segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Al-Mayadeen entrevista Sayed Hassan Nasrallah

16/1/2015, TV Al-Mayadeen, Líbano − (vídeo)
Excertos traduzidos pelo pessoal da Vila Vudu


Aprendemos muito, nos combates na Síria, sobre entrar em cidades, libertá-las e fixar novo comando. (...)
Quando a Resistência convocar seus combatentes para entrar na Galileia, significa que serão capazes de entrar e ir até bem além da Galileia. [1]


Sayed Hassan Nasrallah em 14/1/2015
Durante longa entrevista ao canal Al-Mayadeen da televisão libanesa, o Secretário-Geral do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, revelou que a Resistência está pronta para a próxima batalha contra a entidade sionista no território ocupado da Palestina. Na entrevista, de três horas, Sua Eminência também falou dos desafios políticos e de segurança na Síria, no Iêmen e no Bahrain.

Foi a mais longa entrevista do secretário-geral do Hezbollah, uma maratona de três horas de intensa discussão política, durante a qual o secretário-geral da Resistência libanesa expôs sua visão política sobre os desenvolvimentos na região.

Um dos comentários mais surpreendentes foi feito logo no início da entrevista, quando o líder do Hezbollah revelou que o movimento da Resistência está pronto para a próxima batalha contra a entidade sionista no território ocupado da Palestina.

Sua Eminência disse:

A Resistência está pronta para entrar em Al-Jalil e além desse ponto, e levar os combates para dentro do território do inimigo, se acontecer algum dia algum ataque contra o Líbano. Aprendemos muito, nos combates na Síria, sobre entrar em cidades, libertá-las e fixar novo comando.  

Segundo Sayed Nasrallah, esse controle exige armamento avançado que, disse o chefe do Hezbollah, não param de aumentar em número e em capacidades.

Depois de revelar que o grupo já tem mísseis Fateh 110 desde a guerra de 2006, Sayed Nasrallah disse que

As capacidades militares da Resistência crescem ano após ano. Agora temos tudo que o inimigo espera e o que não espera, inclusive armamento de todos os tipos.

O Secretário-Geral também falou sobre o Hamás, depois que as relações deterioraram ao longo dos últimos quatro anos, por causa dos eventos na Síria. Sayed Hassan disse que o grupo da resistência palestina demonstrou desejo de reforçar seus laços com o Irã e com o Hezbollah, e acrescentou:

Mesmo que o Hamás escolha recompor suas relações com o governo sírio, a Síria terá alguma dificuldade em aceitar, por causa dos eventos e desenvolvimentos passados.

Durante a entrevista, que foi centrada na situação da Síria, Sayed Nasrallah falou muito diretamente sobre o destino do governo do presidente Bashar al-Assad:

A ideia de derrubar o regime ou de controlar a Síria simplesmente já não existe. Estou falando com conhecimento de campo e posso garantir: acabou-se. Agora todos temos de falar exclusivamente de uma solução política para pôr fim à violência.

Sobre a Arábia Saudita, Sayyed Nasrallah disse que o papel do reino saudita na região está entrando em colapso, e acrescentou:

O papel da Arábia Saudita na Síria foi muito reduzido depois que entraram em cena o ISIS e a Frente al-Nusra. As duas facções tornaram-se fortes demais para serem manejadas e agora já ameaçam o reino.

Mas Nasrallah reconheceu que a Arábia Saudita poderia ter forte influência em qualquer negociação potencial para alcançar uma solução política na Síria, apesar de também reconhecer que quem joga com as cartas mais fortes ainda é a Turquia. O líder da Resistência libanesa explicou que

(...) a Turquia tem fortes laçõs militares com o ISIS, e se decidir tomar a via de uma solução política, será mais fácil resolver o conflito sírio. Mas nenhuma solução à custa do governo do presidente Bashar Assad será jamais solução.

Sayed Nasrallah também comentou a crise que se alastra pela ilha do Bahrain no Golfo Pérsico:

A oposição já disse que está pronta para adotar uma solução política com o regime. Mas a Arábia Saudita rejeitou todas as mediações regionais para pôr fim à crise, insistindo em dissolver lá mesmo a revolução pacífica.

O popular líder da resistência libanesa encerrou a entrevista-maratona, com votos de que 2015 traga paz e estabilidade a toda a região ainda varrida pela guerra.




Nota dos tradutores
[1] Israel não prestou atenção ao aviso. Atacou hoje um comboio do Hezbollah na parte síria das colinas do Golan e matou o comandante do Hezbollah na Síria, com outros seis combatentes da Resistência. Um dos mortos hoje é Jihad Imad Mughniyeh, filho do comandante Imad Mughniyeh do Hezbollah, morto por agentes israelenses há alguns anos. No ataque, Israel usou mísseis disparados de um helicóptero que sobrevoava território israelense” [18/1/2015, Moon of Alabama, (em tradução).

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