquéritos, mas omitidas pela imprensa, que insiste em apresentá-lo como agente que operou “sozinho”, em atendimento a suas convicções. Antes, Breivik havia postado na rede um calhamaço de 1.500 páginas, em que desenvolveu suas teorias sobre a necessidade de salvar o Ocidente e seus valores ameaçados pela maré muçulmana, com alertas contra o “marxismo cultural” e o “multiculturalismo”.

O discurso é o mesmo da neofascista italiana Liga Norte, que oferece apoio a outro gângster gordo, o indigno e putanheiro Silvio Berlusconi, e da mais fascista ainda Frente Nacional francesa, em que avulta a filha do antigo líder, Marine Le Pen, com 25% das intenções de voto para presidente. Dezenas de movimentos neofascistas (afinal, neo apenas porque são mais recentes, mas a matriz permanece a mesma) espalham-se pela Europa, sob o influxo de duas forças básicas: o agravamento da situação econômico-financeira e social e a presença maciça de imigrantes muçulmanos em muitos países, alvo fácil para acusações de toda ordem. Não por acaso, esses movimentos são alinhados com Israel e com as políticas israelenses para seus “inimigos” muçulmanos, como palestinos e iranianos. Breivik escreve isso com letras fortes.

Os governos de direita estabelecidos, por exemplo, na Itália e na França vêm aplicando medidas de contenção contra muçulmanos, como a proibição do uso público de véus e de práticas religiosas e a imposição de barreiras à imigração. Os dois países estão na linha de frente dos derrotados por Gaddafi na invasão líbia, e agora se vêem na incômoda posição de ter de negociar com o demônio. A imprensa grande, ao magnificar o caráter “isolado” dos atos terroristas de Breivik, omite suas relações com diversos grupos europeus e até mesmo a existência de uma rede de apoios tão vasta quanto as oficiais como a da OTAN.

Mas aos poucos as faces reais vão aflorando. Dois destacados membros da direção da Frente Nacional francesa, Jacques Coutela e Lauren Ozon, defenderam Breivik e justificaram os atentados em blogs. Para Coutela, Breivik é um “combatente resistente”, o “primeiro defensor do Ocidente” e o “Carlos Martelo II” (rei franco que conteve a invasão muçulmana via Espanha em 732, na batalha de Poitiers). Disse mais: que Breivik “não é um ícone, mas simplesmente um visionário contra a crescente islamização da Europa, com cumplicidade dos governantes e [autoridades da União Européia] em Bruxelas”. Pregou a expulsão dos “que querem impor o alimento hallal, mesquitas, pedofilia e ocupação de nossas ruas”.

Ozon também deu suporte ao terrorista Breivik, e afirmou que a explicação do ocorrido em Oslo deve levar em conta “a explosão da imigração”, que cresceu seis vezes do patamar de 1970 até hoje. Na Itália, o líder fascista Francesco Speroni registrou que “as idéias de Breivik vão na direção da defesa da civilização ocidental”. A Frente Nacional, dirigida por parâmetros de marketing político em face das futuras eleições, “afastou” Coutela (Ozon, não) e afirmou que a Frente nada tem a ver com o atentado, “trabalho de uma pessoa desequilibrada solitária”.

A ascensão de forças fascistas são fenômeno que costuma fortalecer-se em crises e momentos em que as regras do jogo sociopolítico entram em tensão. Nos EUA, o pusilânime BHObama vem sendo anulado pelos republicanos, e, para não soçobrar, acabou cedendo, não a contragosto, sem dúvida, a suas plataformas anti-povo de manutenção de cortes de impostos para ricos e aumento de cortes de recursos de programas sociais essenciais. Isso, num cenário de progressivo empobrecimento dos trabalhadores e das camadas de baixo da sociedade. As políticas de “austeridade”, tanto na Europa quanto nos EUA, são orquestradas para que o povo pague a conta e os governos possam permitir aos bancos “manter suas posições”.

A imprensa grande enfrenta ainda ondas altas no oceano de contorcionismos em que se enreda. O “solitário” Breivik abrigava seis pessoas em seu apartamento por ocasião dos atentados. A polícia, logo após os deter, liberou todos sob alegação de que eram inocentes. Como se chegou a essa conclusão em tão pouco tempo, na mesma manhã dos atentados, isso a polícia não explicou. Breivik mantinha estoques de explosivos em sua fazenda, mas a imprensa (a polícia?) não divulga sua dimensão ou quantidade. A Scotland Yard descobriu ligações entre Breivik e a extrema-direita britânica, mas as operações vêm sendo feitas “sob sigilo”, conforme se divulga.

