quinta-feira, 30 de setembro de 2010

GILMAR MENDES, MAS QUE É DANTAS, OU ARRUDA, OU SERRA, OU QUEM DER MAIS...

Laerte Braga

A impressão que eu tenho é que José Arruda Serra imagina que todas as pessoas sejam idiotas. Que o seu cinismo e sua absoluta falta de escrúpulos não sejam perceptíveis a olho nu.

O candidato pegou o telefone ligou para o ministro (cúmulo da esculhambação!) Gilmar Dantas Mendes, em sessão plena do STF – Supremo Tribunal Federal – determinando que o funcionário das organizações Daniel Dantas pedisse vista do processo em que se decidia sobre os documentos necessários para o eleitor votar.

Obediente, subalterno, no bolso, Gilmar pediu vista mesmo com a votação definida, ou seja, seu voto não muda nada, mas busca manter o coronelismo político em determinadas regiões do Brasil.

O candidato tucano/DEMO negou, numa explicação típica de quem não tem compromisso com a verdade, nem com nada que não seja sua ambição desmedida, seu caráter trôpego e trêfego, disse a jornalistas que talvez alguém tenha “mencionado meu nome, mas eu não telefonei”.

Mentiroso.

Gilmar Dantas Mendes negou também que tenha recebido ligação de Arruda Serra. Foram companheiros no governo de FHC. Ministros do ex-presidente.

Quando Gilmar Dantas Mendes pediu vista do processo, paralisando o julgamento, a matéria já estava decidida e cá para nós, se um “jurista” que tem assento na corte suprema do País não tem condições de decidir sobre um tema básico e por isso mesmo simples, tem que pedir demissão, sair pela porta dos fundos de vergonha.

Está fazendo o que lá?

Se não tem vergonha, é o caso, não pode estar lá.

Antônio Carlos Lafayete de Andrada foi designado ministro do STF por indicação do presidente José Linhares, ele próprio ex-presidente da corte e nessa condição presidente da República após a queda de Getúlio Vargas (1945). Exerceu as funções até 1969 quando se aposentou.

Em 1965 o ex-PSD mineiro lançou a candidatura de Sebastião Paes de Almeida, que foi ministro da Fazenda de JK, ao governo do estado de Minas Gerais. Conhecido como “trem pagador” por sua forma de fazer campanha, Paes de Almeida foi impugnado pelo TRE e o assunto foi parar na corte maior.

O ex-deputado José Bonifácio Lafayete Andrada, líder da ex-UDN, sabedor das chances de vitória de Paes de Almeida que disputava com Roberto Resende o governo do estado (o governador era Magalhães e Roberto Resende seu sobrinho) escreveu uma carta ao parente ministro do STF (não havia celular àquela época e nem DDD), onde pedia que se eximisse de votar já que a perspectiva do voto de Antônio Carlos era favorável a Paes de Almeida.

Esperto, solerte, sem caráter, como os Andradas que atuam na política até hoje, José Bonifácio criou uma saia justa para o ministro tornando pública a sua carta.

Há quinze dias da eleição Paes de Almeida foi impugnado, Antônio Carlos Lafayete Andrada se declarou suspeito e não votou, lógico, e Israel Pinheiro foi indicado candidato em substituição a Paes de Almeida. Ganhou de Roberto Resende por larga maioria de votos.

Arruda Serra, noutro tempo, noutro espaço histórico, repete a prática udenista e golpista. Não é diferente.

O pedido de vistas do ministro (acredite, mas é) Gilmar Dantas Mendes é um escárnio e uma afronta à corte, aos seus pares e aos brasileiros.

Como o foram os habeas corpus dados a Daniel Dantas quando o banqueiro foi preso pelo delegado Protógenes Queiroz. Ou quando forjou uma gravação em seu gabinete para livrar sua cara e VEJA divulgou aos quatro cantos. Na hora agá não havia nem gravação e nem provas que seu gabinete estivesse sendo alvo de escutas.

O “ministro” é isso aí.

A maioria dos ministros do STF já havia votado com o parecer da ministra Ellen Gracie que um documento com retrato é necessário e bastante para que o eleitor possa exercer o direito do voto. Só, mais nada.

Na mutreta montada por Arruda Serra com Gilmar Dantas Mendes, o pedido de vista é para paralisar o processo, dificultar a votação e tentar embaralhar a vontade popular para que um pilantra como Arruda Serra tenha chances de ser presidente. São nulas felizmente.

E Arruda Serra, no desespero da derrota, fala em Brasil moderno, em avanços, etc, etc., montado no mesmo cavalo que qualquer coronel político da história do Brasil.

Na garupa a candidata Marina da Silva, verde que quero laranja.

Como a questão vai ser resolvida não sei. Gilmar Dantas Mendes é capaz de tudo. Não montou um instituto para “ensinar direito”, admitiu repórteres da GLOBO como alunos –gratuitos, é claro (o cala a boca) - e fez convênios com a prefeitura da cidade onde o prefeito foi seu irmão? 

Tudo isso para decidir como identificar-se para votar.

O STF corre o risco de ir para o ralo nos esquemas de Gilmar Dantas Mendes.

A bem da verdade, por lá passaram figuras como Evandro Lins e Silva, Hermes Lima, Victor Nunes Leal, Ribeiro da Costa, Adauto Lúcio Cardoso, Rui Barbosa, Bilac Pinto e tantos outros que não merecem estar na mesma página que Gilmar Dantas Mendes e nem o Brasil e os brasileiros merecem esse tipo de má fé na instância final de nossa Justiça.

É dose para leão, é amostra do que é capaz o candidato José Arruda Serra para chegar ao cargo de presidente da República.

Ou o Supremo se afirma como tal, ou vira supremo com molho de Gilmar Dantas Mendes, acompanhado de batatinhas José Arruda Serra.

Dá uma bruta diarréia na democracia.