sábado, 24 de setembro de 2011

Grande Aiatolá Sayyed Ali Khamenei: Discurso na Abertura da Conferência Internacional “Despertar Islâmico”

Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

 Leia também: 
20/9/2011, "Khamenei lançou a luva", Mahan Abedin, ATol  
22/9/2011, "Discurso do Presidente Ahmadinejadà 66a. Sessão da ONU", Iran English Radio 
23/9/2011, "ONU: O mundo deve ser conduzido com JUSTIÇA, insiste o Irã", Telesur



Em nome de Alá, o mais Benéfico, o mais Generoso.

“Oh, você reverenciará Deus e não obedecerá os descrentes e os hipócritas. Deus é Onisciente, o mais Sábio (Santo Alcorão, 33:1 [1]). Siga o que é revelado a você por Deus. Deus está completamente ciente de tudo o que todos fazem (33:2). Deposite em Deus a sua confiança. Deus basta, como defensor” (33:3).

Damos boas vindas à honrada audiência e caros convidados. O que hoje nos reúne aqui é o Despertar Islâmico, que vem da forte inspiração e mais ampla compreensão de nossa comunidade universal islâmica [orig. ummah].

Esse despertar levou a grandes acontecimentos nas nações de nossa região, trouxe levantes e revoluções que nunca estiveram nas cogitações e cálculos das potências satânicas dominantes regionais e internacionais. São levantes impressionantes, que puseram por terra fortalezas autocráticas e imperialistas e fizeram fugir os tiranos que as defendiam.

Não há dúvidas de que levantes sociais colossais sempre têm fundamentos sólidos de história e civilização e são resultado de sabedoria e experiências acumuladas. Ao longo dos últimos 150 anos, várias destacadas personalidades intelectuais e jihadi foram líderes de opinião, ativos por trás de movimentos islâmicos no Egito, no Iraque, na Índia e em outros países na Ásia e na África, e serviram como precursores e pioneiros da situação que hoje se constata em todo o mundo islâmico.

Os acontecimentos nos anos 1950s e 60s levaram ao poder regimes mais inclinados na direção de ideologias e pensamento materialistas que, por esse seu caráter inerente, caíram na armadilha das potências imperialistas e colonialistas ocidentais. São experiências e lições das quais se deve aprender, e que contribuíram substancialmente para a evolução de uma compreensão geral e profunda em todo o mundo islâmico.

A Revolução Islâmica no Irã, que foi saudada pelo Imã Khomeini como “vitória do sangue sobre a espada”, o estabelecimento de uma república islâmica robusta, corajosa e progressista, e seu impacto no despertar islâmico que hoje vemos é, só ela, uma longa história que merece ser pesquisada, debatida e conhecida. Não há dúvidas de que a Revolução Islâmica do Irã merece, de pleno direito, capítulo longo e detalhado em qualquer análise ou reflexão consequente que se faça do momento que o mundo islâmico vive hoje.

Por essa razão, os fatos e verdades presentes e emergentes no mundo islâmico não são simples eventos sem qualquer raiz histórica, sem passado nem contexto social e intelectual, que possam ser apresentadas, por analistas sem visão, como ‘onda’ passageira ou fenômeno de vida curta, de modo a sufocar toda a esperança no coração das nações que tentam viciar com suas análises levianas e enviesadas.

Nesse diálogo fraterno com vocês, quero dar ênfase especial a três aspectos:

1. a identidade desses levantes e revoluções;
2. as grandes ameaças e riscos que há no caminho desses levantes e revoluções; e
3. recomendações para encontrar soluções e evitar essas ameaças e riscos.

Quanto ao primeiro item, creio que o elemento mais importante dessas revoluções é a presença massiva do povo na arena da ação, da luta e da Jihad. Muitos lá estiveram presentes, não só com o coração, o desejo e a fé, mas também com corpo e alma. Há enorme diferença entre essa presença massiva e a ação de um golpe militar, ou, mesmo, de combatentes armados à frente de multidões indiferentes e, mesmo, à frente a multidões comprometidas.