Após as explosões no centro, Breivik chegou rapidamente à ilha em que matou mais de 70 jovens do partido do governo. A polícia, avisada por aflitos telefonemas de celulares, levou 60 minutos para chegar. Também não há explicações, além de uma vaga afirmação de “helicóptero quebrado”. As políticas dos EUA de “guerra ao terror” implicam a militarização das polícias, que se armam e se reorientam para enfrentar os “terroristas”.

Ou o governo norueguês, membro da OTAN com tropas presentes no Afeganistão, não segue as recomendações de Washington, ou sua polícia abriga membros suspeitos de colaboração com seus alvos. Ou os dois, já que a fictícia “guerra ao terror” não merece mais crédito.

Resta o que se vê: bombardeios de civis no Afeganistão, Paquistão, Yêmen e Somália; destruição da infra-estrutura civil de vida na Líbia; apoio aos sucessores de ditaduras no Egito e adjacências; alinhamento suicida com a genocida Israel; atentados terroristas, que só prometem aumentar, dentro do coração da Europa.

Não há dúvida entre os círculos de analistas de que os atentados terroristas partidos de forças internas estarão inscritos no futuro da Europa. Até que mesmo governos tergiversantes, como o do patético Sarkozy, sejam jogados em terra, sucedidos por novos pequenos ditadores que cortarão mais impostos dos ricos, agravarão as precárias condições de vida das camadas que trabalham e mantêm o Estado.

Em suma, uma Europa cada vez mais igual aos EUA. Futuros comuns. Com certeza, indesejáveis.


Publicado em 29/07/2011  por Chico Villela
Extraído do sítio NovaEra

Robert Fisk: “Ditadores árabes seguram-se... mas até quando?”


Robert Fisk

30/7/2011, Robert Fisk, The Independent, UK
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Embora se saiba que vive mudando de direção conforme sopre o vento, Walid Jumblatt começou a fazer comentários pessimistas sobre a Síria.
O líder druso, chefe do Partido Socialista Progressista do Líbano, “senhor-da-guerra”, foi quem sugeriu que dever-se-ia esquecer o Tribunal Especial da ONU e as investigações sobre o assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafiq Hariri, em nome de defender “mais a estabilidade que a justiça”. Ouviu urros de ira de Saad Hariri, filho do ex-primeiro-ministro, que atualmente perambula pelo mundo para ficar bem longe do Líbano – o que é compreensível, porque teme ser também assassinado – enquanto a Irmã Síria cala-se para o oriente. Agora, Jumblatt anda dizendo que há forças na Síria que impedem qualquer reforma.

Ex-presidente egípcio Hosni Mubarak vai a julgamento na próxima quarta
Ex-presidente egípcio Hosni Mubarak vai a julgamento na próxima quarta
Parece que “alguns” no regime do Partido Baath não querem ver traduzidas em ação as promessas de reforma que o presidente Bashar al-Assad tem feito. Soldados não devem atirar contra civis. Jumblatt diz que a lição da Noruega é útil também para o regime sírio; o mundo árabe não deixou de anotar que as sandices que Anders Breivik distribuída pela internet incluíam a exigência de que os árabes deixassem para sempre a Cisjordânia e Gaza.

Esse seu correspondente para o Oriente Médio não está prometendo nada, talvez, talvez, nada é garantido, mas é possível que esteja próximo – e como detesto esse clichê – para a Síria, o ponto de não-retorno. 100 mil pessoas (no mínimo) nas ruas de Homs; há notícias de deserções entre os soldados da academia militar síria. Um trem inteiro descarrilado – por agentes “sabotadores” segundo autoridades sírias; pelo próprio governo, segundo os manifestantes que exigem o fim do governo do partido Baath. E tiroteios à noite, em Damasco. Assad ainda estará contando com que medos sectários mantenham o apoio que a minoria alawita e os cristãos e os drusos ainda lhe dão? Manifestantes dizem que seus líderes estão sendo assassinados por pistoleiros do governo; que centenas de manifestantes, talvez milhares, foram presos. Será verdade? Será mentira?

O braço sírio é longo. Em Sidon, cinco soldados italianos da ONU foram feridos, depois que Berlusconi uniu-se à União Europeia e condenou a Síria. Depois, Sarkozy uniu-se à mesma condenação e – bang! – cinco soldados franceses foram feridos na mesma cidade, essa semana. Bomba sofisticada. Todos desconfiam da Síria, mas, com certeza, nada se sabe. A Síria tem apoiadores entre os palestinos do campo Ein el-Helweh em Sidon. 

