Laerte Braga
Sherlock Holmes, célebre personagem do escritor Conan Doyle, costumava resolver intrincados mistérios a partir de detalhes. Pelo jeito de uma pessoa se vestir, andar, falar, a forma como se assentava, toda uma gama de detalhes que somados lhe permitiam chegar ao criminoso.
E quando perguntado por seu amigo o médico Watson sobre como conseguira, respondia com o clássico “elementar meu caro Watson”.
José Arruda Serra aposta na passionalidade da campanha eleitoral neste segundo turno. É maneira de evitar que os programas de governo sejam discutidos, que a realidade do Brasil de Lula com o Brasil de FHC seja enxergada, comparada, tanto quanto, de passar mentiras que pretende se transformem em verdades, tudo nesse modo paixão, forma de cegar as pessoas e impedir num primeiro momento a percepção clara dos fatos.
Tem a seu favor a mídia privada – podre, corrupta – e apoios das principais quadrilhas nacionais e internacionais, interessadas na posse de um país com dimensões continentais.
Na cabeça de Arruda Serra e seus seguidores esse clima tem que durar até o final da votação, dia 31 de outubro. O depois é outra história. Começa, imaginam eles, a realidade da corrupção e das mentiras tucanas.
Brasileiros e Brasil passam a ser meros detalhes nos negócios.
O ex-governador de São Paulo disse que o fato denunciado pela candidata Dilma Rousseff envolvendo um ex-diretor de uma estatal paulista em seu governo, o roubo de quatro milhões de reais do caixa dois de sua campanha, é um “factóide”.
São muitos os detalhes nessa história toda. Paulo Preto ocupava um cargo estratégico numa empresa estatal do governo de São Paulo – DERSA. O contato direto com empreiteiros que realizavam obras para o governo paulista ficava ao seu cargo e os caminhos para as propinas eram abertos por ele.
Aloísio Nunes, eleito senador, pretendia ser o candidato tucano ao governo do estado e autorizou Paulo Preto, seu amigo e indicado por ele para o cargo, a recolher “doações” para sua campanha e a de Arruda Serra.
Foram muitos os indicados. Roberto Freire, por exemplo, transferiu seu domicílio eleitoral de Pernambuco para São Paulo onde se elegeu deputado federal (Em Pernambuco estava perdendo todas as eleições que disputava), Serra arrajou para Freire uma sinecura como conselheiro de uma estatal (12 mil por mês) e colocou toda sua experiência em pilantragem a serviço do tucanato.
Paulo Preto, posto ali para isso, levantou alguns milhões de reais e “guardou” quatro para si. Como ladrão que rouba de ladrão tem cem anos de perdão tanto Aloísio quanto Arruda Serra ficaram calados, absorveram o golpe, o prejuízo. Registrar queixa, digamos, de um fato assim? Como explicar que o dinheiro era produto de propinas?
No debate entre Dilma e Arruda Serra na REDE BAND assim que o assunto foi levantado houve um nítido vacilo de Arruda Serra. Não soube o que responder. Aloísio Nunes que estava na platéia levantou-se e foi embora (para não ter que responder a perguntas de jornalistas após o debate) e só depois de sinais do marqueteiro (aquele que transforma candidatos em marca de sabão em pó) Arruda Serra esboçou algum comentário sobre o assunto.
Na segunda-feira, dia 11, um dia após o debate, o candidato disse que haviam criado um factóide em torno do assunto, que nada daquilo acontecera. Já havia, ele e seus assessores, discutido como tratar o assunto e evitar o impacto da corrupção junto à opinião pública.
Aí, a forma de rotular o acontecimento, o roubo, como um factóide deixando de discutir ou apresentar qualquer explicação sobre o mesmo.
Típico de criminosos; e tucanos são criminosos da cabeça aos pés.
Quanto menos se falar no crime maiores são as chances de sair ileso, de não ser punido e no caso dele Arruda Serra, ter que explicar o trambique.
O detalhe nessa história toda? Por que Aloísio Nunes, assim que o assunto veio à baila, levantou-se e foi embora?
Arruda Serra acha que as pessoas são idiotas, que pode enganá-las com essas explicações superficiais, esses rótulos que não explicam nada.
A arrogância tucana é conhecida em qualquer canto do País. É marca registrada e FHC, o maior deles, é a síntese dessa presunção. Não admite que ele um doutor em tudo, criador do céu e da terra, possa ter saído do Planalto pela porta dos fundos para não ser vaiado e um operário presidente tenha índices de aprovação superiores a 78%.
