Publicado em 23/7/2011 5:04, por Rui Martins - de Genebra
Anders Behring Breivik, 32 anos, um típico escandinavo, fundamentalista cristão, anti-Islã, de extrema-direita seria o autor dos dois atentados. |
É a maior tragédia cometida na Europa, depois dos atentados em Madri, há sete anos. Com uma diferença – os atentados a bomba no centro administrativo de Oslo, capital da Noruega, onde morreram sete pessoas, e os disparos contra os jovens, na ilha de Utoya, duas horas depois, na ilha de Utoya, matando 84 participantes de um congresso juvenil do Partido Trabalhista, parecem ter sido atos de uma só pessoa ligada à extrema-direita.
Embora a polícia até agora não tenha as razões que moveram o terrorista, ao que parece solitário, uma coisa parece certa – os atentados nada têm a ver com a Al-Qaeda e estariam ligados à crescente ascensão das antigas ideologias racistas neonazistas. Atualmente, os extremistas de direita constituem a segunda força política na Noruega, contrários ao aumento de imigrantes verificado nos últimos anos. Uma tendência que vem se afirmando nos países nórdicos, da Dinamarca à Suécia e que preocupa as lideranças européias.
Anders Behring Breivik, jovem de 32 anos, loiro, magro, um típico escandinavo, extremamente frio quando abatia os jovens na ilha de Utoya com seu fuzil-metralhadora, seria ligado ao movimento fundamentalista cristão, sendo se informou nesta manhã, em Oslo. Sabe-se também ser o autor dos disparos contrário ao Islã.
Rui Martins, de Genebra, com Redação e agências internacionais.
A Direita mostra a sua verdadeira face e vocação para apelar à violência e mata pelo menos 91 pessoas na Noruega
O suspeito dos ataques de sexta-feira, Anders Behring Breivik, de 32 anos de idade, tem opiniões políticas de direita, segundo a polícia.
O chefe de polícia Sveinung Sponheim disse que mensagens suas publicadas na internet “sugerem que ele tem opiniões políticas voltadas para a direita, anti-islâmicas”. “Mas ainda não sabemos se isso foi uma motivação para os eventos ocorridos”, disse ele à emissora norueguesa NRK.
Pouco se sabe sobre ele além do que foi publicado em sites de redes sociais como Facebook e Twitter e suas contas foram abertas apenas em 17 de julho.
Na sua suposta página do Facebook, ele se descreve como um cristão e um conservador. A página não está mais disponível, mas afirmava que ele se interessava por musculação, maçonaria e no poder do indivíduo.
Testemunhas nas ilhas Utoeya o descreveram como loiro, alto e vestido com um uniforme da polícia. A imagem no Facebook é de um homem loiro de olhos azuis.
O jornal norueguês Verdens Gang citou um amigo de Breivik dizendo que ele se voltou ao extremismo de direita quando tinha pouco menos de 30 anos de idade. O jornal diz também que ele participava de fóruns online expressando fortes opiniões nacionalistas.
Aparentemente ele não tinha treinamento militar específico, ou ficha criminal.
Acredita-se que Breivik tenha crescido e estudado em Oslo. Já adulto, mudou para fora da cidade e criou a empresa Breivik Geofarm, uma companhia agrícola para o cultivo de vegetais.
A imprensa norueguesa diz que por meio da empresa ele teria conseguido comprar fertilizantes, um ingrediente na fabricação de bombas.
Sua suposta conta do Twitter apresenta apenas uma mensagem, que cita o filósofo John Stuart Mill: “Uma pessoa com convicção tem a força equivalente a 100 mil que tenham interesses apenas”.
Após o ataque devastador em Oslo e o massacre em um acampamento de jovens em uma ilha próxima à capital, a polícia norueguesa corrigiu o número de mortos na manhã deste sábado (23/07). Segundo os investigadores, os atentados ocorridos na sexta-feira deixaram pelo menos 91 mortos.
As autoridades confirmam que pelo menos 84 morreram na ilha de Utøya, perto de Oslo, onde mais de 500 jovens participavam de um acampamento de verão do Partido Trabalhista, ao qual pertence o primeiro-ministro norueguês, Jens Stoltenberg. Outras sete pessoas foram mortas em consequência da explosão de uma bomba horas antes, junto à sede do governo norueguês, em Oslo.
Número de mortos pode aumentar
O primeiro-ministro, Jens Stoltenberg, considerou os acontecimentos uma “tragédia nacional”, afirmando ser “a pior catástrofe desde a Segunda Guerra”. A polícia não descartou que o número de mortos no massacre na ilha ainda venha a subir.