E, então, Hassan Nasrallah do Hezbollah anuncia que seus militantes vão dar proteção e cobertura aos campos libaneses submarinos de petróleo ainda não prospectados: o perigo é Israel. São 550 milhas quadradas de águas mediterrâneas ao largo de Tiro – e não se sabe sequer, com certeza, se são águas territoriais libanesas. Aí há, claramente, motivo para mais uma guerra.

E, lá no Egito, o velho ex-presidente irá a julgamento com seus filhos Gamal e Alaa Mubarak, na 4ª-feira, além de outros dos favoritos da corte de Hosni Mubarak. Os ministros da Justiça e da Inteligência, hoje, são antigos auxiliares de Mubarak: permanecem, pois, no poder. O que significa isso? Os velhos Mubarakistas seguram-se? Os sauditas ofereceram milhões ao exército egípcio para que Mubarak não fosse julgado – muitos querem condená-lo à morte; o exército gostaria de executá-lo hoje mesmo. E enquanto isso, os sauditas dão tudo que podem para defender o Bahrain e outros potentados do Oriente Médio. Estão preparados para deixar Gaddafi ser derrubado (Gaddafi tentou assassinar o rei, vezes demais). Os sauditas ainda não entenderam qual a posição de Obama em relação à Síria – desconfio que Obama, tampouco. Mas o presidente dos EUA deve estar contentíssimo por não ter soldados norte-americanos no Líbano, nas tropas de paz da ONU. Todos sabemos o que aconteceu com o último pelotão de norte-americanos que lá esteve (1983, na base dos Marines, 241 mortos, um suicida-bomba, a maior explosão que o mundo ouviu desde Nagasaki).

“Foram obrigados a levar Mubarak a julgamento” – disse-me um jornalista egípcio, semana passada. “A rua incendiaria o país, se não fosse levado a julgamento”. Promete ser o julgamento do século no Egito (o Independent lá estará).

O que me leva de volta ao nosso velho amigo Gaddafi, o ditador árabe que não combina exatamente com os demais déspotas. Nesse momento, o mundo político na Líbia é enxame de Kerenskys. – Os Aliados não terem vencido a guerra para os Russos Brancos contra os Bolcheviques depois do conflito 1914-18 acorda alguns fantasmas infelizes que bem farão se assombrarem hoje os também tão infelizes quanto cobertos de medalhas comandantes da OTAN. (Deveriam estudar, na biblioteca da OTAN, o envolvimento de Churchill.)

De fato, o fracasso dos “rebeldes” líbios parece mais semelhante à exaustão de Sharif Hussain depois de capturar Mecca, em 1916; foram necessárias armas de Lawrence e dos britânicos (e muito dinheiro e muitos coturnos em terra) para por em pé novamente o herói, para enfrentar os turcos. Infelizmente, não há Sharif Hussain na Líbia. Assim sendo, porque, diabos, os britânicos nos metemos naquela loucura? (Desconsidero, nesse raciocínio, os assassinatos e confusão geral em Benghazi nas últimas 48 horas.) Teria sido para proteger civis em Benghazi? Há quem acredite que sim. Mas... por que, então, Sarkozy atacou primeiro?

O professor Peter Dale Scott da Universidade da Califórnia em Berkeley tem opinião formada: Gaddafi estava trabalhando para criar uma “União Africana” apoiada na moeda do Banco Central da Líbia e em suas próprias reservas em ouro; se fizesse o que planejava fazer, a França perderia a extraordinária influência financeira que sempre teve em suas principais ex-colônias da África Central. 

O muito divulgado plano de Obama, de impor sanções à Líbia – confiscar dinheiro do “Coronel Gaddafi, seus filhos e sua família e dos principais membros de seu governo” – ajudou a ocultar a parte das sanções que confiscaram também “todas as propriedades e investimentos do Governo da Líbia e do Banco Central da Líbia”. 

No subsolo do Banco Central, em Trípoli, há, em ouro e moedas, 20 bilhões de libras, guardadas para implantar três projetos da federação centro-africana.

E já que estamos nesse tema, examinemos rapidamente uma guerra de ingleses no Afeganistão. Eis o que escreveu uma comissão que investigou a participação (e já quase completa derrota) dos britânicos, naquela guerra: “Nosso objeto (...) é auxiliar nossos concidadãos a entender as vias pelas quais foram envolvidos numa guerra contra a nação afegã e o que tenham a declarar, sobre o sentido dessa guerra, os autores. 

Não apenas o governo não consultou o Parlamento nem houve qualquer comunicação àquele corpo político de qualquer mudança na política britânica que nos levasse a envolver-nos naquele conflito, mas, além disso, quando o governo foi interrogado sobre suas razões, respondeu por vias oblíquas, respostas construídas para nada informar e desviar a atenção do Parlamento. De fato, assim aconteceu: o governo conseguiu enganar até os mais atilados funcionários e especialistas e, através deles, toda a nação.” A citação lá está, no relatório final da investigação, pelo Parlamento britânico, da Segunda Guerra do Afeganistão. A data? 1879.

