sábado, 2 de abril de 2011

WikiLeaks: EUA interfere em assuntos internos da Venezuela

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Excerto do item CONFIDENCIAL do telegrama 
A íntegra do telegrama não está disponível.
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu 
Tradução de trabalho, não oficial, para finalidades didáticas.
[cabeçalho aqui omitido]

ASSUNTO: Plano Estratégico de Comunicações para fazer frente ao antiamericanismo de Chávez

1. (U) Esse telegrama espera providências do Departamento de Defesa (ver parágrafo 12, adiante).

2. (C) RESUMO: A Embaixada em Caracas pede apoio do Departamento de Defesa para executar seu plano estratégico de comunicações. O  objetivo desse programa é influenciar o ambiente de informação dentro da Venezuela. O objetivo da estratégia é responder a ativa e deliberada campanha, da República Bolivariana da Venezuela (BRV), que instila na população percepção negativa dos EUA e distorce mais de 100 anos de relações próximas e mutuamente benéficas entre os dois países. Lamentavelmente, a República Bolivariana da Venezuela tem alcançado algum sucesso. De um nível, antes de Chavez, de 65% de aprovação, hoje a imagem positiva dos EUA caiu a marca inferior histórica de 31% na Venezuela. O apoio do Departamento de Defesa muito contribuiria para ampliar a Diplomacia Pública da Embaixada e atividades pró-democracia. FIM DO RESUMO.

3. (C) Venezuela na encruzilhada: A Venezuela já foi, ao lado da  Colômbia e de países da América Central, um dos países que mais manifestava disposição favorável aos EUA. Contudo, as atitudes relacionadas aos EUA deterioraram-se, depois de vários anos de ataques diários e ricamente financiados pelo Estado contra o governo dos EUA.

4. (C) Desenvolvimentos recentes: A Embaixada em Caracas desenvolveu amplo plano estratégico de comunicações que incorpora várias agências na mesma missão. A Sessão de Negócios do Narcotráfico [orig. Narcotic Affairs Section (NAS)] implementou uma bem sucedida clínica de basquete, trazendo ex-jogadores venezuelanos e técnicos, das principais ligas norte-americanas para trabalhar com jovens em várias cidades da Venezuela, como parte de um programa para reduzir a demanda de narcóticos. Além disso, o Escritório de Assuntos Públicos [orig. Public Affairs Office] visa os setores jovens de baixa renda, difíceis de atingir, programando visitas dos líderes da Embaixada a todas as regiões da Venezuela para interagir com a sociedade, a comunidade de negócios e a sociedade civil venezuelanas. Esses programas têm tido algum impacto no modo como os setores alvos veem os EUA. Mas  a falta de recursos limita nossa capacidade para atingir bases populacionais mais amplas.

5. (C) OBJETIVOS: O plano estratégico de comunicações visa a três principais objetivos: fortalecer a amizade Venezuela-EUA; informar os venezuelanos sobre tradicionais laços que ligam Venezuela e EUA; e resistir à influência e à atividades de setores antiamericanos. Cabe ao governo dos EUA lembrar o povo venezuelano da amizade histórica entre os dois povos (“Estamos com vocês desde Simon Bolivar”), mediante engajamento continuado, tanto por atividades de boa vontade como pelas atividades de assistência humanitária nas emergências. Temos também de desenvolver mensagem que estimule a compreensão, pelos venezuelanos, de que há uma parceria natural entre EUA e Venezuela ao longo de toda a história, história de apoio mútuo, poderosos laços comerciais e agrícolas, além dos laços culturais de povo a povo – muitos imigrantes venezuelanos vivem nos EUA (“Temos sido aliados desde o século 19”). Por fim, esse programa estratégico de comunicações deve evidenciar compromisso e apoio aos nossos valores partilhados e às aspirações dos cidadãos dos EUA e da Venezuela, em oposição à hostilidade e à retórica agressiva de Chavez, de modo a criar frente de resistência contra qualquer atividade ou influência anti-EUA (“Nossos países sempre lutaram pela liberdade, democracia e prosperidade”).

