domingo, 30 de maio de 2010

“Amanhecer Violento” (1984) terá remake... Mas contra a China!

De: Caia Fittipaldi (tradutora) em: 30 de maio de 2010 17:31

(Interessante! Você não lerá na Folha de S.Paulo, nem no Estadão (o cenário é real).

30/5/2010. The Observer, reproduzido em The Guardian, UK, em

O filme [ing. Red Down, 1984] foi peça clássica do cinema para adolescentes dos anos 80s, narrado sobre o pano de fundo da geopolítica paranóica da Guerra Fria. “Amanhecer Violento” trouxe Patrick Swayze e Charlie Sheen como adolescentes norte-americanos típicos, que lideram um movimento armado de resistência contra tropas soviéticas que invadiram os EUA (uma espécie de Hamás-que-a-filha-da-Hillary-curtiu).

Agora, para alimentar a febre de filmes reciclados de Hollywood, “Amanhecer Violento” está sendo refeito com outros jovens simpáticos. Mas com pelo menos uma diferença chave: dessa vez, os exércitos que invadem os EUA são chineses, não soviéticos.

O inimigo remade mostra as mudanças pelas quais passa o mundo desde a queda do muro de Berlin. Primeiro, já nem existe URSS, o que dificultaria os enredos de novelas de ‘resistência’ nos EUA. Segundo, a geopolítica paranóica da Guerra Fria já recomeçou e já atacou toda a política dos EUA, dessa vez ativada pelo crescimento da China.

Só isso explica a distribuição viral de cenas vazadas das primeiras tomadas do filme, mostrando pôsteres de propaganda pró-China – perfeitos para disparar todos os medos dos norte-americanos em tempos de crise econômica brutal. Dado que a culpa não pode ser ‘dos mocinhos’, eles próprios, nem dos banqueiros, agora a culpa será “dos chineses”, que se estariam ‘infiltrando’ no âmago das famílias, seduzindo, primeiro, os adolescentes.

Um dos cartazes de propaganda antichineses, vazados da produção do filme, mostra uma mão amarela (chinesa!) estendida para ajudar um norte-americano esfarrapado “Ajudando-o a reerguer-se”, diz o cartaz. “Reconstruindo seu nome limpo”, diz outro, que mostra uma estrela comunista chinesa impressa sobre o mapa dos EUA, rachado ao meio.

O filme, previsto para ser lançado ainda esse ano, tem orçamento de 75 milhões e, como o original, vem estrelado por várias jovens estrelas ascendentes, não por nomes já consagrados. Entre eles, Connor Cruise, filho de Tom Cruise e Nicole Kidman; Chris Hemsworth, de “Guerra nas Estrelas” e Isabel Lucas, estrela de “Transformers”.

O filme não interessa pelo talento dos atores, mas porque, como o primeiro, é competente ao manifestar os tormentos de uma nação que se sente ameaçada. Na versão de 1984, que teve roteiro de John Milius (autor do roteiro original de “Apocalypse Now”), foi estrondoso sucesso de público, nos EUA, desde a estréia. O hiperpatriotismo e as cenas em que adolescentes arriscam a vida contra a “ameaça vermelha” muito contribuíram para o criar ânimo cenográfico patriótico dos EUA de Ronald Reagan.

Não é filme sutil, mas o sucesso financeiro o habilitou a ser escolhido como o filme favorito dos conservadores de todos os tempos. A operação para caçar Saddam Hussein depois da invasão do Iraque em 2003 foi batizada “Operation Red Dawn”, em homenagem a esse filme.

O remake terá praticamente o mesmo roteiro, embora, onde antes havia o medo dos comunistas, entra hoje o medo do declínio financeiro. Os chineses, agora, invadem os EUA e usam, como pretexto, a mentira de que vêm para resolver os problemas da economia dos EUA. Adolescentes furiosamente patrióticos combatem contra o Exército de Libertação da China Popular e traidores colaboradores que lutam ao lado do invasor. (...)

Cenas que vazaram da produção do filme já chegaram ao jornal Asia Times Online, onde se lia, em manchete, “Paranóia norte-americana, de volta em “Despertar Violento”, o retorno” (8/1/2010, em ). E dizia o escritor Ben Shobert, no artigo: “O filme e seus vilões dizem muito sobre as atuais inseguranças da sociedade norte-americana” (...)

