sábado, 20 de dezembro de 2014

Washington faz-se de boazinha com Havana? Cubanos, todo o cuidado é pouco!

17/12/2014, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Quer dizer então que os EUA estão se fazendo de amiguinhos de Cuba?

Em movimento para encobrir um dos últimos vestígios da Guerra Fria, o presidente Barack Obama iniciará negociações com Cuba sobre o pleno reatamento de relações diplomáticas rompidas há 50 anos, informou a Yahoo News um funcionário do governo dos EUA, na 4ª-feira (17/12/2014). A decisão de Obama foi tomada depois que Cuba libertou um empresário norte-americano, Alan Gross.

A verdade é que os EUA libertaram os últimos três dos “Cinco Héroes” cubanos que mantinham presos em território norte-americano, e Cuba só libertou um “ativo” norte-americano desconhecido.

Alan Gross era contratado da agência USAID em missão clandestina para, ao que se divulgou, distribuir telefones por satélite que conseguiam passar despercebidos nos controles que Cuba mantinha sobre o próprio espectro eletromagnético.

Interessante: essa notícia aparece no mesmo dia em que o diretor da USAID, Raj Shah, foi demitido. A demissão dele teria sido exigida por Cuba, para a troca de prisioneiros?

Shah falou conosco na 3ª-feira (16/12/2014) à noite, mas pouco disse sobre por que está deixando a agência, além da razão oficial segundo a qual, depois de seis anos de serviços prestados ao governo Obama, está querendo dedicar mais tempo à família.

Shah foi demitido depois que fracassaram várias tentativas clandestinas, estúpidas, de sua agência USAID, o chamado “esquema Alan Gross”, para criar um Twitter cubano falso, organizando falsos seminários para prevenção de contágio por HIV e infiltrando toda a cena hip hop cubana, sempre tentando “desestabilizar” o sistema político cubano.

Mas... se vier a ser criada alguma embaixada dos EUA em Havana, a mesma tarefa voltará a ser atribuída à CIA [com, esperamos, igual fracasso (NTs)]. Cuba deve tomar extremo cuidado [como se Cuba não conhecesse a canalha da CIA (NTs)].

Há quem diga que a única razão pela qual nenhum governo dos EUA foi jamais derrubado pela CIA é: “Porque não há embaixada dos EUA em Washington DC”. [1]

Não há razão alguma para que Cuba creia no que lhe dizem os EUA, e o país deve ser extremamente cuidadoso nessa “abertura” do país aos seus piores inimigos. Não se trata só de a USAID que já se intrometeu na crise dos mísseis cubanos (que eliminaram as armas nucleares dos EUA na Turquia apontadas contra a Rússia), o que sim, exige cautela, mas há também outros planos de ataque e tentativas de assassinato de líderes cubanos.

E há também as recentes “operações para mudança de regime” que os EUA estão conduzindo na Ucrânia, na Líbia, na Síria, em Hongkong e em outros pontos.

Digam o que disserem em público, os EUA com certeza continuarão a atacar o regime socialista cubano e a tentar “mudança de regime”.

Os cubanos que não esqueçam que ser “abraçados” pelos EUA é e sempre será tentativa de assassinar, por sufocamento, a autodeterminação dos cubanos.


Nota dos tradutores
[1] 22/5/2014, Assange entrevista No. 6 – Rafael Correa, presidente do Equador, (Episódio 6), Russia Today, 26’16 - “The World Tomorrow”:

JULIAN ASSANGE: O que pensa o Equador, dos EUA, sobre o envolvimento dos EUA? Não lhe peço que faça alguma caricatura dos EUA. Mas... O que pensam os equatorianos sobre os EUA e o envolvimento dos EUA no Equador e na América?

RAFAEL CORREA: Como disse Evo Morales [presidente da Bolívia], os EUA são o único país que pode ter certeza de lá jamais haverá golpes de Estado – porque não há embaixada dos EUA nos EUA. [Assange e equipe riem].



[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como “Whisky Bar ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peçaHauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ver/ouvir versão em performance de David Johansen com legendas em português.


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