6. (U) Temas: Esse programa estará centrado em três temas:

Os EUA e a Venezuela têm interesses comuns:

– Poderosos laços comerciais e humanos.
– Os dois povos respeitam e valorizam os direitos civis e individuais.

Problemas regionais exigem que os vizinhos operem coordenadamente: 

– O tráfico de droga afeta todos os países e só pode ser combatido com eficácia mediante a cooperação regional. 

– O crime organizado, as gangues internacionais e o tráfico de pessoas afetam todas as sociedades e estão fortemente correlacionados à paz e à estabilidade regionais.

Há longos laços históricos e culturais:

– Os dois países lutaram guerras de independência.

– Os EUA apoiaram a Venezuela, contra a intervenção europeia no século 19.

– O Baseball.

– O grande número de cidadãos venezuelano-norte-americanos.

7. (C) PARÂMETROS: Três linhas serão entretecidas ao longo desse programa proposto. Primeiro, dar-se-á prioridade à veracidade da informação, em todo e qualquer programa de comunicação pública. Esse padrão marcará claro contraste com a desinformação, as falsas promessas, os exageros e mentiras do governo Chavez. Segundo, assume-se o compromisso de só divulgar mensagens positivas sobre os povos. Sabe-se que mensagens negativas tendem a ficar associadas mais a quem as divulga que ao objeto da mensagem. Terceiro, devem-se evitar os ataques contra a República Bolivariana da Venezuela e contra Chávez, que dariam pretexto a que Chávez mobilizasse os venezuelanos contra “o império”.

8. (C) Conceito das Operações: A Embaixada gostaria de iniciar as operações em maio de 2008 e continuar até abril de 2009. Se o programa obtiver o sucesso esperado – resultado que será aferido por pesquisas de opinião –, então a Embaixada solicitará fundos para um segundo ano de campanha. A primeira fase consiste em reunir informações – pesquisas para conhecer o ambiente e as atitudes e opiniões prevalescentes sobre os EUA, drogas, corrupção e outras áreas na Venezuela que afetam a vida diária das pessoas.

9. (C) Baseada nos resultados dessas pesquisas, na segunda fase implementaremos uma campanha de anúncios em jornais, programas musicais e spots de publicidade em rádio e TV dedicadas a esportes. A Embaixada em Caracas focará seus recursos nas principais áreas populacionais da Venezuela e em estados fora da área metropolitana de Caracas. Fases seguintes incluem concertos de rock, eventos esportivos e festivais musicais. A fase final convergirá sobre Caracas e estará concentrada em distribuir a mensagem de nosso continuado apoio ao povo venezuelano.

10. (C) A Embaixada avaliará a efetividade do programa mediante pesquisas de respostas [orig. feedback surveys]. Para avaliar os  resultados de longo prazo e a permanência da mensagem entre as pessoas, uma equipe voltará às áreas alvos entre 90 e 120 dias depois de executado o programa. Assim, dá-se tempo ao público alvo para ‘digerir’ nossa mensagem, e será possível avaliar se aceitaram ou rejeitaram nossa mensagem.

11. (C) Cronograma Operacional para o Plano Estratégico de Comunicação 

10-25/Maio – 1ª fase (pesquisa de reconhecimento da área)
1º/6-30/8 – 2ª fase (centrada nos estados periféricos)
1º/9-25/12 – 2ª fase (eventos esportivos e tours musicais)
1º/1/2009-30/4/2009 – 3ª fase (focada na capital, Caracas)

12. (C) Ação solicitada ao Departamento de Defesa – A Embaixada solicita apoio do Departamento de Defesa na execução desse Plano Estratégico de Comunicações. A Embaixada gostaria que os recursos  estivessem disponíveis em meados de maio de 2008.

13. (SBU) Elementos para contato na Embaixada em Caracas [aqui omitidos](assina)DUDDY 

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