Prestem atenção de como a propaganda nos tritura a mente: o caso da iraniana, tida como condenada a lapidação, por adultério. Se a verdade, conquanto mito retórico, inalcançável. se confunde com a beleza - por isso os artistas de talento chegam mais perto dela -, a realidade é insuportável e feia.
Como sabemos, a lapidação de adúlteras é pena prescrita pela Lei Mosaica (está no Pentateuco em todas as linhas). Ao topar com uma dessas horríveis cenas, na iminência de ser iniciada, Jesus-Emanuel-Aïssa meteu-se à frente da mulher, expondo-se aos apedrejadores, e bradou: Os que não tiverem pecado, atirem a primeira pedra!
Com uma só frase, o Fundador da Nova Aliança revertia toda uma legislação penal-religiosa do judaísmo, anulando-a mediante uma conscientização de duas entidades distintas: a divina e a humana, germe da separação entre o Crente e César. A senhora iraniana em questão está, de fato, condenada a morte, com o amante, porque ela drogou o marido para que o amante o matasse. Como a lapidação foi extinta no Irã com a queda do Xainxá (1979), os condenados à penalidade máxima, em duas instâncias, pagam seu crime com a forca. Como houve recurso a uma terceira, a sentença definitiva não foi ainda exarada.
No Irã, as leis civis e penais não são a Chariaa, ao contrário do que se diz, pois são votadas pelo Parlamento. Evidente que melhor seria o Irã abolisse a pena de morte, porém esse é tema de exclusiva competência interna, segundo os cânones constitucionais e internacionais de sua soberania (cabe recordar que assim se manifestou o Presidente Lula). Nem caberia ao Presidente Ahmadinejad interferência junto ao Judiciário iraniano para autorizar um exílio da condenada. Ele não tem competência para isso.
Enviado por Arnac