Nos eventos dos anos 1950s e 60s em alguns países da África e da Ásia, a carga mais pesada da revolução não pesou sobre os ombros de vários segmentos da população nem sobre os ombros da juventude de todas as partes do país. Pesou, mais, sobre os soldados de algum golpe de estado, ou sobre pequenos e limitados grupos armados. Esses decidiram e agiram e eles mesmos, ou a geração seguinte, mudaram a história, movidos por alguns tipos de motivos. Aquelas revoluções, com o tempo, converteram-se em inimigas delas mesmas; e inimigos, outra vez, voltaram ao poder em seus países.

Esse processo é totalmente diferente da mudança que venha do próprio povo. O povo saiu às ruas, corpo e alma expostos na arena da ação, e, por sua Jihad e devoção, acuou e derrotou o inimigo. Aqueles povos na rua delinearam o próprio futuro desejado, embora ainda não completamente abrangente, e, como resultado, não admitem que a revolução afaste-se da trilha, nem faça concessões ao inimigo, nem mude de curso, com concessões aos poucos ainda maculados por interesses especiais. Sobretudo, esses levantes destroçaram e inutilizaram todos os esquemas dos agentes do inimigo.

Nesse tipo de movimento de base, pode acontecer de a revolução ser mais lenta, mas consegue manter à distância os de visão mais estreita e pisa em chão mais firme. O Corão ensina: “Alá dá bom exemplo  de boa palavra, como uma boa árvore, cujas raízes prendem-se com firmeza ao chão e que lança altos, aos céus, os ramos moventes?” [14:24 (ver nota 1)]

Quando vi pela televisão o bravo corpo do orgulhoso povo do Egito na rua, na Praça Tahrir, convenci-me de que a revolução deles triunfará.

Quero fazer-lhes uma confissão. Depois da vitória da Revolução Islâmica e do estabelecimento da República Islâmica do Irã, que foi como um terremoto entre os governantes materialistas de leste e oeste, e causou júbilo sem precedentes entre as nações muçulmanas, esperávamos que, depois de nós, o Egito seria o seguinte, a levantar-se. Isso, pela história da Jihad, pelo pensamento progressista e pela presença de grandes mojahids e intelectuais no Egito. No meu coração, recitava versos de Abu Faras [2] 

Quando vi o povo do Egito na Praça Tahrir e pelas praças de outras cidades, sabia que recebera minha resposta. O povo do Egito disse a mim, diretamente, com palavras brotadas do coração [em persa, sem tradução para o inglês[3]].

Esse segredo sagrado não era senão a motivação e a decisão de levantar-se. E gradualmente o povo do Egito viu sedimentar-se o pensamento na mente e, numa conjuntura histórica, manifestou a própria decisão coletiva e foi às ruas em espetáculo magnífico do próprio poder. 

Tunísia, Iêmen, Líbia e Bahrain não foram exceções a essa regra geral.

Nessas revoluções, os princípios, valores e metas não aparecem escritos em manifestos pré-fabricados por grupos ou partidos: aparecem escritos na mente, coração e desejos de cada uma e de todas as pessoas que se apresentam à cena onde a história se faz; e são declarados no contexto, por seus slogans e atitudes.

Considerados todos esses sinais, podem-se ver e declarar que os princípios das atuais revoluções em curso na região, no Egito e em outros países são, em primeiro lugar e principalmente, os seguintes:

  • Reviver e renovar a dignidade e o respeito nacionais que foram quebrados e golpeados durante longos anos de governos ditatoriais e corruptos, e pela dominação pelos EUA e pelo ocidente.
  • Manter alta a bandeira do Islã, que é fé profunda no coração do povo, ligação de muitas gerações entre muitos povos, que oferece a muitos paz de espírito, sentido de justiça, desejo de progresso e prosperidade que não se alcançam senão sob a lei islâmica, a Xaria.
  • Resistir contra a influência e a dominação de EUA e Europa, causa da desgraça e dos mais graves danos, e da humilhação dos povos desses países, ao longo de 200 anos.
  • Opor-se ao regime de ficção, de usurpação, dos sionistas, que as potências imperialistas cravaram como adaga, funda, no coração dessa região, para usá-la como ferramenta que lhes permitisse manter a amaldiçoada dominação, depois de terem expulsado um povo inteiro, de sua terra nativa e histórica

Não há dúvidas de que as revoluções na região que se apóiam e querem fazer valer esses princípios, não agradam os EUA, a Europa e os sionistas, e que eles usarão todos os meios que encontrarem para negá-las. Mas negar as revoluções no mundo islâmico não apagará a verdade.

