quarta-feira, 16 de junho de 2010

Escola Nacional Florestan Fernandes - MST

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Via correio RedeReformaAgrária

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ENFF: cinco anos na formação política de trabalhadores

A Escola Nacional Florestan Fernandes, localizada em Guararema (SP), é exemplo de como o conhecimento compartilhado e aprofundado pode elevar a consciência dos trabalhadores e interferir na luta concreta por melhores condições de vida e de trabalho. Em 2010, a Escola completa cinco anos de existência e avalia como positivo o trabalho desenvolvido deste então.

Em 2005, mais 1,2 mil trabalhadores organizados no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se envolveram em mutirão e construíram o espaço. Cinco anos depois, intelectuais que apoiaram a iniciativa da construção da escola fundaram a Associação Amigos da Escola Florestan Fernandes com o objetivo de avançar na luta política, teórica e prática no Brasil.

O coordenador da Escola, Geraldo Gasparin conversou sobre este momento atual da ENFF com a Radioagência NP. Para ele, em um contexto de crise econômica como este, o papel da Escola consiste em organizar a resposta da classe trabalhadora à ofensiva dos capitalistas.

Radioagência NP: Geraldo, como surgiu a ideia da construção da Escola Nacional Florestan Fernandes?

Geraldo Gaparin: A Escola é fruto da necessidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de intensificar seu processo de formação, de qualificação e de preparação dos seus quadros, militantes e dirigentes. Sabemos que ao longo da história das organizações e movimentos sociais, as organizações que não investiram bem na tarefa da formação tiveram enormes dificuldades e muitas até desapareceram.

RNP: Como foi o processo de construção da Escola?

GG: A Escola é fruto justamente da solidariedade da classe trabalhadora. Em vários momentos, o MST colocou a necessidade de construir uma escola que fosse fruto do esforço e trabalho voluntário da própria militância. Esse é um pilastre fundamental, o trabalho voluntário, solidário. Enfim, é uma escola de terra, feito para os sem-terra e para o conjunto da classe trabalhadora aprofundar o conhecimento, o estudo, a elaboração teórica, tão fundamental na luta de classes. Procuramos fazer sempre essa reflexão da teoria com a prática, a teoria determinando a prática e a prática também se refazendo a partir da própria elaboração teórica.

RNP: Como é o trabalho com as pessoas que passam pela Escola?

GG: A Escola tem a preocupação de aprofundar conhecimentos basicamente nas áreas de ciências humanas, abrangendo cinco grandes áreas do conhecimento que é filosofia, a economia política, a sociologia, a teoria da organização, a questão agrária que envolve a luta específica do movimento sem-terra, a questão da história da luta de classes e da humanidade, enfim. É um conjunto de conhecimento que nós tratamos como currículo mínimo para todos os cursos que passam na Escola. Então, todos os cursos tem um período intenso de vivência, de experiência e de aprofundamento teórico no espaço da Escola, e um outro período [passado] nas comunidades, nas atividades políticas organizativas de onde os militantes são oriundos.

RNP: Em que termos o método de Florestan Fernandes é pensado na ENFF?

GG: É preciso elevar o nível de consciência das massas. Então a formação, o estudo, o conhecimento, a investigação, a elaboração teórica, o estudo científico da própria realidade é uma defesa que Florestan nos ensina e fez esta aposta enquanto militância.

RNP: Como a Escola se mantém financeiramente?

GG: Hoje ela está sendo mantida pelo apoio de intelectuais, de amigos e professores que contribuem voluntariamente com os cursos aqui na Escola e também com apoio financeiro.

RNP: Qual o papel da Associação Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes?

GG: A Associação surge para dar esse apoio político e financeiro para a Escola, de ser um espaço de formação que procure articular as diferentes forças da esquerda no Brasil, dos movimentos sociais, de pessoas comprometidas com o pensamento transformador da realidade brasileira.

RNP: A atual crise econômica que atinge toda a classe trabalhadora. Qual a tarefa da Escola nesse período?

GG: Em nenhum outro momento da história a classe trabalhadora foi tão massacrada em seus direitos. Por outro lado, em nenhum outro momento da história a classe dominante – a burguesia – acumulou tanto poder, riqueza e capital. Há uma ofensiva do capital sobre o mundo do trabalho. O trabalhador precisa se rearticular, repensar suas formas de luta e instrumentos organizativos e buscar se qualificar para esse enfretamento. A classe trabalhadora, mais do que nunca, tem a tarefa histórica de acumular forças no campo da formação política e ideológica

15/06/10

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