Está acontecendo um verdadeiro escândalo eleitoral logo aqui ao lado, na Colômbia, mas, no Brasil, estamos completamente alheios ao fato. Uma eleição está sendo roubada pelo regime de forma descarada, com relatos sucessivos de fraudes, intimidações, assassinatos e incursão de agentes norte-americanos no país para influírem no processo. Contudo, na imprensa brasileira mal se percebe que o país vizinho começou a escolher seu novo presidente.
Contrariando as pesquisas de intenção de voto, o candidato governista, Juan Manuel Santos, do Partido de Unidade Nacional, o mesmo do presidente Alvaro Uribe, teve mais do que o dobro dos votos do oposicionista Antanas Mockus, do Partido Verde, na eleição de ontem.
Os observadores internacionais e nacionais estão fazendo reiteradas denúncias. A candidatura de Santos teria sido beneficiada pela compra de votos, segundo acusa relatório da Missão de Observação Eleitoral (MOE) da Colômbia. Mesmo com a segurança reforçada em todo o país, foram registradas 17 ações armadas, de acordo com a entidade. Esses ataques impediram que muitos eleitores chegassem aos centros de votação. Houve bloqueio de estradas e a descoberta de explosivos em zonas rurais. Várias mortes foram registradas.
É voz corrente no país que está sendo encenada uma farsa ao fim da qual o candidato de Uribe será eleito. Tanto é verossímil essa versão que a abstenção chegou a 51%. A maioria da população nem se atreve a se arriscar a ir votar e sofrer pressões e constrangimentos. A transição vai sendo conduzida muito mais pela Cia do que pelo regime beneficiado pelas fraudes – um regime afundado em denúncias e escândalos de corrupção.
No entanto, você já ouviu o Arnaldo Jabor vociferar contra a Colômbia chamando o regime de Uribe de “ditadura”? Onde estão Globos, Folhas, Vejas e Estadões para condenaram essa farsa eleitoral na Colômbia, esse estupro da democracia que acontece aqui ao nosso lado? A eloqüência com que condenam a Venezuela ou a Bolívia que têm feito eleições inquestionáveis simplesmente vira fumaça diante de um país como a Colômbia, em que a democracia é uma enorme farsa.
No Bom Dia Brasil, por exemplo, nenhuma palavra sobre fraudes, pressões, assassinatos de eleitores ou sobre a incursão americana no processo eleitoral colombiano. Só falaram que as pesquisas “erraram”. A Folha de São Paulo desta segunda, nada noticiou sobre o assunto. O Globo diz que o candidato de Uribe “surpreendeu”. O Estadão diz apenas que o candidato do regime foi “o mais votado”. O Valor diz, seco, que “haverá segundo turno”.
A exceção foi o Jornal do Brasil, reportando denúncias de compras de votos, e matéria do UOL que não foi parar no jornal do grupo Folha.
Junte-se essa postura da imprensa brasileira com a que adotou em relação ao golpe em Honduras, criando mais uma expressão polêmica, a do “golpe constitucional”, ou a discurseira que os veículos de Marinhos, Frias, Civitas e Mesquitas mandaram seus capangas “colunistas” e “blogueiros” espalharem sobre cassar a candidatura Dilma Rousseff por “propaganda antecipada” e se terá claro quanta ameaça ainda pesa sobre a democracia brasileira.
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