domingo, 10 de outubro de 2010

Israel aprova “juramento de lealdade”

Comentário da Vila Vudu

O que mais os falsos democratas inventarão?

No Brasil, Serra tenta impingir aos brasileiros seus projetos religiosos-midiáticos e golpistas “democráticos” (?!) ..
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O jornal O Estado de São.Paulo censura a livre manifestação de pensamento de um(a) de seus colunistas contratados, demite a moça e inventa que não censurou, apenas faz “limpeza  ideológica democrática”(?!)

E Israel decide exigir dos árabes que jurem lealdade a um “Estado judeu democrático”! Para Netanhyahu, o roubo de terras palestinas seria “roubo democrático”(?!).


10/10/2010, Al-Jazeera, Qatar - Traduzido pelo coletivo Vila Vudu 


A nova emenda constitucional está criando divisões entre esquerda e direita em Israel[Reuters]

O gabinete israelense aprovou hoje proposta de lei que exige que novos imigrantes jurem lealdade ao “Estado judeu democrático”.

A terminologia disparou centenas de protestos e acusações de racismo, de árabes que veem, na nova lei, ataque direto aos direitos da minoria árabe que vive em Israel como cidadãos árabes-israelenses.

Também aumentaram as tensões com os palestinos, num momento de impasse nas conversações de paz, porque Israel decidiu não manter o congelamento (de fato, apenas parcial) de novas construções de colônias exclusivas para judeus em territórios palestinos ocupados.

A lei recebeu apoio do partido Yisrael Beitenu [Israel, nosso lar], partido da direita ultranacionalista, cujo líder, Avigdor Lieberman, sempre criticou abertamente o congelamento de construções de colônias exclusivas para judeus.

A lei aprovada hoje, domingo, pelo gabinete israelense talvez seja tentativa de vencer a oposição de Lieberman a uma prorrogação, se não do congelamento total, pelo menos de um congelamento parcial das construções – embora vários políticos tenham negado qualquer conexão entre as duas questões.

Mike Hanna, jornalista da rede Al Jazeera, informou, de Jerusalém, que a nova lei passará a ser vigente logo que seja aprovada por maioria simples, no Knesset [Parlamento de Israel].

Se o projeto de lei do gabinete foi aprovado, passará a caber à Suprema Corte decidir se os termos em que o projeto está vazado agridem ou não o que determina a constituição do país.

Gabinete dividido

Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, já manifestara apoio ao projeto de lei, mesmo antes da votação.

“O estado de Israel é estado nacional dos judeus, e é estado democrático para todos os judeus” – disse Netanyahu. “Israel é a única democracia do Oriente Médio. Não há outro estado judeu no mundo. Infelizmente, ainda há muitos que tentam, não apenas impedir a única conexão que há entre o povo judeu e a terra que lhe foi dada por deus, mas também não querem aceitar qualquer conexão entre os judeus e seu estado nacional”.

Em entrevista à rede Al Jazeera, pouco depois de o projeto de lei ter sido aprovado pelo Gabinete, Shmuel Sandler, professor da Universidade Bar-Ilan em Israel, disse que “A lei permite que cada um tenha a religião que queira e a nacionalidade que queira. Mas quem quiser ser cidadão de Israel terá de jurar fidelidade ao estado judeu democrático".

Segundo o correspondente de Al-Jazeera, “houve vozes, no próprio gabinete, que argumentaram que essa lei criará dificuldades para Israel, na comunidade internacional”.

A esquerda israelense tem-se manifestado insistentemente contra a nova lei de cidadania, apesar do Partido Labour integrar a coalizão que compõe o governo de Netanyahu.

“Há cheiro de fascismo à volta da sociedade israelense”, disse Isaac Herzog, ministro de Assuntos Sociais, do Partido Labour, em entrevista à rádio do exército, hoje.

“Israel está sob um tsunami de medidas que restringem direitos. Sinto cheiro de fascismo no Parlamento, nas comissões e departamentos responsáveis pela propositura de projetos de leis.”

Na mesma direção, Dan Meridor, do Partido Likud, disse que a lei excluirá 1,5 milhões de palestinos que são cidadãos israelenses; e criará uma fenda intransponível entre eles e o estado de Israel.

Palestinos criticam

Nour Odeh, correspondente de Al-Jazeera em Ramallah, na Cisjordânia, fala de forte reação contra a nova lei: “Definir um estado pela etnia ou religião da maioria dos cidadãos é prática que jamais se viu no mundo contemporâneo.”

Se a lei for aprovada pelo Parlamento israelense, afetará imediata e diretamente os palestinos na Cisjordânia e em Gaza que sejam árabes-israelenses e pretendam casar ou que já tenham casado e estejam à espera da regularização de seus documentos – informa Odeh.

Hoje pela manhã, Ahmad Tibi, representante árabe no Parlamento israelense, disse à rede Al Jazeera que a lei visa diretamente a atingir os palestinos – não os judeus imigrantes que cheguem, porque esses já chegam sob a proteção da Lei do Retorno, de Israel.

“Os palestinos terão de declararam que a terra onde vivem é terra dos judeus, que os palestinos não passam de hóspedes. Se se trata de democracia, é preciso garantir leis igualitárias para todos os cidadãos”, disse Tibi.

Disse também que a nova lei é mais um modo de pressionar a Autoridade Palestina, como pré-condição para as conversações de paz.

O reconhecimento de Israel como estado judeu é uma das principais exigências de Netanyahu, para qualquer eventual acordo de paz que venha a ser firmado com os palestinos.

De fato, a lei obrigaria os palestinos a renunciar a direitos seus

Os palestinos várias vezes já rejeitaram a exigência de Netanyahu, porque ela implicaria que os palestinos renunciariam ao direito de retorno para todos os refugiados.

“Se o Parlamento aprovar a nova lei de cidadania, nem os refugiados nem seus descendentes poderão voltar à própria terra, de onde foram expulsos pelos israelenses”, disse Marwan Bishara, principal analista político da rede Al Jazeera.

“Essa lei, de fato, impede que as negociações avancem na direção de qualquer novo encaminhamento sobre a questão do estado palestino e dos refugiados. Nenhum refugiado jamais jurará fidelidade a qualquer estado judeu – o que implicaria reconhecimento da entidade sionista que os expulsou e roubou.”

O Partido Yisrael Beitenu de Lieberman fez intensa campanha eleitoral, ano passado, a favor de uma versão ainda mais dura da mesma lei de fidelidade, que se aplicaria aos árabes nascidos em Israel e incluiria prestar serviço militar obrigatório ou prestar outros tipos de serviço ao estado israelense.

O Partido Yisrael Beitenu é o segundo maior partido, depois do Likud de Netanyahu, que compõe a coalizão que governa Israel.

O artigo original pode ser lido em: Israel approves loyalty oath