sábado, 11 de dezembro de 2010

Democracia ateniense, 24 horas no ar

[excerto da entrevista com membros não identificados do “grupo’”Anonymous, de hackers]
8/12/2010, The Economist – The 24-hour Athenian democracy
Excerto traduzido pela Vila Vudu
   

“Cerca de dez pessoas, chamadas “OPs” [aprox. “Operadores”] podem lançar um ataque. Se algum OP abusa – se não consegue entrar no que os Anonymous chamam de “ideia do enxame” [orig. the hive mind] nas conversas online –, os outros OPs podem bloqueá-lo e excluí-lo da conversa [orig. chat].

Se acontece de algum Anomymous não se sentir motivado, inspirado, para atacar o alvo definido, pode retirar a própria máquina do bloco [orig. botnet] voluntário, o que diminui o efeito do ataque.

Anonymous é democracia ateniense, 24 horas no ar, dirigido por um comitê formado por quem esteja acordado e plugado. É difícil, até, definir os Anonymous como “grupo”, porque nem todos os membros participam de todas as ações. 

A tentativa de derrubar a página de Lieberman, por exemplo, é parte de um esforço chamado “Operação Dar o Troco” [orig. “operation payback”], manifestação de apoio a Assange. Segundo Mr Correll [nome fictício]:

Os Anonymous não têm qualquer hierarquia típica de comando, mas cada missão tem um corpo organizador autonomeado, dedicado a ela. Esse corpo organizador inicia o processo de configurar a necessária infraestrutura, de recrutar novos membros, de pesquisa/definição/identificação de alvos vulneráveis, contatos com a mídia e tudo mais. Mas o corpo organizador é livre para mudar (e mudou) enquanto a missão evolui de dia para dia.

Observei pelo menos um levante [orig. takeover], quando um grupo não estava feliz com o que o grupo maior estava fazendo. Steve (de TheTech Herald) e eu pedimos que o Pirate Party lançasse manifesto para que a Operação Dar o Troco suspendesse os ataques e voltasse às medidas legais de protesto. Muitos organizadores concordaram, mas a massa maior dos Anonymous não concordou. Ficaram furiosos com os organizadores e assumiram temporariamente o controle de toda a campanha, inclusive distribuíram suas próprias declarações à mídia.

Os Anonymous entendem as próprias limitações. Aqueles com os quais conversei sabem que derrubar a página Internet de um Procurador de Justiça sueco não paralisará a Procuradoria de Justiça na Suécia. Têm vários termos para descrever suas motivações: “para conscientizar”, “para mostrar ao Procurador que temos capacidade de ação” e “[para causar] dano e [chamar] atenção”. Isso é tudo que um ataque “dedicado de negação de serviço” [orig. dedicated denial of service (DDoS)] pode fazer: registrar um protesto. Não é ciberguerra: é ato de propaganda. Só alcança um conjunto limitado de páginas: vulneráveis, mas não decisivamente importantes. Ou, nas palavras de um Anonymous, ontem, quando discutia alvos possíveis:

“Paypal e Visa são inderrubáveis. Everydns, também, e a Interpol nos come o rabo. O melhor, como alvo da nossa ira é Postfinance. Quem é esse porra de [Sr.] lieverman (sic)?

Apenas um senador dos EUA. Quase foi vice-presidente. Mas faz muito tempo.

Um comentário:

  1. Sobre o Senador Joe Liberman (http://lieberman.senate.gov/), Democrata, mas sionista reacionaríssimo e que está liderando a campanha contra WikiLeaks, sabe-se de fonte SUPER confiável:


    Lieberman é um troço horroroso que flutua na classe política dos EUA, a qual por si-mesma nunca se distinguiu, desde a Administração de George Washington, portanto ainda no século XVIII, como flor que se cheire.

    Os brasileiros lidamos quase integralmente com nossas mazelas e, por influência da máquina de propaganda-publicidade da Hiperpotência em crise, audiovisualmente presente em toda parte, acreditamos que a máquina política refoge a defeitos a que estamos habituados. Nada disso!

    Corrupção, subornos, tráficos de influência de toda ordem são comuníssimos em Washington e nas instâncias estaduais. Mas, voltando ao indigitado hiperssionista, ele é um desastre em política externa e de defesa, reacionaríssimo. Suas posições a respeito conduzem-no mais aos ninhos de falcões republicanos que aos dos barões democratas. Curiosamente, na área interna, assume posições progressistas, v.g., pró-sindicais e pró-aborto.

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