quarta-feira, 20 de março de 2019

A Arte da Guerra - "Partido EUA" ativo nas instituições da União Europeia




18/3/2019, Manlio Dinucci, Il Manifesto 
Original: blog O Empastelador

“A Rússia já não pode ser considerada parceira estratégica, e a União Europeia deve estar pronta para lhe impor novas sanções, se o país continuar a violar o Direito Internacional”: esta é a resolução aprovada pelo Parlamento Europeu, em 12 de Março, por 402 votos a favor, 163 contra e 89 abstenções.

A resolução, apresentada pela deputada letã, Sandra Kalniete, nega principalmente a legitimidade das eleições presidenciais na Rússia, definindo-as como “não democráticas”, apresentando assim o Presidente Putin como um usurpador.
·        Acusa a Rússia não só de “violar a integridade territorial da Ucrânia e da Geórgia”, mas de “intervir na Síria e interferir em países como a Líbia” e, na Europa, de “interferir com o objectivo de influenciar as eleições e aumentar as tensões”.
·        Acusa a Rússia de “violar acordos de controle de armas”, atribuindo-lhe a responsabilidade de ter prejudicado o Tratado INF.
·        Acusa a Rússia, também, de “extensas violações dos Direitos Humanos dentro do país, incluindo tortura e execuções extrajudiciais”, e de “assassinatos cometidos pelos seus agentes, com armas químicas, em solo europeu”.

No final destas e de outras acusações, o Parlamento Europeu declara que o Nord Stream 2, gasoduto destinado a duplicar o fornecimento de gás russo à Alemanha pelo Mar Báltico, “deve ser interrompido, porque aumenta a dependência da UE do fornecimento de gás russo, ameaçando o seu mercado interno e os seus interesses estratégicos”.

A resolução do Parlamento Europeu repete fielmente, não apenas no conteúdo, mas usando as mesmas palavras, as acusações que EUA e OTAN fazem à Rússia. E, o mais importante, repete fielmente o pedido para bloquear o Nord Stream 2: objetivo da estratégia de Washington visando a reduzir o fornecimento de energia da Rússia à União Europeia e substituí-lo por energia proveniente dos Estados Unidos ou mesmo, de empresas americanas.

No mesmo âmbito, enquadra-se a comunicação da Comissão Europeia aos países membros, dentre os quais, a Itália, sobre a intenção de aderir à iniciativa chinesa da Nova Rota da Seda:
·        A Comissão adverte que a China é parceira, mas também concorrente econômico e, mais importante, “rival metódico que promove modelos alternativos de governança” – em outras palavras, que promove modelos alternativos à governança dominada até agora pelas potências ocidentais.
·        A Comissão adverte que é necessário antes de tudo “salvaguardar as infraestruturas digitais críticas, de ameaças potencialmente perigosas para a segurança”, derivadas das redes 5G fornecidas por empresas chinesas como a Huawei, banida nos EUA.
·        A Comissão Europeia repete fielmente o aviso de EUA aos Aliados.

O Comandante Supremo Aliado na Europa, o General americano Scaparrotti, alertou que as redes móveis ultra rápidas da quinta geração desempenharão um papel cada vez mais importante nas capacidades bélicas da OTAN, de modo que não se admitem “descuidos” da parte dos aliados. Tudo isto confirma qual é a influência que o “partido americano” exerce – forçar um poderoso alinhamento transversal que orienta as políticas da União, em simultâneo, pelas mesmas linhas estratégicas EUA/OTAN.

Ao construir a imagem falsa de Rússia e China ameaçadoras, as instituições da UE preparam a opinião pública para aceitar o que os EUA estejam em preparativos para “defender” a Europa:

"Os EUA" – declarou à CNN um porta-voz do Pentágono – "preparam-se para testar mísseis balísticos com base em terra" (proibidos pelo Tratado INF destruído por Washington), isto é, novos mísseis europeus que novamente converterão a Europa em base e ao mesmo tempo em alvo de uma guerra nuclear.

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