Mas o mais forte símbolo do real declínio dos EUA e do real crescimento da China, paranoias à parte, não vem nem do roteiro, nem dos personagens, nem do ideário de propaganda que inspira o filme. Vem do fato de que grande parte do filme foi rodado nos semidestruídos (de fato!) bairros industriais da cidade de Detroit. As ruas desertas, as gigantescas fábricas abandonadas são o item realista – que entra como personagem não convidado – e fixa-se na tela, como cenário real das cenas de guerrilha urbana cinematográfica, mas nem por isso menos assustadoramente realista.

O artigo original, em inglês, pode ser lido em:

http://www.guardian.co.uk/world/2010/may/30/red-dawn-remake-china

Ou copiado a seguir:

guardian.co.uk home | The Observer home

Red Dawn is being remade, but China ousts Russia as America's new enemy

A remake of the 1984 cold war teen action film says much about America's fear of its declining influence in the world

· Paul Harris

· The Observer, Sunday 30 May 2010

FWRO

Patrick Swayze, C Thomas Howe and Charlie Sheen fighting a Russian invasion in the original1984 film Red Dawn. Photograph: Supplied By Alpha

The film was a classic piece of 1980s teen cinema framed against the paranoid geopolitics of the cold war. Red Dawn starred Patrick Swayze and Charlie Sheen as all-American teens leading an armed resistance movement against Soviet troops who had invaded the US.

Feeding on Hollywood's recent appetite for recycling old films, Red Dawn is being remade with a handsome new cast. But there is one vital difference: this time the invading communist army that takes over America is Chinese.

The new-look enemy reflects the changes that have swept the world since the fall of the Berlin Wall. First, the Soviet Union no longer exists, thus hampering any plot driven by its invasion of America. Second, a rich vein of paranoia about the rise of Chinese economic might now runs through American politics.

That would explain the viral spread of leaked stills from the movie showing mocked-up Chinese propaganda posters draped over a "Chinese/American Friendship Centre". The posters play on American fears about their nation's declining economic influence.

"Helping You Back On Your Feet" states one, showing a Chinese hand reaching down to pull up an American one. "Rebuilding Your Reputation" states another, with a Chinese communist star imposed over a map of America that has a large crack down the middle.

The film, due to be released later this year, is being shot on a budget of $75m and, like the original, features a roster of emerging stars rather than established A-list names. They include Connor Cruise, the son of Tom Cruise and Nicole Kidman; Chris Hemsworth, who was in the last Star Trek movie; and Isabel Lucas, who starred in Transformers.

However, the appeal of the film lies not in its acting talent but, like the first one, in its ability to reflect the worries of a troubled nation. The original Red Dawn, written by John Milius, who wrote the original script for Apocalypse Now, was a huge hit on its release in 1984. Its hyper-patriotism and depiction of ordinary American teenagers fighting off the "red menace" chimed with the mood of Ronald Reagan's America. It might not have been subtle, but it was a box-office hit that went on to be named a favourite conservative movie of all time. The hunt for Saddam Hussein after the invasion of Iraq in 2003 was named Operation Red Dawn in tribute to the movie.

The new Red Dawn is expected to follow in those cultural footsteps, albeit with a different enemy and reflecting not a nuclear-armed global stand-off, but rather America's fears over economic decline. The plot appears fairly close to the original. The invading Chinese troops use the pretext of America's economic problems to invade. Patriotic young people fight back against China's People's Liberation Army and the collaborators who work with them.

The Awl, a New York-based satirical website, last week obtained a leaked early copy of the script, which contained numerous scenes of high patriotism and a soundtrack that featured country star Toby Keith singing the song Courtesy of the Red, White and Blue. That theme has been taken up by the Asian media too. "US paranoia seen in new Red Dawn," said a headline on the Asia Times's website. Writer Ben Shobert went on to note: "The movie and its villains say much about current insecurities."

But cultural paranoia is only effective if based on some level of reality, and there is little doubt that America now regards the rise of China as the next major threat to its global dominance. Over the past decade China has pursued an active foreign policy in Africa and Latin America. Its rapidly growing economy is quickly catching up with the United States and it has recovered much quicker from the recent recession, which the US is still feeling. Such things have led to a strain of anti-Chinese sentiment in some parts of American politics and the media.

Those themes are played on in the new film, especially when depicting the surprise Chinese military attack that takes over the country. Yet perhaps the strongest symbol of America's decline and China's rise in the Red Dawn remake does not come from the movie's sets or script or even its plot. It comes from the fact that much of the movie was shot in and around the battered industrial city of Detroit. The city's emptying streets and many abandoned factories were seen as the perfect real-life backdrop for the city's war scenes.

http://www.guardian.co.uk/world/2010/may/30/red-dawn-remake-china

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