quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pentágono exorta imprensa a não publicar novos documentos de WikiLeaks

18/10/2010, Cuba Debate  – distribuído ontem pelo Twitter 
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu


A notícia de que a organização WikiLeaks – que se dedica a divulgar documentos secretos de importância social e histórica pela internet – planeja distribuir outra grande quantidade de documentos secretos do Exército dos EUA sobre a guerra do Iraque deu lugar a uma guerra de declarações. As duas entidades, o Pentágono e WikiLeaks, têm-se dirigido aos veículos de comunicação exortando-os a que ajam como lhes indique, em cada caso, o que cada veículo entenda que seja o jornalismo.

O Pentágono pediu diretamente a empresas jornalísticas internacionais que não publiquem o conteúdo dos cerca de 500 mil novos documentos secretos sobre a guerra, que estariam com a página WikiLeaks, e que WikiLeaks teria anunciado que divulgaria nas próximas horas[1]. Julian Assange, presidente de Wikileaks já desmentiu que a publicação teria sido anunciada; disse que sua organização pode publicar, sim, o que tem, mas que não fará qualquer anúncio da publicação.

Em comunicado ambíguo, Assange criticou todos os veículos que repetiram a notícia distribuída pela revista Wired sobre a distribuição de novos documentos, sem verificar a veracidade da notícia; e sugeriu que o boato teria a intenção de minar a credibilidade de WikiLeaks.

Imune a esses argumentos, o Pentágono insiste em que os documentos comprometedores estão prontos para serem divulgados a qualquer momento, e que os EUA impedirão que a divulgação ponha em risco a vida dos que sejam citados naqueles documentos. O coronel David Lapan, porta-voz do Pentágono, disse 2ª-feira (18/10) que o Exército dos EUA exige “enfaticamente” que Wikileaks “devolva os documentos que foram roubados do Governo dos EUA e que não os publique”.

“Todos os veículos devem estar avisados para não permitir qualquer divulgação do conteúdo de documentos secretos, hoje em posse dessa organização de reputação duvidosa conhecida como Wikileaks”, disse o porta-voz do Pentágono. Lapan insistiu em que a credibilidade de Wikileaks depende da veracidade que os meios de comunicação atribuam aos documentos vazados ilegalmente. (...)

Uma equipe do Pentágono, de 120 técnicos, revisou todos os documentos que se suspeita que Wikileaks planeje publicar nas próximas horas, disse Lapan. A mesma equipe está preparada para agir com rapidez, no caso de os documentos serem divulgados, para verificar se são os mesmos que a equipe já analisou e para avaliar o dano que a divulgação possa causar e a quem. Para Lapan, essa equipe deve ajudar a controlar o dano que a divulgação provocará entre as fontes e os sistemas operacionais de inteligência do Pentágono. A principal preocupação do Pentágono – continua Lapan – é a segurança dos iraquianos citados nominalmente nos documentos como “colaboradores” das forças de segurança dos EUA.

Os cerca de 70 mil arquivos distribuídos por WikiLeaks em julho passado sobre a guerra do Afeganistão revelaram que o Exército dos EUA havia manipulado o número real de mortos civis e que o Pentágono preocupava-se com o “jogo duplo” do Paquistão, aliado dos Talibãs e, ao mesmo tempo, sempre interessado nos bilhões de ajuda provenientes dos EUA.
  
Nota:
[1] Em Wired Magazine Called Out By WikiLeaks President Julian Assange For False Reports  lê-se matéria de ontem sobre a discussão entre Assange (de WikiLeaks) e o editor da revista Wired, em que Assange acusa a revista Wired de ter distribuído notícias falsas. Nessa matéria, Assange reafirma que WikiLeaks não disse quando divulgará outros documentos em seu poder (matéria de WikiLeaks, redistribuída pelo Twitter ).