sábado, 30 de maio de 2015

NYT Imperial: Cada membro da FIFA só tem um voto e é secreto...

Uau! “Que estranha matemática eleitoral”
29/5/2015, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Nota da redecastorphoto: Contra a vontade dos EUA e Israel, Sepp Blatter foi reeleito para a presidência da FIFA hoje, 29/5/2015.

Meninos palestinos jogam futebol diante do MURO DA VERGONHA, construído em terras ROUBADAS por Israel, na Palestina/Cisjordânia.

O New York Times foi avisado sobre o ataque, pela polícia suíça, mas ordenado pelos EUA, contra funcionários da FIFA em Genebra. O jornal parece guardar algum ressentimento contra a FIFA, porque os EUA perderam a disputa pela Copa do Mundo de 2022, para o Qatar.
É óbvio que os EUA estão tentando instalar gente sua, mais um fantoche dos EUA, na presidência da FIFA. O candidato do governo dos EUA é membro da hiper corrupta família reinante na Jordânia. Não é que os EUA tenham algo contra a corrupção. Como seria a situação hoje, se a FIFA, como alguns bancos gigantescos tivessem doado dinheiro gordo à Fundação Clinton, à biblioteca presidencial dos Obama ou “lobbyeado” a favor de alguns deputados e senadores?
Corrupção é coisa contra a qual os EUA nada têm, antes o contrário, desde que sirva aos interesses dos EUA. Mas o modo como a FIFA é administrada dificultou a realização dos desejos dos EUA.
A razão de toda a corrupção que indignou o New York Times é, como lá se lê, “a estranha matemática eleitoral da FIFA”.


Ora essa! E o que haveria de tão “estranho” na tal matemática??
Os membros da FIFA são as associações nacionais de futebol. Cada associação, um voto. Os votos são secretos.
Estranhíssimo! Cada membro tem direito a um voto e pode votar como melhor lhe pareça. O que há de estranho?! Da matéria do NYT:
Todos esperam que Mr. Blatter seja eleito para o 5º mandato na 6ª-feira (29/5/2015)– em eleição que se realizará a poucos quilômetros do luxuoso hotel onde, na 4ª-feira (27/5/2015), aconteceram as prisões – em parte por causa da matemática eleitoral da FIFA. O presidente da FIFA é eleito por voto individual das 209 federações nacionais. Assim, os muitos países pequenos que apoiam Mr. Blatter tornam-se efetivo contrapeso à sua baixa popularidade no resto do mundo, especialmente na Europa.
Cada país um voto é, ah, é sim, matemática muito estranha! Imaginem se a ONU adotasse a mesma matemática... Como os EUA e demais membros do Conselho de Segurança conseguiriam fazer o que bem entendessem, no mundo inteiro, se todos os demais países tivessem real direito a voto real, um por país?!
Não se lê nenhuma proposta, na matéria do NYT, sobre como alterar a tal “estranha matemática”. E como os EUA prefeririam que os votos se arrumassem por lá, na FIFA? Países ranqueados por população? China, Índia, Nigéria, Brasil adorariam esse arranjo, mas dificilmente os votos deles iriam para onde os EUA os mandassem ir. Ou países ranqueados pelos sucessos históricos no esporte, ou pela popularidade local do futebol? Portugal ou outros países menores, nesse caso, teriam o maior peso! O voto dos EUA apareceria pequeno, bem no final da lista.
Não. Não há melhor sistema eleitoral para a FIFA do que o que há hoje. Copa do Mundo é negócio de bilhão de dólares. O dinheiro que a FIFA coleta das licenças para retransmissão dos jogos, anúncios, merchandizing flui de volta para as federações nacionais de futebol. E elas devem usá-lo para apoiar e promover o esporte. Desgraçadamente, corrupção há e sempre haverá em qualquer coisa que envolva negócio tão gigantesco e tão complexo. O mundo tem de aprender a conviver com a corrupção, como aprendeu a conviver com o câncer: o câncer ainda existe, mas já não morre gente na quantidade em que morria.
É isso, ou o controle sobre o futebol mundial tornar-se-ia impenetravelmente secretivo, transparência zero, como qualquer empresa privada norte-americana. E seria o fim do jogo.
Carta de senadores dos EUA à FIFA
(clique na legenda para aumentar)

Sugeri ontem que o assalto dos EUA contra a FIFA, sob a acusação de práticas de corrupção já velhas de mais de vinte anos, aconteceu agora porque a FIFA votaria hoje o pedido de expulsão de Israel, apresentado pelos palestinos, também representados na FIFA; os palestinos acusam Israel de tornar impossível a existência do futebol na Palestina. Arrancar a Copa do Mundo de 2018 da Rússia é alvo conveniente, mas é secundário. Israel já confessou a própria culpa na campanha contra o futebol palestino, quando ofereceu concessões, em troca de a proposta para expulsá-la ser retirada da pauta da FIFA. Mas parece que as concessões ainda são insuficientes:
A fonte informou que o presidente da FIFA, Sepp Blatter, interessou-se pela proposta de Israel, mas disse que nada faria sem a aprovação do presidente da Federação Palestina de Futebol, Rajoub; e que o consultaria antes de remover da pauta o pedido de expulsão de Israel.
A mesma fonte disse que Rajoub aceitou, mas acrescentou mais uma exigência: que a FIFA solicitasse ao Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, que emitisse uma resolução, nos próximos três meses, pela qual a ONU declare que as cinco equipes israelenses localizadas nas colônias de Israel na Cisjordânia estão em território de Israel.
As regras da FIFA determinam que equipes não localizadas em território de Israel precisam obter o consentimento dos palestinos para jogar nas ligas israelenses. Dado que a ONU não reconhece a Cisjordânia como parte de Israel, o impasse para Israel é claro: ou a Federação Israelense de Futebol expulsa da Liga Israelense aquelas equipes, ou estará descumprindo regras da FIFA.

Nota da redecastorphoto: A Palestina, em nome do esporte e por pedido de Sepp Blatter, consentiu em retirar hoje (29/5/2015) o pedido de suspensão de Israel da FIFA.

Os palestinos dificilmente desistirão dessa exigência. Israel, como a África do Sul do apartheid, deve ser expulsa da FIFA. Não pode haver qualquer tolerância com o racismo e a ocupação violenta, no mais amado dos esportes em todo o mundo.
[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como “Whisky Bar ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ver/ouvir versão em performance de David Johansen com legendas em português.

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