08/10/2010
(Chico Villela) Hoje, 7 de outubro, veteranos dos EUA das guerras do Iraque & Afeganistão iniciam campanha nacional com tema que é também gravíssima denúncia.
(Veja abaixo vídeo de manifestação anterior da organização IVAW – Veteranos do Iraque contra a Guerra; mais vídeos são indicados na coluna à direita).
A data de hoje é significativa: há nove anos exatos iniciava-se a guerra de agressão e genocídio contra os povos afegãos: pashtuns (muitas tribos), hazaras, tadjiques, uzbeques, turcmenos, quizilbaches e mais de uma dezena de outros menores. São quase vinte povos no território do país.
Doze anos antes, Bush pai havia invadido o Iraque e dado início ao tema da campanha, com centenas de milhares de tropas em retorno ao país portadoras do conjunto de sintomas clínicos conhecido como Síndrome da Guerra do Golfo. Em 2003, foi a vez de Bush filho dar continuidade ao crime de guerra do pai, com a invasão e ocupação do Iraque, que se eterniza.
[Antes, em 2001, havia invadido o Afeganistão a pretexto de punir seu governo por dar abrigo a Osama bin Laden. A mídia grande não noticiou que o Taleban, então no poder, anunciou que entregaria Osama Bin Laden mediante a apresentação de provas concretas (ainda inexistentes) de sua ação nos atos terroristas de 2001. Até hoje a CIA e outras agências, como o Mossad israelense e o MI6 britânico, falsificam “comunicados” e “pronunciamentos” de bin Laden. O último, risível, surgiu há cerca de um mês, e trata das enchentes do Paquistão. Apresenta a voz de um Bin Laden líder ambiental. Todos os fatos e depoimentos apontam para que Osama Bin Laden morreu em dezembro de 2001, próximo às montanhas de Bora Bora, e foi incinerado numa cerimônia singela, na presença de alguns parentes e amigos de luta. Mas é mantido “vivo” pelo império, que necessita disso e da “ameaça” da ficção “Al Qaeda”tanto quanto o império do clássico romance 1984, de George Orwell, necessitava do falso inimigo permanente. Caso contrário, como justificar a guerra afegã e sua extensão invasiva pelo Paquistão?]
Da mesma forma que o governo dos EUA e o Pentágono precisam do fantasma de Bin Laden e da permanente mentira sobre seus pretensos atos e os dos seus “seguidores”, precisam também desesperadamente de seus soldados e das mentiras sobre seu estado de saúda física e mental. O foco da campanha da IVAW é a exigência da interrupção do envio à guerra de veteranos ainda não recuperados: Operação Recovery: Parem o Envio de Tropas Traumatizadas. Recovery tem sentido de retorno, mas também de restabelecimento, recuperação. Como faltam tropas, o Pentágono exaure as energias de saudáveis e de doentes, e reenvia muitos deles ainda em tratamento aos teatros de guerra, mesmo contra aconselhamento de médicos militares. Parte da campanha será a revelação dos nomes dos oficiais responsáveis pela prática.
O panorama é trágico: são centenas de milhares em tratamento clínico de PTSD (desordem de estresse pós-traumático), TBI (ferimento traumático no cérebro) e MST (trauma sexual militar), e de ferimentos generalizados, além de doenças causadas por intoxicação por urânio empobrecido (depleted uranium, DU) e outras armas tóxicas. A sigla PTSD abriga dezenas de manifestações de doenças psicológicas, e pode incluir mesmo tendências suicidas. O índice de suicídios entre veteranos militares é o maior do país entre grupos de profissionais. Não raro, o suicídio é antecedido da eliminação da família.
O DU, de uso indiscriminado em projéteis de todo tipo, de mísseis a balas de fuzil, é radiativo e produz dezenas de doenças graves, e sempre termina por levar o doente à morte. Por afetar o DNA, provoca nascimentos de bebês com graves deformações. Já são mais de 15 mil os casos de filhos de militares dos EUA com lesões de toda ordem. Suas conseqüências, junto às de outras armas tóxicas, para iraquianos são ilustradas pelo horror vivido hoje em dia pela população da cidade de Fallujah, onde 25% dos bebês nascem com deformações irreversíveis.
Na semana passada ocorreram quatro suicídios na base militar de Fort Hudson, a mesma em que, recentemente, um psiquiatra militar matou 13 colegas antes de ser morto. A recente revelação de “assassinatos por esporte” no Afeganistão chocou o mundo apenas porque a imprensa grande é absolutamente omissa sobre temas similares. O pai do jovem militar revelador dos crimes, e que entrou na luta junto à Justiça, conta que, pelos comentários do filho em várias ocasiões, todos os militares da base sabiam e que ninguém dá atenção ao fato, e que este é um comportamento disseminado entre todas as tropas. Matar “seres inferiores” é “natural”, em especial pessoas que podem vir a ser o inimigo em breve. Fatos como esse explicam os traumas de reintegração à vida social e familiar após a volta da frente de batalha.
Os interessados em apoiar a Operação Recovery podem assinar a petição no fim da página da organização Democracia em Ação.
Extraído da NovaE