Arruda Serra, em entrevista concedida a Chico Pinheiro e Carla Vilhena, em 2006, para o SPTV – noticiário regional de São Paulo – candidato ao governo do estado, deixou escapar a seguinte frase – “os migrantes são culpados pela falta de qualidade da escola pública” –. Referia-se aos nordestinos que migraram de seus estados para São Paulo. A afirmação preconceituosa de Arruda Serra está aos 5m e 45s do programa.
Uma tucana de plumagem média, no dia 3 de outubro de 2010, enviou a seguinte mensagem a uma companheira – “pena que Tiririca não ofereceu passagem para os eleitores dele voltarem aos seus estados de origem, seriam um milhão de pessoas a menos em São Paulo”.
Na cabeça de tucanos São Paulo é um país vizinho que fala a mesma língua que a nossa e ainda de quebra carrega o resto do País. É exatamente o contrário.
A entrevista de Arruda Serra pode ser vista em:
e
Rodrigo Vianna, o autor das denúncias, era jornalista da GLOBO à época e narra que, furioso com a divulgação da entrevista (queria que a frase fosse cortada), Arruda Serra entrou em contato com os diretores gerais da GLOBO e a partir daquele momento não só o assunto não mais foi ventilado, como as entrevistas futuras as perguntas passaram a ser tipo levantar a bola para o candidato fazer o gol.
Que Arruda Serra e GLOBO são pilares da mentira no Brasil qualquer pessoa minimamente bem informada sabe.
No clima de, digamos assim, fúria santa, que se criou em torno da questão do aborto, o candidato tucano evita de todas as formas que seja divulgada a portaria que baixou como ministro da Saúde regulamentando o aborto em determinadas situações.
Arrastou a parcela medieval da Igreja Católica Romana a sua cruzada de hipocrisia, pastores de igrejas e seitas neopentecostais; transformou o assunto numa discussão passional e mesmo atropelado pelas declarações de uma de suas coordenadoras, Soninha, confessando que fizera um aborto, busca manter de todas as formas a sua postura de defensor da vida contra os malfeitores.
É quando a hipocrisia chega ao seu limite máximo.
Por trás disso o que?
O problema de Arruda Serra é ser presidente a qualquer custo. De qualquer forma. Há um processo inconcluso, a venda do Brasil, do que FHC não conseguiu vender, que precisa ser arrematado de todas as maneiras possíveis, é compromisso assumido com os donos.
Consciente que um dos baluartes contra suas mentiras tem sido as redes sociais na internet, o candidato conseguiu da empresa norte americana GOOGLE formas de censura sobre o conteúdo de seus canais, evitando que temas indesejados sejam discutidos de forma clara, debatidos com transparência e ameaça com censura a rede mundial de computadores.
O faz de forma dissimulada, seja retirando denúncias de adversários de Arruda Serra, dificultando o envio dessas denúncias.
Associações de direitos civis nos Estados Unidos estão iniciando um grande batalha contra o governo daquele país que se arvora o direito de xeretar mails, mensagens enviadas via celular, numa clara violação ao direito de livre expressão, suprimindo essa liberdade exceto, aí o pulo do gato, a liberdade de redes como GLOBO, jornais como FOLHA DE SÃO PAULO, revistas como VEJA, mentirem despudoradamente, sem que tenham que se explicar.
Podem forjar denúncias, omitir fatos, falsear dados de pesquisas, tudo, desde que o objetivo seja atingido.
Cretino absoluto, sem nenhum vestígio de dignidade ou respeito pelas pessoas Arruda Serra aposta que todos são idiotas. Joga com a ingenuidade de determinada parcela da população. Usa setores e pessoas ao bel prazer de seus interesses criminosos.
O Brasil se vê diante dessa ameaça grave de retrocesso. A perspectiva de eleger um candidato do crime organizado, Arruda Serra (é do crime de alto coturno) ou escolher uma candidata de um governo que malgrado erros ali e aqui, transformou o País numa nação respeitada em todo o mundo.
Para isso José Arruda Serra aposta que todos são idiotas. Que é possível enganar a todas as pessoas, ou à maioria delas.
É só um político venal, corrupto e sem entranhas. Ele e seus tucanos. Sem exceção.
E ainda arranjou um carregador de pasta, aspone como se dizia, que engoliu os genéricos, o plano real, a moratória de brincadeira, falo do ex-quase prefeito de Aracaju passando por Niterói, Itamar Franco.