A ampla participação popular naquelas revoluções é o mais importante elemento da identidade delas. Potências estrangeiras que tentaram tudo que lhes foi possível, que usaram todo o poder e todos os esquemas para manter ali governantes tirânicos, corruptos e subservientes, e que só os abandonaram quando o povo não lhes deixou outra saída, não têm qualquer direito de reclamar qualquer direito de vitória, naquelas revoluções. Nem a intervenção na Líbia, por EUA e OTAN conseguirá distorcer a verdade.

Na Líbia, a OTAN já causou dano irreparável. Não fosse a intervenção militar de OTAN e EUA, a vitória do povo talvez demorasse, mas o país não teria sido destruído, a infraestrutura ainda existiria, homens, mulheres e crianças inocentes não estariam mortos. E inimigos que fossem cúmplices de Gaddafi nunca teriam conseguido chegar ao poder, naquela nação inocente, hoje destruída pela guerra.

O povo, as elites populares e outros, todos do povo, são os verdadeiros donos dessas revoluções às quais cabe proteger as próprias revoluções e traçar o caminho até o futuro.

(2) Quanto aos riscos e ameaças, devo destacar, em primeiro lugar, que, embora sejam ameaças e riscos, são também meios para construir proteção e segurança. A simples existência de ameaças não deve intimidar nenhuma nação.

“O poder de Satã é sempre fraco” [Alcorão, 4:76 (ver nota 1)] 

Alá diz a um grupo de mojahids, no início do Islã:

“Os hipócritas disseram ‘É fato, o povo uniu-se contra você, portanto, tema o povo’. Mas isso só fez aumentar neles a fé, e eles responderam: ‘Para nós, nos basta Alá. Alá é o melhor resolvedor de demandas’. E eles receberam o favor de Alá, e riquezas, e nenhuma arma os feriu. E continuaram a buscar o prazer de Alá. Alá é dono de todas as riquezas. Alá basta, como defensor” [33:1-4 (ver nota 1)].

Temos de conhecer as ameaças, para não sermos surpreendidos por elas e encontrar soluções.

Enfrentamos esses perigos e ameaças depois da vitória da Revolução Islâmica e aprendemos com eles. Graças a Alá, à liderança do Imã Khomeini e aos sacrifícios de todo nosso povo, conseguimos velejar em segurança entre esses perigos. Ainda há conspiração entre os inimigos, mas também prossegue, inabalável, a decisão do povo iraniano.

Classifico os riscos possíveis, em dois grupos: os que têm raízes dentro de nós e nascem de nossas fraquezas; e os que o inimigo planeja diretamente.

O primeiro grupo de riscos são do seguinte tipo:

A sensação e o pensamento de que, derrubado o ditador corrupto, o serviço estaria feito. A paz de espírito e o conforto que se sentem depois da vitória e depois que arrefece a motivação, e a determinação fraqueja, são os primeiros perigos. E a mais perigosa ameaça aparece quando indivíduos surgem, cobrando sua parte no espólio da vitória.

A história da Batalha de Uhud e a ambição dos defensores que buscavam sua parte no espólio da vitória levaram à derrota dos muçulmanos. E os mojahis ouviram a reprimenda de Deus. Aí está bom exemplo que não se pode jamais esquecer. Não podemos nos deixar tomar por “choque e pavor” ante os poderes arrogantes, nem podemos nos deixar tomar pelo medo dos EUA e de outras potências intervencionistas. Aí estão riscos que se têm de evitar.

Os bravos e os jovens têm de arrancar esses medos, do coração. Confiar no inimigo, deixar-se prender na armadilha dos sorrisos e promessas, eis outros perigos que líderes e comandantes têm de saber evitar. Sempre se pode identificar o inimigo, não importa o disfarce sob o qual apareça. A nação e a revolução têm de ser protegidas contra as artimanhas do inimigo, que às vezes se esconde sob a aparência de amigo, ou de gestos de apoio. O reverso dessa página é o risco da superconfiança, que leva a subestimar o inimigo. A bravura tem de andar combinada com sabedoria e juízo correto. Temos de usar todos os tesouros de Deus que temos em nós, contra Satã, al-Jinn wal–Ens [4]. 