Os custos da guerra

O “alistamento econômico” obrigatório dos pobres, nos EUA

Vijay Prashad
29-31/7/2011, Vijay Prashad, Counterpunch (edição do fim de semana)
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

“O impacto da guerra é autoevidente; economicamente, é exatamente o mesmo que se um país jogasse parte de seu capital no mar”
(Karl Marx, Grundrisse, 1857-58).


As notícias que vêm do Pew Research Center e da National Urban League são péssimas. O relatório do Pew mostra que, entre 2005 e 2009, todos os grupos “raciais” perderam riquezas, nos EUA, mas as maiores perdas aconteceram entre hispânicos e negros. A riqueza média corrigida pela inflação das famílias brancas caiu 16%; mas os lares hispânicos perderam 66% e os negros, 53%. Em 2009, um típico lar branco tinha riqueza (patrimônio menos dívidas) de $113.149; um lar negro, só $5.677; e o lar hispânico médio, $6.325. O mito da sociedade pós-racial já poderia ter sido enterrado sob aquela lápide: 2009.

O fato mais perturbador não é o declínio. É o que vem agora. O mais recente estudo do National Urban League Policy Institute descobriu que o desemprego entre os negros com quatro anos de curso secundário completos triplicou desde 1992, e que o desemprego já chegou aos níveis de 1982, arredondados 20%. Não se viam esses números nos EUA desde a Depressão. 

Langston Hughes escreveu que os anos 1930s “derrubaram todos, um ou dois degraus abaixo”, mas que os que viviam no lado obscuro da discriminação pela cor da pele não tinham, então, muito a perder. Agora, é diferente.

Nos 30 anos a partir de 1965, os negros e latinos norte-americanos de classe média enriqueceram, em boa parte graças a empregos em vários níveis da administração pública (e glória às lutas dos sindicatos dos Empregados no Setor Público, Nacional, Estadual e Municipal, que não deixaram que os salários se desvalorizassem muito, no setor público). Com o crescente desemprego, hoje, não será fácil recompor o patrimônio familiar daqueles anos.

O desmonte do setor industrial dos EUA pela globalização (que exportou empregos) e o ataque contra os empregos no setor público atingiram muito duramente os trabalhadores negros e latinos. Em vez de taxar os ricos e usar esses fundos públicos para construir economia radicalmente diferente (como redes ferroviárias eficazes), o governo Clinton criou um massivo arquipélago prisional privado e saqueou o já fraco sistema de saúde pública dos EUA. 

Em nome do equilíbrio orçamentário e favorecimento a uma economia marginal, uma geração de jovens negros norte-americanos perderam o direito de acesso a educação decente. É difícil conseguir emprego, se seu currículo inclui temporada na prisão, frequentemente por crimes econômicos não violentos (como ter trabalhado na economia da droga, um dos poucos espaços que resta nos bairros e regiões mais empobrecidas). Outro lugar onde procurar emprego, claro, foi o exército.

A razão mais visível para essa catastrófica perda de riqueza foi a crise imobiliária e o impacto racial da epidemia de despejos, pelos bancos credores. O Center for Responsible Lending mostra que 8% dos negros que compraram casas entre 2005 e 2008 perderam as casas, retomadas pelos bancos credores; o que só aconteceu a 4,5% dos brancos que compraram casas no mesmo período. Exame dos anos 1990s confirma essas estatísticas: negros e latinos foram desproporcionalmente agredidos pelos despejos por dívidas não saldadas com os bancos.

A tendência é culpar vagamente a “economia”. Mas não há “economia” senão dentro das nossas relações sociais e das políticas públicas implantadas pelos governos para modelar essas relações. 

O governo dos EUA entregou a chave do Tesouro às grandes corporações (a General Electric não paga impostos e, de fato, ainda recebeu restituição, ano passado!). As políticas beneficiam as grandes corporações e a microscópica categoria de executivos que as controlam. A Suprema Corte define as corporações como indivíduos, de modo que podem exercer seu direito constitucional à livre manifestação de opinião; ao exercer esse direito, exercem também seu poder.

Denunciando essa obscenidade, Ralph Nader escreveu no Chicago Tribune (20/7/2011) que as grandes empresas deveriam ser julgadas por um padrão de “patriotismo corporativo”.[1] 

Adoram cortes de impostos e, em seguida, chamam os marines para salvá-los quando bem entendem. Mas recusam-se a investir seus lucros não taxados para reconstruir a capacidade produtiva dos EUA. 

