quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Wikileaks – A conexão Telavive

Comentário inicial:

O que aí vai [adiante] é uma terceira aproximação que tentamos, para conhecer e divulgar uma [alguma!] opinião do 'outro lado' sobre os WikiVazamentos. 



Assim, à moda da Vila Vudu, trabalhamos para escapar da arapuca criada pelo jornalismo ocidental e no qual se deixou prender TODO o jornalismo brasileiro, todos só ouvindo e divulgando... o lado 'ocidental' da questão PLANETÁRIA criada pelos WikiVazamentos. 

O que aí vai não é "a verdade" -- que continua em disputa.

O que aí vai é INFORMAÇÃO.

Exatamente o que, no Brasil, nenhum jornal e nenhum jornalismo oferece; e que, se não aprendermos a construir, nós mesmos, de melhor qualidade, continuaremos sem, mantidos sempre à margem das grandes discussões do nosso tempo, como sempre vivemos, por obra do “jornalismo-como-o-conhecemos” e da “universidade-como-a-conhecemos” no Brasil, desde a Guerra Fria. 

Só a Internet salva. Longa vida a WikiLeaks!

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Wikileaks – A conexão Telavive 
1/12/2010, Jeff Gates, Al-Manar, Líbano (jornal do Hizbollah)
Original em:  My Catbirdseat
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu 

O que faria Telavive agora que já se sabe que Israel e agentes pró-Israel ‘trabalharam’ na inteligência que levou os EUA à guerra no Iraque? 

Engane-me uma vez, a vergonha é sua. Engane-me duas, a vergonha é minha. Engane-me durante 60 anos, e será o fim, exatamente o fim a que chegou a credibilidade de Israel como estado legítimo.

Telavive sabe disso. Mas o que podia fazer o Estado sionista, para arrumar as coisas? 

Resposta: Usar os telegramas vazados por WikiLeaks.

Por que nesse momento? Diversionismo. 

Virem os holofotes para Washington, para que a escuridão oculte Telavive. É a boa velha tática da propaganda de manipulação. E desafie a credibilidade dos EUA. É onde entram os telegramas vazados por WikiLeaks.

Qualquer investigador sério começaria por perguntar: Qui Bono? Quem se beneficia? Depois, é procurar os meios, um motivo e uma oportunidade, mais a inteligência institucional israelense organizada dentro dos EUA.

Além de Israel, quem outro suspeito haveria? Observe-se que, repentinamente, o personagem de Israel no processo de paz desapareceu dos jornais e televisões. Agora, só se fala em Irã, Irã e mais Irã. E quem se beneficiou com isso?

Telavive sabe que o arremedo de espionagem que operou no Iraque permitiu que se desmascarassem rapidamente os agentes especialistas em “guerra mediante enganação e fraude” [orig. “by way of deception”] — que é o lema do Mossad israelense. 

Chama atenção, no material distribuído por WikiLeaks, o que neles não há: nem uma linha que ameace qualquer dos objetivos de Israel.

Mas Telavive ainda enfrenta ameaça sem precedentes: a transparência. Os EUA já sabem que foram enganados. E Israel teme, com muita razão, que logo se descubra quem passou a perna nos EUA.

Apoio “soft” não bastará
Obama age como os que construíram seu governo previram que agiria. Os que não se surpreenderam com a nenhuma mudança na política dos EUA tampouco ignoram o poder do lobby israelense.

Obama hesitou antes de declarar apoio à mais recente estratégia israelense para minar as negociações de paz? 

Sem paz, os EUA continuam como alvo de todos que se sentem ultrajados pelo apoio dos EUA à violência de Israel na busca de seus objetivos de expansionismo.

Confirmando a influência do lobby, Netanyahu anunciou que não suspenderia as construções de moradias exclusivas para judeus nos territórios palestinos ocupados até que Obama lhe apresentasse por escrito a proposta de suborno por 3 bilhões de dólares.

Em troca de um congelamento de apenas 90 dias? E o que mais os EUA tinham a oferecer como propina? Vinte jatos F-35 de 150 milhões de dólares cada, além de peças de reposição, manutenção, treinamento e armamento.

231 milhões de dólares por semana, ou 1.373.626 dólares por hora. E em troca, o que os EUA pediam? Congelamento temporário nas construções. Quantas vezes funcionará o sempre mesmo velho truque?

Israel foge de acordos de paz desde que roubou as terras dos palestinos em 1948. Em 1967, outro assalto, para começar a dar forma à geopolítica de hoje.

Para que Israel assinasse um acordo com os palestinos, a secretária de Estado Clinton propôs “um amplo acordo de segurança”. O preço? Ninguém perguntou e ninguém sabe. 

O Congresso dos EUA já garantira no orçamento ajuda a Israel de 30 bilhões de dólares em dez anos. Os novos recentes 3 bilhões são extra. 

O preço não inclui o custo, em credibilidade dos EUA, pela promessa de vetar qualquer resolução da ONU que tente reconhecer a Palestina como Estado. E a promessa de NUNCA MAIS voltar a pressionar Israel contra construções exclusivas para judeus em terras palestinas. E o congelamento de apenas 90 dias excluía Jerusalém Leste, para que Telavive pudesse prosseguir com novos postos de ocupação, que antecedem o início de novas construções.

O timing é tudo
Ao cronometrar o mais recente ataque contra Gaza, entre o Natal de 2008 e a posse de Obama em janeiro de 2009, Telavive garantiu que não haveria mais que oposição silenciosa durante os primeiros meses do governo Obama. Por isso, ninguém se surpreendeu com a ação de agente provocador, no Dia de Ação de Graças de 2010: Israel demoliu uma mesquita na Cisjordânia e uma vila na Palestina.

Ao final de sete horas ininterruptas de reunião, Hillary Clinton elogiou Netanyahu: “um pacificador”. Netanyahu concordara com “continuar o processo”. Enquanto isso, as eleições de meio de mandato nos EUA marcaram importante vitória de Israel: o novo líder da nova Maioria Republicana, Eric Cantor, sionista judeu, anunciou que a nova maioria “trabalharia como fiscal do governo Obama”.

O lobby tinha boas razões para pavonear-se. Confirmando o jogo de dupla pressão, o ministro de Negócios Estrangeiros de Israel Avigdor Lieberman proclamou: “é impossível qualquer acordo permanente”. 

A divulgação pela organização Wikileaks de telegramas diplomáticos confidenciais forneceu a Israel uma oportunidade para minar as relações internacionais dos EUA em todo o mundo, ao mesmo tempo que golpeou de morte os interesses dos EUA no Oriente Médio. Depois dos vazamentos, que nação confiará segredos ou a guarda de seus interesses aos EUA?

Em outubro, a Turquia requereu que os EUA não partilhem informações de inteligência com Israel. Hoje, quem aceitará o risco de partilhar informações de segurança com os EUA?

É possível que estejamos assistindo ao fim do governo Obama; os fracassos na política doméstica já foram eclipsados pelos fracassos na política externa.

Pode ser também uma espécie de ensaio geral do que serão as eleições primárias para 2012, com um Obama enfraquecido obrigado a indicar Clinton para a vice-presidência, ou ele se afastará e ela comandará o partido. 

Na campanha presidencial de 2008, Hillary prometeu que Israel seria reconhecida como “Estado judeu” e teria como capital “uma Jerusalém indivisa”. Telavive vibrou. Um segundo governo Clinton garantirá outra vitória a Israel – e nenhuma paz.

As táticas de dissimulação e fraude de que Israel serve-se têm mil e uma utilidades. Dessa vez, usaram WikiLeaks.

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