terça-feira, 1 de março de 2011

Líbia: Kadafi conclama o povo a uma Marcha Sagrada em defesa da Nação


“Querem tirar o nosso petróleo, nossa liberdade, destruir a Líbia”
“Querem impor o colonialismo, quando 90% do petróleo ia para empresas americanas. Agora, 90% fica com o país e 10% para as empresas”, alertou o líder líbio.

Daquela fauna da Fox News até o Wall Street Journal, da CIA até o Pentágono, passando pela papagaiagem de Hillary Clinton – e da arraia miúda dos Ali Kamel & quejandos – os gorilas estão muito assanhados com os acontecimentos (sobretudo com os fabricados por eles mesmos) na Líbia.
 
“Dizem que eu ando na Venezuela... Deus! A primeira necessidade dessa gente é a mentira. Estou aqui, ao contrário do que afirmam as emissoras dos cachorros”, disse Muammar Kadafi na terça-feira, discursando nas edificações bombardeadas pelos EUA em 1986, quando assassinaram inclusive crianças – entre elas uma filha do líder líbio.
 
Realmente, a mídia já descambou para a galhofa: as vítimas vão de 50 pessoas até 10 mil. Viram Kadafi na Venezuela e um bombardeio em Trípoli que jamais aconteceu (ver as declarações do embaixador brasileiro nesta página). E até agora não apareceram as manifestações, exceto a favor da Revolução. O que conseguiram foi uma ou outra turba – uma das quais exibia um cartaz em inglês: “O petróleo para o Ocidente” (“Oil for The West”).
 
Kadafi tem muito mais credibilidade, por tudo que já fez (e por tudo o que esses falsários já fizeram): “Os que morreram eram policiais e soldados. Não usamos a força ainda, mas o poder do povo líbio a usará, se necessário. Se as coisas chegarem a esse ponto, a força será utilizada de acordo com o direito internacional, a Constituição e as leis”.
 
A questão é, exatamente, quem são os arruaceiros. Kadafi tem bastante experiência no assunto – e não somente a da Líbia:
 
“Querem que os EUA façam na Líbia o que fizeram no Afeganistão, na Somália, no Paquistão, no Iraque. Querem impor a nós o colonialismo, mas nosso país não será um novo Afeganistão. Sou um lutador das tendas, um revolucionário. Não é possível interromper a marcha da revolução com subornos a um punhado de ratos que saltam de rua em rua na escuridão. Quem são esses ratos? Quem lhes pagou o preço? A inteligência estrangeira”.
 
Evidentemente, a excitação dos reacionários dos EUA e seus epígonos não é uma surpresa. Primeiro, querem abafar as notícias sobre os regimes pró-americanos que estão indo pelos ares no Oriente Médio. Segundo, a Líbia possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo. O problema é que:

“querem que os EUA venham em navios para nos atacar e tomar o nosso petróleo. Não queremos o retorno da época em que 90% do petróleo ia para empresas americanas e 10% ficava com o país. Agora, 90% fica com o país e apenas 10% vai para as empresas”.
 
A terceira e, do ponto de vista político, mais importante razão é o próprio Kadafi. Naturalmente, não é a primeira vez que tentam eliminá-lo, desde que o capitão Muammar Al-Kadafi, aos 27 anos, liderou a Revolução Líbia, acabando com o regime pró-EUA, um milk-shake de monarquia feudal, ditadura colonial e tirania corrupta.
 
As bandeiras desse regime pútrido que apareceram entre os desordeiros – mostradas orgulhosamente pela TV americana – deveriam fazer com que alguns tivessem mais cautela antes de apoiar uma tentativa de golpe das mais reacionárias. Como observou Kadafi,

“querem fornecer uma imagem manchada da Líbia, dizendo: ‘Olhem para a Líbia. Ela quer a colonização, quer o retrocesso, ao invés da revolução’. Porque hoje a Líbia é conhecida por todos os povos da África, América Latina e Ásia como ‘a Líbia da Revolução’. A imagem distorcida é um insulto - e nós vamos reagir já, agora, sobre o nosso solo”.
 
É verdade que, nos últimos anos, Kadafi e a Revolução Líbia tiveram que fazer um recuo. A Líbia é um país pouco populoso (6,4 milhões de habitantes), com um território que é mais do que o dobro do maior país da Europa Ocidental – a França. Bloqueada e bombardeada brutalmente pelos norte-americanos, acusada várias vezes de ações que nunca foram provadas, ameaçada permanentemente de invasão – e numa situação em que a URSS deixou de existir, o Iraque estava bloqueado e depois ocupado, etc., etc. - a revolução teve de recuar. Mas isso não transformou o governo líbio em reacionário, da mesma forma que, ao entregar seu dinheiro em troca da sobrevivência, uma vítima de assalto não passa a ser cúmplice do assaltante.
 
Há países muito maiores, mais populosos, com muito mais recursos, que não sofreram nada disso, nem estavam ameaçados, e, no entanto, recuaram para “ajustes fiscais” e outras indignidades neoliberais - até quando podiam avançar, o que não era o caso da Líbia.
 
