quarta-feira, 30 de junho de 2010

A TAL TECNOLOGIA

Laerte Braga

João Saldanha costumava dizer que quando eliminassem erros de juízes o futebol ia para o brejo. Referia-se a parar o jogo e conferir na telinha. A mesma opinião tem o ex-presidente da FIFA João Havelange. Resistiu durante anos a pressões para mudanças nas regras. Só aceitou coibir que o goleiro pegue com as mãos bola atrasada.

Duvido que o bandeirinha não tenha percebido que a bola chutada pelo atacante inglês, seria o gol do empate, entrou. Como duvido que o outro bandeirinha não tenha percebido o impedimento de Tévez no gol contra o México. De qualquer forma futebol tem dessas coisas, a Inglaterra foi campeã do mundo em 1966 com uma bola que não entrou e contra a mesmíssima Alemanha.

Em 1978 a Argentina comprou um argentino naturalizado peruano, o goleiro Quiroga, para fazer o gol a mais que necessitava e passar às finais. Foi campeã do mundo, a despeito do excelente futebol que sempre teve, num gesto de agradecimento de Havelange à ditadura militar por apoio em sua reeleição para a FIFA.

Foram duas copas claramente manipuladas.

O curioso é que a crítica à armação, evidente, foi de Cláudio Coutinho, ex-capitão do Exército e técnico da preferência dos militares para a seleção depois do fracasso na Copa de 74. Falou em Brasil, “campeão moral”.

Na Copa inventou um quarto zagueiro, Edinho, de lateral esquerdo e barrou Rivelino e Nelinho. Coutinho surgiu em 1970, auxiliar de preparador físico, uma espécie de fiscal dos militares na Comissão Técnica.

E exatamente depois do episódio de destituição de João Saldanha. Desde que declarou que não convocaria Dario para satisfazer o presidente da República, Saldanha estava com os dias contados. “Eu não nomeio os ministros dele, ele não convoca os jogadores da minha seleção”.

A miopia de Pelé que tanto badalam foi por outra razão. Não se tratava de miopia oftalmológica, digamos assim, mas mental no curso de um processo em que o jogador estava sendo triturado. E Saldanha não barrou Pelé, apenas afastou o jogador e recomendou a ele tomar uma decisão. Só isso. É uma questão pessoal não vale falar aqui.

Futebol tem esses trens complicados. Uma vez Veiga Brito era presidente do Flamengo e chegou a um “acordo” com o goleiro Manga do Botafogo. Semana de partida decisiva entre os dois times. Contaram a Saldanha, que contou a Zagalo, que chamou Lídio Toledo e deram uma prensa em Manga. Pior, fizeram-no jogar. Manga pegou tudo.

Ao final, sentindo-se logrado, Veiga Brito, homem de confiança de Carlos Lacerda, disse que “estranho que o Manga só pegue tudo contra o Flamengo, não passa nem pensamento”. Estava chorando o “acordo” não cumprido.

Saldanha, da cabine onde comentava o jogo, deu uma espinafrada em Veiga Brito ao vivo e acabou deixando a história transparecer. Manga foi à sede do Botafogo tirar satisfações e a disparidade de tamanho entre o goleiro e o comentarista/técnico era de tal ordem que Saldanha puxou dum 22 e deu um tiro para o chão.

Quem conhece a sede em General Severiano no Rio não consegue compreender o fantástico pulo que Manga deu depois de disparada corrida, falo dos muros.

Uma vez numa resenha esportiva Saldanha chamou Castor Andrade no braço, mas fez uma exigência. “Sem os seus capangas e sem arma, só na mão”. Isso ao vivo. Chamaram os comerciais e a coisa ficou por isso mesmo. Castor não foi.

Copa do Mundo tem dessas armações e dessas coisas. Mas tem também uns esquemas fora de esquadro. João Lyra Filho, irmão de Lyra Tavares, ministro do Exército no golpe dentro do golpe em 1968, era o presidente da antiga CBD, hoje CBF, em 1954. No intervalo do primeiro para o segundo tempo, como o Brasil estivesse perdendo da célebre seleção húngara de Puskas, etc, fez um discurso patético. “O Brasil, neste momento, é a pátria de chuteiras”.

Deu no que deu, perdemos de quatro a dois e Didi ainda deu umas chuteiradas patrióticas em alguns húngaros.