Provocar divisões, jogar revolucionários uns contra outros e infiltrar-se por trás do campo de batalha são outros graves riscos que o inimigo pode criar e que temos de combater com todas as nossas forças.

A segunda categorias de riscos, danos, perigos, é bem conhecida de praticamente todos os países da região no curso de diferentes eventos.

Primeiro, que cheguem ao poder forças comprometidas com os EUA e o ocidente. Depois do fracasso de seus peões, o ocidente tenta defender os bastiões do sistema e as alavancas de comando do poder, e muda a direção, usando os mesmos fundamentos, mas troca os cabeças, para perpetuar a dominação. É como vermos desperdiçados todos os nossos esforços e sacrifícios. Nesse estágio, se o inimigo encontra pela frente a resistência do povo, ele tenta oferecer alternativas ao movimento e ao povo. As alternativas visam só a modificar o curso do movimento. Esse cenário prevê recomendar novos modelos de governos e de constituições que, outra vez, lançarão os países islâmicos diretamente na armadilha da dependência cultural, política e econômica do ocidente. Podem levar a abrir caminho para que aumentem sua influência entre os revolucionários, com mais força econômica e de propaganda pela mídia a favor de corrente não confiável, com a correspondente marginalização de correntes genuinamente revolucionárias. Isso implica também a volta da dominação ocidental e mais poder para modelos ocidentais já ultrapassados, muito distanciados dos princípios básicos da revolução.

Se essa tática não produz o desejado resultado, a experiência ensina que, então, o inimigo trabalhará a favor da anarquia, do terrorismo, da guerra civil, que o inimigo semeia entre crentes de diferentes crenças religiosas ou entre diferentes comunidades étnicas, tribos, partidos políticos ou, até, entre nações limítrofes e governos de países próximos. Paralelamente, o inimigo imporá medidas de sítio econômico, sanções, bloqueios, congelamento de patrimônio nacional e lançará campanha sempre muito ampla, verdadeira guerra de propaganda, pela imprensa e todos os meios disponíveis. A intenção, aí, é cansar, esgotar, frustrar o povo e desapontá-lo. Nessas circunstâncias, é sempre mais fácil derrotar qualquer revolução. Assassinato de reputações da elite de prestígio na sociedade e de líderes, difamação, demonização de todas as vozes diferenciadas e até suborno direto, são algumas das táticas que o ocidente usa mais frequentemente – como todos os que mais discursam sobre moralização da sociedade.

No Irã, temos provas, documentos que a revolução encontrou nas tocas de espionagem dos EUA, que mostram que o governo dos EUA previa recorrer a todas essas artimanhas, contra o povo do Irã, para devolver o povo do Irã, de mãos atadas, aos governos dependentes e fantoches de antes. E planos semelhantes, e idênticos truques sujos, sempre houve em todos os casos de países revolucionários.

Na parte final de meus comentários, ofereço algumas recomendações, para que examinem e considerem. Todas essas recomendações baseiam-se na experiência concreta no Irã, acrescidas de estudos e análises produzidas por revolucionários de outros países. Claro que as condições objetivas variam entre nações e países. Mesmo assim, há verdades que podem ser úteis a todos os povos.

O primeiro ponto é confiar em Deus e crer nas promessas de vitória que nos faz o Santo Alcorão, que ensina astúcia, decisão e coragem, armas que sempre nos levam a superar obstáculos e emergir vitoriosos. Claro, sim, que a tarefa dos revolucionários é sempre grave e gigantesca. Portanto, é indispensável uma extrema dedicação. O Comandante dos Fiéis, Imã Ali (‘a) diz:

“Recomendação importante é que sempre se vejam presentes na cena: quando tiverem cumprido os deveres do dia, levantem-se para orar. [“Trabalhar duro, também quando estiverem livres” (94:7, ver nota 1)]”. Considerem que Deus está sempre presente e os auxilia e socorre. E que nenhuma vitória os faça arrogantes ou negligentes. 