As corporações norte-americanas, escreveu Nader, “recebem todos os benefícios da personalidade corporativa nos EUA, mas não cumprem nada do que se espera de personalidades patrióticas nem consideram as responsabilidades que acompanham necessariamente os privilégios, as isenções e imunidades”. Fazem dinheiro nos cassinos financeiros e fraudando trabalhadores em todo o mundo. 

Simultaneamente, não fazem senão exigir “equilíbrio orçamentário” e cortes de “favorecimentos”, para que a dívida seja administrável. – Simplesmente apagaram da conta a contribuição das próprias corporações, para que o buraco chegasse hoje a $14,46 trilhões.

Há alguns anos, algumas vozes progressistas no Congresso sugeriram que o governo reintroduzisse o alistamento militar obrigatório. Se os filhos dos ricos e da classe média abastada fossem obrigados a ir à guerra, com certeza diminuiria o número de aventuras bélicas ensandecidas. A proposta deu em nada. 

Pode não haver alistamento obrigatório para as guerras na Drone-lândia, mas não há dúvidas de que há alistamento econômico obrigatório.

O custo total das atuais aventuras já chega a $2 trilhões (o custo total do aparelho de segurança terá ultrapassado os $8 trilhões, até o final do ano). Progressistas no Congresso argumentam que a população não tem nenhuma impressão palpável do custo da guerra, e o alistamento militar obrigatório chamaria a atenção de todos. 

O governo esconder imagens dos soldados mortos contribui para a indiferença geral. 

O número de norte-americanos mortos na guerra é menor hoje, graças aos melhores equipamentos de blindagem e proteção corporal, mas o número de feridos é muito maior hoje, que em qualquer outra guerra (há especialistas que sugerem que, só no Iraque, houve mais de 100 mil norte-americanos feridos). A população norte-americana é mantida isolada desses fatos que atingem as mesmas comunidades já atingidas também pelos despejos forçados.

Não há alistamento militar obrigatório para todos, mas o alistamento é obrigatório, sim, para os mais pobres. O atual colapso econômico reduziu os que haviam conseguido poupar alguma coisa, mesmo que sobre fundamentos fictícios, ao plano da vida nua. 

A drenagem de riqueza nacional para a economia de guerra é taxação regressiva massiva sobre a população: os ricos que pagam impostos proporcionalmente muito menores (e nada pagam sobre os ganhos de capital, que também são renda) e as corporações (que pagam poucos ou quase nenhum imposto) são blindados, isolados dos custos da guerra. E, isso, sem falar dos que ganham muito, sim, com a guerra.

Equilibrar o orçamento, no contexto do alistamento econômico obrigatório, significa devastar o que ainda reste dos gastos sociais: educação, assistência pública à saúde, assistência aos idosos, aos mais pobres, recursos para preservação do meio ambiente, capacidade de trabalho dos reguladores estatais etc.

O presidente Obama parece ter metido a mão no bolso de Al Gore e roubado de lá a chave do cofre onde se escondem a Segurança Social, Medicare e Medicaid. Todos esses são vítimas da economia da guerra.

A sobrevivência da espinha dorsal dos EUA depende hoje do que se disputa em Springfield, MA. Aqui, dia 18 de julho, a Assembleia Municipal aprovou duas leis ordinárias que tentam salvar essa cidade – onde houve o maior número de despejos do estado de Massachusetts. 

A primeira dessas leis retira dos bancos o direito de retomar a casa hipotecada, no caso de o banco credor não ter participado de reunião de renegociação da dívida mediada pela prefeitura da cidade e recebido um “certificado de negociador de boa fé” autenticado pela prefeitura. Enquanto insistir em não participar da reunião de mediação, o banco paga multa diária de até $300 dólares. 

A segunda lei obriga o banco credor a pagar ao proprietário inadimplente $10 mil dólares em dinheiro, no caso de decidir retomar uma propriedade. As duas leis foram propostas pelo conselheiro Amaad Rivera e pela Coalizão “Springfield No One Leaves/Nadie Se Mude” [Ninguém saia de sua casa]. “A prefeitura de Springfield deu aos moradores instrumentos reais, efetivos, para enfrentar os danos que os bancos causaram a nossa cidade e a todo o condado”, disse Sellou Diaite, da Coalizão. 

O Conselho Municipal e a Coalizão meteram uma cunha na engrenagem da roda de moer do alistamento econômico obrigatório.

A mensagem que esse canto dos EUA envia é simples: parem de destruir casas na Drone-lândia e parem de destruir casas nos EUA.


