segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

WikiLeaks: Máquina de guerra econômica

1/12/2010, Laura Flanders, The Notion (Blog de The Nation)
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

Laura Flanders
17 anos depois de a lei de Bill Clinton “Não pergunte/Não conte” – espécie de armário oficializado para os militares – logo será passado. Depois de o Senado votar o fim da lei, cidadãs norte-americanas lésbicas, cidadãos norte-americanos gays e cidadãos norte-americanos bissexuais terão vencido a batalha pelo direito de servir nas Forças Armadas sem esconder o que são e sem medo de perder o emprego.

As ações do Banco da América caíram 3% na 4ª.-feira, depois de Julian Assange ter dado indicações de que tem cerca de 5 gigabytes de documentos que revelam algumas toneladas de comportamento bancário ‘não ortodoxo’ – para dizer o mínimo.

“Todos sabem que o Banco da América fez aquisições horrendas, que assumiu toneladas de papéis podres. Se relataram tudo, e se esses relatórios vazaram, o mais provável é que o Banco da América esteja tecnicamente falido” – escreveu Barry Ritholtz, blogueiro especialista em finanças.

Mas já se sabe que houve muitos erros de administração e até fraude em Wall Street. O que, então, Assange pode ter sobre o banco, que ainda não se saiba. Dado que já se sabe que o Banco da América assaltou patrimônio dos EUA, o que poderia ainda perturbá-los, caso venha a público?

Barry Ritholtz
O mais provável, contudo, é que a questão seja não o futuro, depois dos vazamentos, mas o presente e o passado, antes dos vazamentos. Ritholtz observou que é possível que a máxima perturbação seja exatamente esse “sacudir a árvore e perturbar o status quo.” E o próprio Assange já escreveu muito sobre esse tema.

Em um de seus ensaios, Assange observa que “Quanto mais secreta, menos transparente e menos justa é uma organização, mais os vazamentos causam pânico e paranóia entre os responsáveis, os apoiadores e os encarregados do planejamento.”

A ser assim, estamos olhando para o lado errado se insistimos em só prestar atenção ao que seja feito depois dos vazamentos. Muito mais interessante é analisar os vazamentos como movimento que vise a resultado de longo prazo; como movimento que vise mais a revelar uma disfunção no coração das mais poderosas instituições contemporâneas e possivelmente a desestabilizá-las, gerando algum tipo de super-reação.

Julian Assange
Pensem nas manifestações pelos direitos civis que se organizaram em balcões de lanchonetes e que foram manifestações em que os cidadãos apenas ocupavam os espaços, sem qualquer movimento [os chamados “sit-ins”], atualizadas para o século 21.

Se o ciber-ataque de Assange contra os grandes bancos for, contra os bancos, o que foram as manifestações pelos direitos civis contra outras instituições, o que Wall Street usará como canhões d’água para “dispersar” os manifestantes? Talvez acabem, pelo medo e pelo excesso na reação, molhando só as próprias calças. Mal posso esperar para ver acontecer!

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