Conforme as últimas informações da polícia em Oslo, um norueguês de 32 anos, preso ainda na sexta-feira, seria o autor de ambos os ataques. O homem seria defensor de ideias de extrema-direita e, conforme os investigadores, de orientação “fundamentalista cristã”. Com ele, foram apreendidas duas armas de fogo, incluindo uma metralhadora.
Em uma entrevista coletiva na manhã de sábado, a polícia não quis dar detalhes sobre o atentado no acampamento em Utøya, sobre possíveis motivações e declarações do principal suspeito. As autoridades disseram apenas que o suposto autor não era, até então, alvo de investigações policiais e que, após ser preso, afirmou estar disposto a colaborar com a polícia.
Alvos relacionados com partido do governo
O motivo dos ataques permanece um mistério, embora ambos os locais alvejados tenham relação com o Partido Trabalhista. O atentado a bomba ocorreu nas proximidades da sede do governo social-democrata. O primeiro-ministro Stoltenberg deveria discursar neste sábado no acampamento da juventude de seu partido, na ilha onde ocorreu o massacre.
O centro da cidade de Oslo, onde a explosão provocou grande destruição, foi interditado por militares na manhã de sábado, para assegurar os trabalhos dos investigadores.
Após a explosão de uma bomba no distrito governamental de Oslo na tarde de sexta-feira, o suposto assassino teria se dirigido, conforme a atual versão da polícia, à ilha de Utøya, a 40 quilômetros de distância. Lá, disfarçado de policial, abriu fogo contra os mais de 500 participantes de um acampamento da juventude do Partido Trabalhista. Sobreviventes afirmaram ao canal de televisão NRK que houve pânico e caos.
Militares interditaram centro de OsloDesesperados, muitos dos adolescentes, com idade entre 14 a 17 anos, saltaram na água para fugir da ilha a nado. O assassino chegou a atirar também contra alguns deles.
Consternação internacional
De acordo com o canal de televisão NRK, o suposto autor dos ataques tem uma pequena empresa de produtos agrícolas, através da qual ele pode ter tido acesso a conhecimentos sobre fabricação de explosivos.
Em uma página na internet considerada crítica ao islamismo, podem ser encontradas opiniões de tendências nacionalistas publicadas sob o nome do suspeito, nas quais o multiculturalismo é considerado “marxismo cultural” e “ideologia antieuropeia de ódio cujo objetivo é destruir a cultura e a identidade europeias e o cristianismo”.
A comunidade internacional se mostrou abalada pelos atentados. A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente dos EUA, Barack Obama condenaram os ataques. O presidente alemão, Christian Wulff, enviou um comunicado de pesar ao rei norueguês, Harald V. O governo brasileiro também emitiu uma nota condenando a violência empregada. O premiê britânico, David Cameron, ofereceu ajuda à Noruega, entre outras medidas, através de uma cooperação dos serviços secretos de ambos os países.
MD/dpa/dadp/lusa
Revisão: Nádia Pontes
Em nome do governo e do povo brasileiros, a presidenta Dilma Rousseff enviou nota de pesar ao primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, diante dos consternadores atentados que, segundo a polícia, mataram ontem 91 pessoas naquele país.
Sete morreram vítimas de bomba que explodiu no prédio do gabinete do chefe do governo em Oslo (outras 15 pessoas ficaram feridas) e 84, pela ação do franco-atirador no acampamento da juventude na ilha de Utoya.
Vejam a íntegra da nota da chefe do governo brasileiro a seu colega da Noruega:
“Senhor Primeiro-Ministro,
Foi com profunda consternação que recebi a notícia dos atentados ocorridos hoje, 22 de julho, na Noruega.
Gostaria de estender, em nome do governo e do povo brasileiros, nossos sinceros sentimentos de pesar e solidariedade ao Reino da Noruega e às famílias das vítimas.
Mais alta consideração,
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil”
enviado por Rui Martins
(comentário enviado por e-mail e postado por Castor)
ResponderExcluirAs explosões e o tiroteio que causaram a morte de quase uma centena de pessoas em Oslo, em pleno período de vilegiaturas no curto verão norueguês, deixou a todos perplexos, mesmo junto aos que se ocupam do crescimento do neofascismo na Escandinávia. Esse movimento não retoma as ideias e princípios que nortearam Vidkun Quisling, mas confere a seus ativistas as mesmas disposições autoritárias que consagraram o infame entreguista do seu país ao III Reich. Convém acompanhar o caso, porque se tornou emblemático numa Noruega enriquecida pelo petróleo e sujeita, em sua região, aos mesmos atos de extrema-direita que já se registram em cada uma das nações nórdicas.
Abraços do
ArnaC