Como se democratizam as “cumunicações” do marechal-de-campo Hussein Tantawi?! (Só rindo, sô!)
14-20/7/2011, Ahmed Kotb, Al-Ahram Weekly,Cairo
Traduzido e comentado pelo pessoal da Vila Vudu
Comentário entreouvido na Vila Vudu
Como se democratiza o Ali Kamel?! O Merval?! A D. Eliane? A D. Danuza?! Como se democratizam os Friazinhos?! Como se democratizam os Civitas? Como se democratizam os “especialistas em mídia”?! Como se democratiza o Eugenio Bucci?! Como se democratiza o Demétrio Magnolli?!
NÃO É IMPRESSIONANTE?! Os egípcios na rua, conseguiram derrubar até Mubarak, ditador poderosíssimo! Mas ainda não conseguiram derrubar o conversê fiado dos discursos acadêmico-ideológicos-empresariais TOTALMENTE “globais”, sobre a importância da “mídia-empresa” que há, para alguma democracia.
Em matéria de democracia, é o seguinte: nenhuma democracia que preste será jamais possível, enquanto existirem os jornais, jornalismos e jornalistas (empregados dos Murdochs, Civitas, Friazinhos e coisa-e-tal) que há e respectivos “especialistas” em mídia e professores de “cumunicação”. Isso é um bloco histórico.
Agora, tá provado. Podem desistir de democratizar a coisa, porque ela é indemocratizável. Só inventando outra. Essa que há, já era. Leiam aí:
Depois de extinto o Ministério da Informação (MI) do Egito há mais de três meses, o novo ministro da Informação – jornalista Osama Heikal, editor-chefe do jornal do Partido Wafd – foi nomeado diretamente pelo marechal-de-campo Hussein Tantawi, chefe do conselho militar que governa o Egito.
Vários jornais noticiaram que Heikal teria dito que o primeiro-ministro Essam Sharaf – o mesmo que extinguiu o MI – ordenou-lhe que “reestruture o ministério”.
“A decisão de reestruturar o Ministério da Informação é ótima” – disse Hassan Ali, especialista em mídia. – “As instituições da mídia, entre as quais a União Egípcia de Rádio e Televisão [ing. Egyptian Radio and Television Union (ERTU)] e o Serviço de Informação do Estado [ing. State Information Service (SIS)] enfrentam cada vez maiores dificuldades, e nada se pode fazer porque é preciso reunir o Gabinete para decidir” – argumenta Ali.
A ERTU não tem equipe técnica capaz de produzir melhor programação. E esse é só um dos problemas que o novo ministro terá de enfrentar – Ali continua.
“Como ministro e membro do gabinete, será possível, para o novo ministro, manter contato e consultas com outros ministros e com o conselho militar, para desenvolver políticas de reestruturação para o setor, com melhoria de salários.”
“As organizações de mídia que pertencem ao governo também precisam de atenção” – Ali continua. – Estão perdendo dinheiro e são carga que pesa sobre o Ministério das Finanças.
Inas Abu Youssef, professora-associada de Jornalismo na Universidade do Cairo, entende que foi erro extinguir o Ministério da Informação, sem, simultaneamente, criar outra organização que assumisse as mesmas responsabilidades. Os planos iniciais, de estabelecer um conselho nacional de mídia, para supervisionar a reestruturação, jamais saíram do papel.
Embora Abu Youssef nada tenha, por princípio, contra o MI, preocupa-a a nomeação de Heikal. “O ministro deveria vir da equipe da ERTU” – diz a professora –, “ou, pelo menos, deveria ter alguma experiência com administração de grande organização”.
Para alguns, a ressurreição do Ministério da Informação é tentativa de censura à imprensa, e criaria ameaças à liberdade de expressão. “Nada disso” – diz Ali, para quem, tão logo as instituições da mídia estatal sejam reestruturadas e funcionando, o Ministério da Informação será redundante.
“O Ministério da Informação não existirá para sempre e temos de nos preparar para quando não mais existir” – diz Ali.
O próprio Ali está organizando um centro para monitorar o conteúdo produzido e divulgado pela mídia. “Nosso centro está sendo organizado com a ajuda de vários empresários da imprensa egípcia, porque sem esse tipo de autorregulação pelas próprias empresas de mídia, o caos será inevitável” – diz ele.
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