O “Jornalismo-que-há”
Espero que alguém diga lá, pra tal jornalista diretora da FSP (uma tal de Judite qualquer-coisa) que NENHUMA “mídia” é ou algum dia será “a oposição"”
Aí está, só, mais uma ideia autista pirada da tal de “mídia”, tentando se autolegitimar no grito, sem ter qualquer legitimidade real.
A “mídia” é sempre, sempre, sempre, empresa. E empresa é sempre, sempre, sempre, a "situação". Sempre foi e sempre será. Onde alguma “mídia” declare-se “a oposição”, pode recolher o elemento prô xilindró, porque é golpe.
A tal de diretora da FSP provavelmente acha que ser "a oposição" é ser “do contra”, só que profissionalmente e por teoria ensinada/aprendida em cursos de “jornalismo” ou de “cumunicação” e assalariada. Ou ela acha que ser “a oposição” é viver de chantagear a situação. E o papo de cerca-lourenço furadíssimo do jornalismo como resistência “ao poder” é só mais um reles papo-furado, porque o jornalismo-empresa-que-há não ensina a resistir ao poder do próprio jornalismo-empresa.
Ser “a oposição”, em quadro social e político, não é ser, tampouco, “mídia crítica” -- supondo-se que existisse “mídia” crítica, o que não existe, porque nenhuma “mídia” JAMAIS é crítica radical dela mesma nem, muito menos, admite crítica radical que lhe chegue de fora dela mesma.
Então, é o seguinte: se não há oposição, não há oposição e pronto. ESSE É O FATO A NOTICIAR.
Não havendo oposição, ninguém, nem N.S.Aparecida, seria parte legítima para ser “a oposição”... Se não há oposição.
O fato que nenhum dos jornais brasileiros jamais noticiou é que, no Brasil pós-ditadura, onde nenhuma oposição política teve substância ou arcabouço para se constituir como discurso (embora, sim, se tenha constituído como desejo-voto, e como desejo-voto da maioria dos cidadãos!)...
Meia dúzia de empresas comerciais-jornalísticas, organizadas em sindicatos (ABERT e ANJ, principalmente) assumiram o trabalho SUJO de malhar dia e noite, sem jamais sequer tentar ouvir algum contraditório, um governo eleito duas vezes (e agora uma terceira vez), em eleições democráticas, exclusivamente porque esse nosso governo eleito duas vezes em eleições democráticas não foi eleito, como sempre aconteceu no Brasil, antes, por exatamente aquela mesma meia dúzia de empresas comerciais-jornalísticas.
ESTE seria o FATO que, se existisse jornalismo no Brasil, deveria ser manchete todos os dias:
No Brasil pós-ditadura, a oposição política real nunca conseguiu estruturar discurso político claro, mas os eleitores democráticos vitoriosos existem no Brasil e vencem eleições, embora, no Brasil-2010, onde não há jornalismo, os eleitores democráticos vitoriosos falem exclusivamente pelo seu voto-desejo-voz.
Nenhuma empresa comercial-jornalística, no Brasil, jamais deu palavra escrita e/ou falada essa voto-desejo-voz.
Fato a ser noticiado é que o jornalismo comercial brasileiro não fez qualquer esforço para ouvir a oposição real que existe.
O jornalismo brasileiro (1) inventou que não haveria oposição no Brasil. E, assim, tentou (2) inventar um lugar para o próprio jornalismo comercial brasileiro, que já NÃO TEM LUGAR SOCIAL, não é necessário e -- outro FATO que o jornalismo-que-há no Brasil jamais noticiou -- o jornalismo-que-há PERDE ELEIÇÕES e já não consegue eleger maiorias que manifestem o (já muito pequeno) poder dos jornais-empresas brasileiros.
O que há no Brasil é uma meia dúzia de empresas organizadas em sindicato de empresas -- de fato, organizadas num CARTEL de empresários “do jornalismo” e de “empresários-anunciantes” nos “jornais—empresas”. E esse cartel vive de chantagear alguns políticos eleitos contra outros políticos eleitos.
A essa chantagem diária e ilimitada, chama-se, no Brasil-2010, “jornalismo”. Se esse “jornalismo” de chantagem fosse metade do jornalismo-que-há no Brasil, e houvesse por aqui algum (qualquer um!) jornalismo menos chantageante, como há em vários lugares do mundo, o dano seria menor. Mas no Brasil-2010, TODO o jornalismo-que-há é “jornalismo” de chantagem.
Que os jornais, jornalistas e jornalismos-que-há chamem a chantagem diária de que fizeram meio de vida, de “jornalismo”, não surpreende. Omo também ganha dinheiro e vive de mentir que lava mais branco. Até aí, normal e esperado.
Mas que ninguém, no Brasil, tenha construído discurso crítico contra o jornalismo-que-há e que ajude a inventar outro jornalismo, isso, sim, é estarrecedor. É como se as sociologias uspeanas-udenistas das “cumunicações” já tivessem conseguido emburrecer TODO MUNDO.
Que haja no Brasil um “pensamento” como o da Dora Kramer -- que é fascista sincera, sinceramente convencida de que seu fascismo seria “ético” e que, sim, construiu compacto discurso de fascistização da opinião pública (ou de parte dela), sinceramente convencida, a Dora Kramer, como a Danuza Leão, de que se todos fossem fascistas iguais a elas, o Brasil seria “ético” --, entende-se.
O que não se entende é que ainda não haja pensamento crítico que ensine a fazer calar o fascismo da Dora Kramer, da Danuza Leão e quetais. Como é possível? De onde, diabos, saiu a ideia de que jornalismo de fascistização seria melhor que nenhum jornalismo?!
O fato de a oposição política não ter discurso claro no Brasil é, muito mais, resultado NEFASTO de (1) haver aqui esse “jornalismo-que-há”; e (2) de não haver aqui discurso produtivo, que gere jornais e jornalistas, contra o jornalismo-que-há.
Nesse vácuo, brotam “jornalistas” como a tal Judite qualquer-coisa, diretora da Folha de São Paulo, que sequer teme - que sequer suspeita de que está aí, confessando, ao vivo e em cores - o próprio fascismo pessoal visceral, constitutivo dela e do “jornalismo” que pratica e do qual ela vive. Só essa profunda convicção pessoal fascista explica que uma “jornalista-empregada” declare sem medo e sem vergonha, que:
Dado que "não há oposição" qualquer empresa-comercial não só poderia como até já teria ocupado o lugar político de uma oposição política!
Seria cômico, se não fosse tão fascista.