Nota dos tradutores

[1]  Why not corporate patriotism for a change?” 21/7/2011, Chicago Tribune.

“Liberdade religiosa” à moda-Pentágono, dronizada goela abaixo dos “islâmicos”


Informe traduzido (excerto) pelo Coletivo da Vila Vudu aos petistas, lítero-comunistas e ongueiros... “éticos”

Agooooora vai!

A Câmara de Deputados dos EUA (Lei H. R. 440), aprovou lei, dia 25/1/2011, que criou o cargo de “Enviado Especial dos EUA para Promover a Liberdade Religiosa das Minorias no Oriente Médio e na Ásia Sul e Central” (íntegra, em inglês).  



Aqui se traduzem alguns excertos do texto da lei, em tradução que preserva o significado, mas atropela os formalismos “legislativos”:


“A Lei H.R. 440 [da Câmara de Deputados dos EUA] cria o cargo de Enviado Especial dos EUA para Promover a Liberdade Religiosa das Minorias no Oriente Médio e na Ásia Sul e Central.

O PRESIDENTE indicará um nome para o cargo de “Enviado Especial dos EUA para Promover a Liberdade Religiosa das Minorias no Oriente Médio e na Ásia Sul e Central” (nessa lei dito “Enviado Especial”).

QUALIFICAÇÕES: O Enviado Especial deve ser pessoa de reconhecida distinção no campo dos direitos humanos e liberdade religiosa. Terá status de embaixador e permanecerá no cargo pelo tempo que o presidente deseje.

SÃO DEVERES DO ENVIADO ESPECIAL: 

(1) Promover o direito à liberdade religiosa das minorias nos países do Oriente Médio e da Ásia Sul e Central, denunciar violação desses direitos e recomendar, ao governo dos EUA, respostas adequadas sempre que esse direito for violado.

(2) Monitorar e combater atos de intolerância religiosa e incitamento dirigido contra minorias religiosas nos países do Oriente Médio e da Ásia Sul e Central.

(3) Trabalhar para assegurar que as específicas necessidades das minorias religiosas nos países do Oriente Médio e da Ásia Sul e Central sejam atendidas, inclusive necessidades econômicas e de segurança das respectivas comunidades religiosas minoritárias.

(4) Trabalhar com governos dos países do Oriente Médio e da Ásia Sul e Central para que se reformem leis que são inerentemente discriminatórias contra minorias religiosas e respectivas comunidades nesses países.

(5) Coordenar e dar assistência a elaboração dos relatórios exigidos nos termos do “Foreign Assistance Act” de 1961 relativos à natureza e extensão da liberdade religiosa a ser assegurada às minorias nos países do Oriente Médio e da Ásia Sul e Central.

(6) Coordenar e dar assistência na preparação dos relatórios exigidos nos termos do “International Religious Freedom Act” de 1998 relativos à natureza e extensão da liberdade religiosa a ser assegurada às minorias nos países do Oriente Médio e da Ásia Sul e Central.

COORDENAÇÃO: Para o cumprimento desses deveres, o Enviado Especial deve, no menor prazo possível, coordenar ações com o “Bureau of Population, Refugees and Migration of the Department of State”, com o Ambassador at Large para questões internacionais de liberdade religiosa, com a “US Commission on International Religious Freedom”, e outras agências e funcionários federais relevantes [Não esqueçam de coordenar ações com a CIA!].

REPRESENTAÇÃO DIPLOMÁTICA: Sob a direção do Presidente e do Secretário de Estado, o Enviado Especial representa os EUA em discussões e casos relevantes para a liberdade religiosa nos países do Oriente Médio e da Ásia Sul e Central em:

(1) contatos com governos e organizações intergovernamentais estrangeiras, e agências especializadas da ONU, da Organização de Segurança e Cooperação na Europa e outras organizações internacionais das quais os EUA são membro; e

(2) em conferências multilaterais e encontros sobre liberdade religiosa nos países do Oriente Médio e da Ásia Sul e Central. (...)

DEFINIÇÕES: Nessa lei, entendem-se como “países do Oriente Médio”:

– Argélia, Bahrain, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Marrocos, Omã, Catar, Arábia Saudita, Síria e Tunísia; e incluem-se a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.

E entendem-se como “países da Ásia do Sul e Central”:

– Afeganistão, Bangladesh, Butão, Índia, Quirguistão, Cazaquistão, Maldivas, Nepal, Paquistão, Sri Lanka, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão.”

Talvez valha a pena lembrar aos “éticos” mais jovens, petistas e ongueiros em geral, que o “Foreign Assistance Act” de 1961, no qual se “encaixa” a lei agora aprovada, que foi assinado pelo presidente Kennedy, é a lei que criou a United States Agency for International Development (USAID), de triste memória para o Brasil, que, dessa agência, só conheceu programas como “Aliança Para o Progresso”, de descarada propaganda dos EUA e “ator” destacado no golpe de 1964. 

