sábado, 20 de dezembro de 2014

China prepara-se para resgatar a Rússia

17/12/2014, [*] Tyler Durden, Zero Hedge
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Xi Jinping e Vladimir Putin brindam...
Na noite de hoje [16/12/2014], há pouco, Wang Yungui, da Administração Chinesa de Câmbio [orig. State Administration of Foreign Exchange's (SAFE)] observou que “o impacto da depreciação do rublo russo ainda não aparece com clareza, e, como Bloomberg noticiou, “SAFE está acompanhando de perto a depreciação do rublo e encorajando as empresas a proteger-se contra os riscos do rublo”.

Seus comentários ecoaram também na agenda de reforma do mercado de moedas para dar mais flexibilidade ao yuan, tema para o qual o jornal The South China Morning Postapontou em matéria intitulada “Rússia pode procurar ajuda da China, para enfrentar crise” – na qual se lia que a Rússia pode recorrer ao acordo de swap[troca] de moeda, de 150 bilhões de yuan (US$ 24 bilhões) com a China, assinado em outubro, se o rublo continuar a cair.

Além disso, dois banqueiros próximos do Banco Central da China [People’s Bank of China, PBOC] disseram que a linha de swap foi criada para reduzir o papel do dólar norte-americano, se China e Rússia precisarem ajudar-se uma a outra, para superar algum aperto de liquidez.

Como Bloomberg noticiou também ontem à noite, mais cedo, Wang Yungui da China disse que:

·  *CHINA OBSERVA DE PERTO A DEPRECIAÇÃO DO RUBLO: WANG DO SAFE
·  *CHINA ESTIMULA EMPRESAS A PROTEGER-SE CONTRA RISCOS DO RUBLO, DIZ WANG DO SAFE
·  *REAL IMPACTO DA DEPRECIAÇÃO DO RUBLO AINDA NÃO ESTÁ CLARO, DIZ  WANG DO SAFE

Acrescentando que a China planeja reformas nas regras dos swaps, para flexibilizar trocas de moedas.


Rússia pode servir-se do acordo de troca de moeda (150 bilhões de yuan (HK$189,8 bilhões) que tem com a China, se o rublo continuar em queda.

Se o acordo for ativado para essa finalidade, será a primeira vez que a China será chamada a usar a própria moeda para resgatar outro país em crise. Onegócio foi assinado pelos dois bancos centrais em outubro, quando o premier Li Keqiang visitou a Rússia.

“Rússia precisa muito de apoio de liquidez, e a linha de swap pode ser ferramenta ideal”, disse o economista Lian Ping, do Banco de Comunicações.

O swap permite que os bancos centrais comprem yuan e rublos diretamente nas duas moedas, não mais via o dólar norte-americano.

Dois banqueiros próximos do Banco Central da China disseram que aquele acordo visa a reduzir o papel do dólar norte-americano, se China e Rússia precisarem ajudar uma a outra, no caso de aperto de liquidez.

Atualmente, a China mantém acordos de swap de moedas com mais de 20 autoridades monetárias em todo o mundo. Esses swaps, em geral, são usados para pagamentos.

“O acordo de swap não foi questão exclusivamente financeira” – disse Wang Feng, presidente de um grupo de corretores privados com sede em Xangai, Yinshu Capital. – “Teve implicações políticas, como sinal declarado de confiança mútua”.

O rublo perdeu mais de 50% em relação ao dólar esse ano, empurrando a Rússia para a beira de uma crise de moeda; medidas anunciadas pelo banco central, contudo, ajudaram o rublo, ontem, a recuperar algum terreno.

Li Lifan, pesquisador na Academia de Ciências Sociais de Xangai, disse que o swapnão será suficiente para a Rússia, mesmo que seja inteiramente usado. “O Banco Central da China pode concordar com acrescentar cerca de 15 bilhões de yuan ao acordado inicialmente, como meio de manifestar o compromisso da China em relação à Rússia".

*  *  *


(...) como que para garantir a todas as partes envolvidas que haverá suficiente apoio de capital dos dois lados, o Banco Central da China distribuiu uma surpreendente declaração, em que informa que os bancos centrais de China e Rússia assinaram acordo bilateral de troca de moeda vigente por três anos, no valor de 150 bilhões de yuan, como se lê na página internet do Banco Central Chinês. O acordo pode ser ampliado, no caso de ambos os signatários o desejarem. O acordo visa a tornar mais convenientes os investimentos diretos e o comércio bilateral, e a promover o desenvolvimento nas duas nações.

De fato, alguns, como Bloomberg, continuam céticos, sem acreditar que esse pivô sem precedentes da Rússia em direção à China, que deixa de lado o ocidente, venha a ferir só o Kremlin. Mas outros veem de outro modo: quem sairá beneficiado? A Europa, com déficit crônico de energia e dependente da energia russa? Ou a Rússia, país riquíssimo em recursos naturais, cuja economia passa atualmente por deriva dramática e dolorosa, no processo para romper todas as amarras que o ligam ao petrodólar e criar laços de Gas-O-Yuan?

*  *  *

A “isolada” Rússia estará a um passo de ser resgatada pela China, maior economia do mundo? 

Talvez, de fato, até já tenha começado a ser resgatada...




Mas então, outra vez – com as moedas BRICS em tumulto... (ZAR -22% não aparece)


Talvez nem seja surpresa, se os países-membros servirem-se da reserva de US$ 100 bilhões do Banco dos BRICS...

Presidentes dos BRICS - Fortaleza 2014
Mas a linha-da-cintura, que está sendo atacada, é que, ao usar acordos bilaterais de troca de moeda, os países BRICS já estão efetivamente se desacorrentando de um “mundo desenvolvido” à moda Fed e dominado por esse e outros bancos centrais, para assumirem, eles mesmos, suas próprias exigências de financiamento.

Temos o prazer de anunciar a assinatura do Acordo que estabelece a Reserva de Contingência, Contingent Reserve Arrangement, o CRA dos BRICS – que começa com US$ 100 bilhões.

Esse acordo terá efeito positivo de precaução; ajudará países a livrar-se de pressões de liquidez de curto prazo; promoverá maior cooperação entre os BRICS; fortalecerá a rede de segurança financeira global e complementará outros acordos internacionais já existentes (...). O acordo é um arcabouço que proverá liquidez mediante troca de moedas, em resposta a pressões reais ou potenciais de equilíbrio de curto prazo na balança de pagamentos.

Ah! Vale registrar: o papel do dólar nesse mundo é, bem... É zero, nada, zero.

Para quem talvez tenha esquecido quem são os BRICS, além de uma sigla criada por ex-banqueiro do Goldman, vai aí esse gráfico, para ajudar a lembrar que nesses países vivem 3 bilhões de pessoas.


[*] Tyler Durden é o apelido de numerosos blogueiros que comentam no Zero Hedge. O nome foi copiado de personagem do romance de Chuck Palahniuk (depois filme) Fight Club (Clube de Luta).

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