“Quando vem o auxílio de Alá, vem a vitória. E vê-se o povo entrar em multidão na religião de Alá (110:2, ver nota 1). Celebre as maravilhas de seu Senhor (110:4, ver nota 1)”. Esses os verdadeiros fundamentos de uma nação de crentes. 

Outra recomendação é leitura e releitura constantes dos princípios da revolução. Os slogans e os princípios têm de ser constantemente refinados e alinhados aos fundamentos e princípios indiscutíveis do Islã: independência, liberdade, justiça, recusa absoluta a curvar-se ante o despotismo e o colonialismo, rejeição de toda e qualquer discriminação por etnia, por raça ou por religião; e absoluta rejeição do sionismo – são princípios que, hoje, são centrais em todos os movimentos em países islâmicos. Todos eles são inspirados no Islã e no Santo Alcorão.

Escreva seus princípios, no papel. Preserve sua natureza genuína e o mais alto grau de sensibilidade. Não permita que seus inimigos formulem os princípios do sistema futuro pelo qual você lutou. Não deixe que os princípios islâmicos sejam sacrificados e interesses passageiros. Muitos desvios em movimentos revolucionários começam com desvios nos slogans e nos objetivos. 

Desconfie sempre dos EUA, da OTAN e de regimes criminosos como o britânico, o francês ou o italiano, que há muito tempo saqueiam os países de vocês e dividem entre eles o butim. Olhem para aqueles governos e regimes, sempre, com desconfiança. Não creiam em sorrisos e promessa. Por trás de sorrisos e promessas sempre houve conspiração e traição. Encontrem a via própria de cada país, recorrendo sempre à inspiração iluminada do Islã. E deixem que os ocupantes estrangeiros apliquem a eles mesmos as receitas que prescrevem para vocês.

Mais uma importante recomendação que lhes faço: evitem todo o tipo de disputa religiosa, étnica, racial, tribal e lutas por fronteiras. Reconheçam como legítimas as diferenças e cuidem de administrá-las. A chave da salvação é a reconciliação de todas as religiões islâmicas. Os que assopram as brasas da divisão religiosa, discriminando entre diferentes crenças religiosas são mercenários a serviço de Satã – mesmo quando o fazem sem perceber.

A tarefa principal, seminal, agora, é criar, cada país, seu próprio sistema de governo. É tarefa difícil, complexa. Não admitam que se imponham a vocês modelos seculares, liberais ocidentais, extremistas nacionalistas ou marxistas esquerdistas. 

O Bloco Oriental esquerdista já não existe. E o Bloco Ocidental se autodestrói por violência, guerra, mentiras, e nada sugere que tenha destino de glória.

O tempo corre contra eles e a favor da torrente islâmica. 

A meta final deve ser uma Ummah islâmica unificada e a criação de uma nova civilização islâmica baseada na fé, na racionalidade, no conhecimento e na moralidade.

Também é objetivo central libertar a Palestina das garras selvagens dos sionistas. Países dos Bálcãs, do Cáucaso, da Ásia ocidental libertaram-se das garras da extinta União Soviética depois de 80 anos de lutas. Por que, com 70 anos de lutas,  os palestinos não conseguiriam libertar-se eles mesmos do sionista opressor? 

A atual geração, nos países islâmicos tem capacidade para levar a bom termo essas grandes tarefas. Os jovens são, hoje, motivo de orgulho para as gerações passadas. Como escreveu o poeta árabe (...) [5]:

Confiem nas jovens gerações. Reforcem e revivam o sentimento de autoconfiança dos mais jovens e os enriqueçam com a experiência dos antigos e dos mais velhos.

Nessa conexão, há dois pontos importantes:

Primeiro, uma das principais demandas do povo que se revoltou e libertou-se, é que tenha, o povo, participação decisiva no governo de seus países. Dado que creem no Islã, querem democracia islâmica, quer dizer: governantes eleitos pelo voto do povo e por princípios e valores da sociedade inspirado no saber islâmico e na Xaria. Pode ser feito assim em vários países, conforme as condições específicas, por vários métodos e sob várias formas.

