6/6/2010, Ruth Sunderland, em The Guardian,
Ele está de volta. A aparição de Mark Regev[1], diplomata e marketeiro-político-em-chefe do governo de Israel, já é corriqueira, cada vez que Israel fica sob fogo da mídia internacional. Para alívio dos entendidos do ramo e apreciadores de Regev, lá está ele, outra vez, ativo no caso da abordagem da flotilha que levava ajuda humanitária a Gaza.
Mas não para alívio de Regev, que tem de enfrentar denúncias e acusações equivalentes às que chovem sobre diretores da British Petroleum apanhados em plena crise de vazamento. Mas em performance impressionante, semana passada, contra John Humphrys, Regev calmamente pintou Gaza como paraíso do consumo, nadando em Coca-Cola e vivendo sob ar condicionado. E alegou que nada inventava e tudo o que dizia lera no Financial Times.
Sem comentários.
Se o homem de Marte algum dia quiser fabricar um perfeito marketeiro-político, poderia construir outro robô idêntico a Regev. Não importa quem o entreviste, ou o quanto a entrevista seja agressiva, Regev jamais treme sob pressão. Vale-se de seu simpático sotaque australiano e de infinita polidez – chama os entrevistadores de “Senhor” e diz coisas como “Permita-me discordar” – que como que hipnotizam os entrevistadores, os quais não veem que estão sendo agredidos e enganados. Sempre lamenta muito as mortes e o horror – lamenta muito que as vítimas não israelenses tenham sido responsáveis pelas próprias mortes. Quem o ouve é induzido a um estado de transe, de surpresa boquiaberta, ante o que Regev é capaz de dizer sem piscar e sem corar. Não convence os céticos que se oponham a Israel, mas como ator é horrorosamente competente.
O artigo original, em inglês pode ser lido em: Mark Regev, Israel's master of public relations
Notas de tradução:
* No original, “Mark Regev,
[1] Mark Regev (seu sobrenome familiar é Freiberg) é diplomata israelense, e porta-voz do governo de Israel nos contatos com a imprensa. Atualmente, ocupa o cargo de porta-voz de Netanyahu, primeiro-ministro de Israel e conselheiro para relações com a mídia internacional nas questões que envolvam o Estado de Israel, posto para o qual foi nomeado pelo ex-primeiro ministro Ehud Olmert em 2007.