Porém, o mais cínico são os vagidos supostamente “democráticos” da mídia.
 
Desde quando os EUA podem dar lições de democracia a outro país? Desde que “democratizaram” o Iraque? Desde quando a democracia de fancaria dos EUA, onde até as eleições tornaram-se de difícil acesso ao povo, onde nem horário eleitoral gratuito existe, onde dois ou três bancos e monopólios mandam e desmandam, e onde se dá golpes de Estado via Corte Suprema, é modelo de democracia?
 
Todo país tem direito a ter a sua democracia. A da Líbia é mil vezes mais verdadeira do que a dos EUA. Aliás, é até algo exagerada, ao recorrer diretamente à população, sem a mediação de nenhum partido:
 
“Eu e os Oficiais Livres [que lideraram a Revolução] não temos qualquer cargo. Deixamos o poder ao povo líbio, aos Congressos do Povo e aos comitês populares, que são o povo líbio. Meus colegas e eu já não somos responsáveis por qualquer coisa, exceto pegar em armas para lutar pela Líbia. Nós deixamos ao povo o Estado e o dinheiro do petróleo. Eu apoio o poder do povo e exorto o povo líbio a formar, na base, cada vez mais órgãos de poder. Nós queremos que o povo líbio assuma todo o controle da Líbia. A revolução é a consciência popular, o trabalho de construção, o respeito ao Poder Popular, aos congressos e comitês populares. Por isso ela é uma Revolução Popular. Apenas insisto que o petróleo da Líbia deve ser do povo líbio”
 
Kadafi descreveu os atos de vandalismo e desordem:
 
“Penso que devemos publicar todos os fatos sobre a Líbia, porque, no exterior, ao invés de transmitirem a verdade, recorre-se a canais sujos que querem recuperar o que perderam. Organizações da sociedade civil e conspiração com o exterior são coisas muito diferentes. Já se viu alguém decente envolvido nesse processo? Nunca.
 
“Aqui e ali um pequeno grupo, encharcado pela bebida que lhes deram, invadiu delegacias de polícia; como ratos, atacaram quartéis sem tropas – como não estamos em estado de guerra, elas estavam trabalhando em nossos armazéns e acampamentos. Estávamos em segurança e paz, e se aproveitaram dessa paz e segurança para atacar tribunais e queimar os processos de seus crimes, e os postos de polícia onde corriam os inquéritos. Esses bandos, essas gangues, não representam nada, nem a milionésima parte do povo líbio. Querem cortar a eletricidade, a água, e explodir os poços de petróleo. Querem destruir o que nós construímos – e como nos esforçamos para construí-lo!”.
 
Kadafi encerrou seu discurso conclamando o povo líbio a resistir à tentativa de golpe:

“Famílias, juntem seus filhos, deixem suas casas, saiam às ruas, capturem os ratos, não tenhais medo deles. Querem tirar nosso petróleo, destruir a liberdade, o poder do povo, a Líbia. Vamos, se preciso, fazer uma marcha sagrada de milhões para limpar a Líbia”.

Escrito por Carlos Lopes para o jornal A Hora do Povo
Enviado por Vera Vassouras

4 comentários:

  1. (comentário enviado por e-mail)
    Não dá. Defender o Kadafi é TOTALMENTE IMPOSSÍVEL.
    O antiamericanismo não é pecado. O antissionismo não é pecado. Mas, como todas as posições que são só DO CONTRA
    VV

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  2. Não acredito que você se considere um blogueiro sujo e defenda um DITADOR. Daqui prá frente acredito que vou começar a ler nesse blog: "VIVA Castello Branco, VIVA Costa e Silva e VIVA o AI-5".
    Ditadura é ditaduta. Não existe essa conversa de líder amado pelo povo.

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  3. Finalmente encontro alguem que tem a mesma visão do que se passa na Libia e nas sedes do imperialismo. Estou em Portugal e esta pretensa crise serviu para desmascarar de vez partidos como o Bloco de Esquerda (de quem era amigo e apoiante)que se colaram totalmente às posições americanas e também, certas pessoas que eu apreciava como David Icke que, até agora, não denunciou, como devia ser, todo o esquema montado pelo imperialismo. Contudo, alguma comunicação social, por esse mundo fora, ainda tem alguma vergonha e fala em alegados protestos, alegadas manifestações. Trabalhadores e funcionários portugueses regressados da Libia ou que ainda se encontram na Libia têm referido que não se passa nada de especial. As poucas manifestações congregam algumas dezenas de jovens ou de marginais. Será que o imperialismo vai invadir a Libia com todas as suas armas evoluídas? Esperemos para ver. Força contra o imperialismo !

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  4. Contra o Imperialismo defendo Kddaf sim. A manobra é clara e me causa indignação suficiente para não aceitar isso. Existem democracias e ditaduras. Qual é a democracia exemplar? a americana?

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