A propósito de vermes e mentiras


 

Publicado em 31/07/2011 por Rui Martins

Berna (Suiça) - Me contou um emigrante brasileiro na Alemanha que lá o xingamento verme é utilizado pelo pessoal da extrema-direita com relação aos imigrantes. Seria a variante alemã para a expressão dos racistas franceses, sale étranger, que significa estrangeiro sujo. A palavra verme, embora chocante, nao é utilizada no Brasil, onde as ofensas têm outros nomes coloridos.

Seria necessário o autor explicar porque essa opção por uma ofensa com matizes europeias e próxima dos movimentos xenófobos e racistas, para não dizer neonazistas. Caso contrário, beiramos ai o paradoxo total ou a incompatibilidade do uso dessa expressão com a função do seu autor, líder emigrante, dono de uma empresa dirigida a emigrantes (vermes?) em Londres e, ele próprio representante de emigrantes no Conselho federal de emigrantes, dirigido por diplomatas do Itamaraty, conhecido como CRBE.

E já que citamos o CRBE, a cada dia surgem novas histórias para contar, desta vez é um paradoxo. O próprio autor do vocábulo não se desculpou, ao contrário, em outros textos no Fórum do Grupo Yahoo Brasileiras e Brasileiros na Europa, reafirmou sua expressão com certo sentimento de orgulho. E vem dai a dificuldade para se entender, pois como pode pleitear a expulsão de alguém acusado de denegrir a imagem do CRBE e, logo a seguir, colocar os pés no prato e comprometer a própria credibilidade desse mesmo CRBE diante dos emigrantes e autoridades federais, dirigindo-se a um colega conselheiro suplente com vocabulário de skin-head?

E o mais estranho é não ter havido uma provocação, não se trata de uma réplica num bate-boca. Imagina-se ter sido a leitura do texto do abaixo-assinado e das muitas assinaturas a ele anexadas que o levaram à imprecação. Mas se esta é realmente a causa do destempero vocabular, a coisa começa a ficar séria.

Vejam bem, minha expulsão foi pedida porque divirjo e defendo uma outra política para a emigração brasileira e para o CRBE. E o pessoal (meus amiguinhos e amiguinhas como foram catalogados) está assinando por considerar essa expulsão uma manifestação de zelo antidemocrático, de uma perigosa tendência para se proibir a pluralidade de opiniões e por considerar uma atitude ditatorial. Agora, se o próprio abaixo-assinado é alvo de outra reação de intolerância, chamando-se de verme o expulso e assimilando-se também a vermes os assinantes, surge o risco de aparecer uma proposta, dentro do CRBE, para se usar vermicida ou vermífugo, uma espécie de solução final para os vermes que incomodam os tão ativos e submissos membros titulares do CRBE.

Mas, felizmente, notei ter havido, quase de imediato, uma reação de desafio ao destempero do intolerante autor da ofensa. Alguns emigrantes decidiram considerar-se também vermes, wir sind wuermer, nos somos também vermes. A este respeito gostaria de destacar a reação da líder emigrante feminista Sandra Helena Torres Bello, em Berlim,

“...Por mais que leio não entendo a posição de alguns membros do CBRE. É mentira o pedido de expulsão do senhor Rui Martins ? É mentirosa a expressão de solidariedade ?
Nao vejo nenhuma vitimização do senhor Rui Martins . Ao contrário, vejo o embate político.
E as respostas recebidas são ofensivas a pessoa como “mau jornalista, “mentiroso”, “verme” e por ai vai... cadê a vontade de se relacionar com a comunidade? Comunidade e Conselho não deverá ser uma massa homogênea? Será constituído de forcas políticas , como no Congresso
Então Estado do Emigrante, Rede, CABE... e outras frentes políticas ocultas nesse espaço virtual deverão ser respeitadas ... a luta é ideológica , de encaminhamento ...
então...O Senhor Rui Martins está sendo “castigado” por algo que os castigadores nao conseguem formular ,
explicitar objetivamente ;
Um representante do CBRE chamar seu colega de Verme sabemos nós que essa palavra está na boca da extrema direita , daqueles que odeiam o diferente e o diferente somos nós migrantes . E aqui é alguém que pensa diferente da Rede, por isso é chamado de verme , por isso, tem uma processo de expulsão. Para manter essa hememonia com características fortes do racismo , do autoritarismo, da xenofobia , da elite . Eles se calam, não buscam a ética, que deverá estar acima de qualquer confraria ...
Ao Estado Brasileiro
Ao responsável pelo CBRE
como é isso ?
VERME VERME VERME VERME pode ?
pensemos tod@s as vezes que tal palavra foi proferida, foi em situação de extremidade da coisa feia.
Quem diz ao contrário, vai ficar assim?”