Mas é preciso a máxima atenção para não confundir a democracia islâmica e a democracia liberal ocidental. A democracia ocidental é secular e muitas vezes é antirreligiosa e nada tem a ver com a democracia islâmica que preserva valores e princípios do Islã também no sistema de governo.

O segundo ponto tem a ver com a evidência de que os princípios islâmicos não são princípios de atraso, obscurantismo, ignorância e extremismo. É indispensável demarcar claramente essas diferenças. O extremismo religioso, que prega quase sempre a via violenta, é causa, quase sempre, do fracasso dos principais objetivos de qualquer revolução. Resulta em perda do apoio popular e pode levar a revolução ao fracasso.

Em resumo, falar do Despertar Islâmico não é falar de conceito nebuloso e indistinto, inerte, que se torna presa das mais diferentes interpretações. 

Falar do Despertar Islâmico é falar de realidade tangível do mundo externo, que ocupa toda a atmosfera regional e resultou em grandes levantes e revoluções e já tirou de cena alguns perigosos representantes do inimigo. Mas a cena ainda é fluida e precisa ainda ser modelada e levada a termo. As lições que citei na abertura são conjunto completo e efetivo de diretrizes, sobretudo na conjuntura que atravessamos, sensível e dramática... 

São palavras do Santo Profeta (Que a Paz Esteja Com Ele), todos somos Seus interlocutores e responsáveis por fazer ouvir Sua lição. Naquelas lições, a piedade (taqwa), em toda sua ampla e profunda conotação, é o primeiro mandamento. Depois vêm a rejeição a tudo que digam os infiéis e os hipócritas, a adesão à revelação divina e, finalmente, crer em Deus…

Voltemos sempre àquelas lições:

“Para nós, nos basta Alá. Alá é o melhor resolvedor de demandas. Alá é dono de todas as riquezas. Alá basta, como defensor” [33:1-4 (ver nota 1)].

Que a paz, a bondade e as bênçãos de Alá os acompanhem. [6]



Notas dos tradutores

[1] Do Corão, 33:1, 2, 3. Em inglês, Quran . Em português, Corão [versão que se utilizou aqui].

[2] Nesse parágrafo, há diferenças entre as versões, em inglês, publicadas no jornal The Shia Post  e que também se lê, idêntica, na página da Embaixada do Irã no Reino Unido (em ) e em outras páginas. Seguimos, nesse ponto, a versão do discurso publicada em Imam Khamenei Full Text Message: Never Trust U.S., NATO, Criminal Regimes such as Britain, France, Italy e em Leader’s Remarks at International Conference on Islamic Awakening, que traz esses e outros versos e citações do Alcorão em persa, sem tradução. Qualquer ajuda, para traduzi-los, será bem-vinda e somos gratos, antecipadamente.

Acompanhamos, no geral, a versão publicada no jornal The Shia Post, porque ali  se oferecem transcrições e traduções, tentativas, pelo menos, de versos e de trechos citados do Alcorão, transcrições e traduções sem as quais, o discurso seria, no geral, intraduzível, por nós, para o português do Brasil. Dessas transcrições e traduções precárias, pudemos ir à edição do Alcorão em português e, pelo menos, não somamos erros a erros. É o que se pôde fazer.

Essa é uma tradução de tradução, e nada pode ser mais temerário do que traduzir nessas condições. Decidimos que valia correr o risco, dada a extraordinária importância política e histórica desse discurso do Grande Aiatolá Khamenei – que não se publicou na íntegra, em português do Brasil, em nenhum grande jornal, tanto quanto se pode ver pela Internet. Entendemos, também, que, desde que uma primeira tradução começasse a circular, todas as correções tornar-se-iam, afinal, possíveis.

[3] Ver nota 2, acima.

[4] À espera de tradução.

[5] Em persa, no original. À espera de tradução.

[6] Orig. والسلام علیکم و رحمة الله, transliterado como Waslam Alaikum Wa Rahmatullah Wa Barkathu, em todas as traduções para o inglês. Várias páginas de tradução informam que essa é fórmula extremamente formal, de benção “papal”, como se diria noutro contexto. Também aqui, todos os esclarecimentos são bem-vindos.

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