Mário Vianna, com os dois “n” esculhambou o juiz do jogo, um inglês chamado Mister Ellis. Era um dos árbitros daquela Copa e naquele tempo juízes falavam o que bem entendiam.

O Brasil também fez das suas. Garrincha fora expulso no jogo contra o Chile, semifinal da Copa de 1962 e seria julgado pelo tribunal esportivo da FIFA. O jogo final foi contra a Tchecoslováquia. Paulo Machado de Carvalho procurou Estaban Marino, juiz da partida, deu-lhe uma gratificação e o dito cujo, uruguaio, viajou para seu país naquela mesma noite com a súmula do jogo. Não houve como punir Garrincha. Jogou a final e o Brasil ganhou o bi-campeonato. Ganharia de qualquer jeito.

O que deu na cabeça do goleiro Bruno do Flamengo num sei. É prematuro falar em crime, pelo menos até a descoberta de um corpo, ou de uma confissão, mas é difícil deixar de considerar os indícios. São muitos.

Estava de malas prontas para a Milan, seria o substituto de Dida. Deve ter pensado em votar em José Arruda Serra e isso causa diarréia mental.

Todas as vezes que citam Zico como exemplo disso e daquilo, falam em supercraque fico pensando onde enfiar o jogador nas seleções de 58, 62 e 70? Foi campeão do mundo como assistente de Luís Felipe Scolari que nem olhava para a cara dele no banco e nem em lugar nenhum. Engoliu uma decisão de Ricardo Teixeira. Chegou ao Flamengo e desestruturou tudo. Desde o técnico Andrade a uma série de decisões equivocadas.

Quando começou o futebol no Japão, começou a ser levado a sério, Saldanha dizia que qualquer um brasileiro poderia ser técnico lá era só ensinar os caras a chutar em gol e mostrar onde ficava o gol.

É claro que Zico foi um excelente jogador, mas nada além disso. Nem chega aos pés de Garrincha, Pelé, Didi, Gérson, Zizinho e outros tantos.

E se alguém disser que poderia ser um substituto para Vavá, ou para Jairzinho nas copas de 58. 62 e 70, basta lembrar o pífio desempenho que teve nas copas que jogou.

Em 1958 o técnico Vicente Feola substituiu Dino Sani por Zito, notáveis jogadores. Foi explicar a Dino o motivo da substituição. “Você é globetrotter, preciso de alguém que jogue para o gol”.

Não sei se o Brasil passa pela Holanda. O gol dos holandeses contra a Eslováquia foi um meio frango do goleiro. Robben é de fato um excelente jogador e complica jogar pela direita e puxar e chutar com a esquerda. Que nem lutador canhoto, o adversário acha que o caminhão vem de um lado e surge de outro. Só resta perguntar depois se alguém anotou a placa. Mais nada.

Mourinho anulou a figura na final da copa européia de clubes. E a zaga era formada pelo brasileiro Lúcio e o argentino Samuel, de quebra Maicon na lateral-direita.

Para variar, logo depois da “briga” GLOBO versus Dunga, a rede começou a dar destaque a tudo que Maradona falava e fazia. Num dado momento a direção percebeu que estava torcendo contra – como estão, é uma organização estrangeira que atua no Brasil –. E a FOLHA DE SÃO PAULO num anúncio da rede Pão de Açúcar deu o Brasil como eliminado. Está lá tentando explicar a fria. São mestres nesse negócio de notícias falsas. GLOBO e FOLHA DE SÃO PAULO. Só falta VEJA para completar.

Fátima Bernardes deve entrevistar Maradona ao vivo e nu, promessa dele, se a Argentina for campeã. E Miriam Leitão nem está lá para comentar as implicações econômicas que o Irã e a Venezuela provocam na Copa do Mundo, tudo por culpa de Lula e sua política externa.

Que pena. Podia fazer dupla com Bial, ou trio com ela, Bial e Lúcia Hippólito, no quarteto de Fátima Bernardes.

Bonner iria escrever um editorial iracundo para ser lido no FANTÁSTICO.

No duro mesmo batem cabeça até agora para tentar entender essa história do vice de Arruda Serra. Vão achar um novo bode expiatório, seja o Brasil campeão ou não. Dunga e sua “teimosia”.

Tudo com a tal de tecnologia.