Respondendo a essa indagação de Sandra Bello, o membro suplente do CRBE pela costa oeste dos EUA, Sergio Mello, é taxativo –

“Quanto ao aspecto institucional do CRBE, o que tenta representar e como interfere nas relações e futuro dos brasileiros no exterior com MRE e ultimamente com o Governo do Brasil, a resposta é “não”, isso não vai ficar assim.
Aos Srs. e Sras., ativistas e líderes em suas comunidades, chegou a hora e exigirmos um padrão condizente a nossas necessidades. Hora de exigir de nossos representantes uma postura isenta de interesses e bagagem pessoal. Uma conduta que represente não só os interesses dos constituintes, mas também de decoro e profissionalismo, para o bem de 3+ milhões e brasileiros, e da própria instituição para a qual pediram votos e foram eleitos. Pois ser voluntário não significa ser amador, ou ser “representante” não significa estar acima de críticas ou acima de conduta respeitosa.
P.S.: O ímpeto desta mensagem vem do que o Sr. Marcos Romão expressou anteriormente: O insulto a um brasileiro (especialmente por outro brasileiro) é um insulto a todos/as brasileiros/as. Temos o dever para com nós mesmos, de rejeitar e lutar contra abusos a nossa gente, venham estes de onde vierem. Como em todas as lutas de direitos humanos pela história, nossos piores inimigos estão dentro do próprio movimento.”

E já que foi citado, aqui esta a reação quase imediata do líder emigrante em Hamburgo, na Alemanha, Marcos Romão, responsável pela Radio Mamaterra –

“Ao xingar um cidadão brasileiro migrante de verme, você (o autor, Carlos Mellinger, de Londres, titular do CRBE) ultrapassou o Rubicâo do respeito humano. Muito tempo na Europa pode fazer a boca torta para o lado direito. Lado que usa e abusa do termo verme, quando nos atacam como estorvo. Usar esta terminologia é uma agressão a todos nós migrantes. Considere.”

Quero deixar bem claro, para não haver confusões, de minha parte minha divergência quanto ao CRBE não tem cunho pessoal. Como tenho afirmado em meus escritos e em Berlim, como em Genebra, Zurique e como afirmei dentro do próprio Itamaraty, acho que os emigrantes precisam ter uma orgão institucional emigrante independente. Não precisam ser tutelados pelo Itamaraty num CRBE sem qualquer autonomia. Minha divergência com a política brasileira de emigração é ideológica e conceitual, qualquer explicação baseada em questões pessoais é incorreta.

Outro membro titular do CRBE, tentando defender o autor da ofensa e explicar porque foi o principal articulador de minha expulsão do Conselho de Emigrantes, no mesmo Fórum Yahoo citado, utiliza de acusações pessoais e mentirosas. Basta-me um argumento - que se mostre e se use o vídeo da reunião em que ocorreram tais acusações.

E para concluir, uma triste constatação - ao contrario do que pensa meu colega Sergio Mello, nada ocorrerá.

E se eu não for expulso, em consequência das pressões atuais, se achará uma maneira de se impedir meu retorno pessoal na assembléia da Conferência Brasileiros no Mundo.

Existem coisas inexplicadas ate hoje - a proposta por uma Comissão de Transição aprovada na I Conferencia e desaparecida da Ata Consolidada. E algo bastante revelador - quando o titular Silair Almeida não pôde comparecer ao primeiro dia da reunião dos titulares do CRBE, em maio em Brasília, sua suplente Adriana Sabino ocupou, como de direito seu lugar. Entretanto, quando o titular Flavio Carvalho declarou só poder participar de dois dias de trabalho, nessa mesma reunião, o Itamaraty negociou rapidamente sua liberação pelo Consulado de Barcelona, para não faltar nenhum dia. Coincidência? Na ausência do titular Flavio Carvalho, seria eu o substituto.

Em outras palavras, o CRBE foi criado para dançar uma certa melodia, quem não gosta ou é expulso ou marginalizado, enquanto se desfecha toda uma campanha de ataques pessoais para que se demita ou desapareça. Como sou resistente, o jeito é expulsar. E enquanto a presidente Dilma não vir isso, e não houver alguém grande lá em Brasília para denunciar, nada vai mudar.


Rui Martins – jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, ex-membro eleito no primeiro conselho de emigrantes junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreve para o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress.