Por Lejeune Mirhan
Caros amigos internautas e web - militantes:
há muitos motivos para Serra perder já no primeiro turno das eleições de outubro de 2010. Como disse James Carlyle em 1992 quando coordenou a campanha de Clinton contra Bush pai, que tinha 30 quesitos a seu favor, mas a economia ia mal "É a economia, estúpido!". Carlyle ajudou Obama, cuja equipe, em parte hoje ajuda Dilma. A sensação que vivemos hoje no Brasil pode ser traduzida, como disse Michael Moore em recente artigo, os anos dourados dos EUA entre 1950 e 1960. Em inglês I feel good. A sensação é de bem estar, de progresso, de melhora de renda e ampliação das riquezas, em todas as classes. As pessoas se sentem bem, estão mais animadas, dispostas, o crédito ampliou-se, elas compram mais.
A eleição deste ano tem uma característica inédita: um presidente com apoio de 80% da população (aprovam o governo; apenas 5% desaprovam diretamente). Quando ano passado os EUA demitiram sete milhões no auge da crise, o Brasil contratou um milhão (no ano, o saldo líquido entre admissões e demissões). Este ano vamos bater em três milhões! É quase pleno emprego, a menor taxa de desemprego da história. Diferente dos anos do "milagre econômico" da ditadura, desta vez o crescimento vem acompanhado de distribuição de renda. Pelo menos 50 milhões de pessoas moveram-se na escala social. Tudo documentado pelo IBGE, FGV, Unicamp entre outros institutos.
Porque Serra perdeu em 2002? Ele se apresentava como candidato do continuísmo e Lula como o candidato da mudança. E agora? As coisas se inverteram. Dilma é candidata da continuidade, mas com mais avanços ainda necessários e Serra é visto como candidato da mudança. Mas, mudar para onde? Para a volta ao passado, para o desmonte do Estado, para as privatizações, para o corte de despesas, para a criminalização dos movimentos sociais, para o arrocho dos salários e a precarização do trabalho, para a subserviência de nossa diplomacia ao Departamento de Estado norteamericano. Isso nunca mais! Nunca mais um ministro das relações exteriores de nosso Brasil tirará o sapato para ser revistado na alfândega dos Estados Unidos como Celso Láfer fez nos anos FHC!
Serra vai perder, apesar do total apoio do PIG - Partido da Imprensa Golpista, como diz Paulo Henrique Amorim (por favor, leiam diariamente o Conversa Afiada).
O tempo de TV da Dilma será 40% maior. Pelo menos um milhão de militantes - voluntários ou não - sairá às ruas com Dilma (10 Partidos, sem falar de partidos que nacionalmente não se coligarão, mas a apoiarão nos estados). O DEM se não tiver a vice, pode cair fora da aliança ou poderá até lançar nome próprio à presidência (o nome reserva é César Maia, do Rio). Será golpe de misericórdia na candidatura Serra que perderá quase metade de seu tempo de TV. O líder do DEM na Câmara Municipal de SP, vereador Carlos Apolinário, na terra de Kassab, aderiu à Mercadante e à Dilma. Kassab não moverá uma palha por Alckmin.
Minas vai inteira de Dilma, pois Aécio já prepara o "Dilmasia" (mas, as últimas pesquisas, depois da retirada do PT, Hélio Costa deve vencer no 1º turno). Até no Pará, o DEM já subiu no barco de Ana Júlia Carepa, do PT.
A imprensa, raivosa contra Dilma e contra o progresso social e político do Brasil, diz que Dilma tem "problemas nos palanques estaduais". Mas sabem quais problemas? Excesso de palanques.
Na Paraíba, por exemplo, ela tem três palanques e Serra nenhum. Não vai poder visitar esse estado em campanha, pois ninguém o recebe. Outro dia lá esteve e foi visitar um shopping center, pois não tinha agenda.
A mesma coisa no Amazonas entre outros estados sem palanques. De última hora estão tentando criar candidatos à governador fantasmas apenas para terem tempo de TV para Serra. Quem tem problemas de palanques é a tucanada.
Veja o Rio. Um palanque para dois candidatos a presidente! Isso é um imenso problema. Gabeira carrega em suas costas (pequenas, é bem verdade), Marina e Serra. Um peso insuportável!
No campo sindical e popular, todas as entidades, quase que sem nenhuma exceção, vão de Dilma. As cinco grandes centrais que recentemente reuniram cinco mil sindicatos e trinta mil sindicalistas em São Paulo na Conclat. Sabem que os tucanos e o DEM, se vencerem, vão fazer terra arrasada no sindicalismo, criminalizar movimentos sociais, na linha do "prendo e arrebento".
Isso não queremos nunca mais.
Dilma terá pelo menos 300 congressistas na Câmara, buscando a reeleição dobrando com ela em todos os estados (estimativas de que Serra terá apenas metade disso, em especial da extrema direita, ruralistas, que defenderam contra a reforma agrária, contra os direitos dos trabalhadores e parlamentares profundamente mal avaliados).
Por fim, Serra perderá por falta de programa. O que vai dizer? Vai falar mal desse governo, o melhor da história do Brasil? Vai dizer que "Lula está acima do bem e do mal"? Vai falar que vai mudar o que? Que vai fazer melhor (o slogan da tucanada é "o Brasil pode mais"; verdade; pode mesmo; e vai fazer mais, mas com a turma que já esta fazendo e não com novos governantes, velhos na verdade, que desmontaram e destruíram e quebraram a nação pelo menos três vezes enquanto governaram o país por oito anos).
Eles acham que o povo é bobo, que não sabe disso, que não percebe as mudanças. Atacaram por oito anos (temos tudo gravado e será mostrado na campanha), o programa bolsa família, o maior programa de transferência de renda do planeta, elogiado pela ONU e nem na Índia, com um bilhão de habitantes, tem-se um programa parecido com esse. Chamaram de "esmola" os recursos transferidos para mulheres, mães e chefes de família, recursos condicionados à dados escolares e de saúde das crianças entre outros quesitos.
Eles vão ter que se explicar nas concessões e nas entregas de nosso petróleo: agora sim vão passar às mãos do Estado brasileiro. Vão ter que explicar porque construíram plataformas de petróleo na Malásia, Tailândia e não nos estaleiros do Rio de Janeiro, como hoje são feitos.
Lula agora virou Dilma. Como ele mesmo disse, depois de 21 anos, seu nome não estará na cédula (urna eletrônica). Por isso, ele mudou de nome e agora se chama simplesmente "Dilma". Quem quer votar em Lula, vota Dilma. Serra é FHC. Por mais que eles escondam essa figura de triste memória (perceberam que ele foi despachado para o exterior no último sábado e faltou na convenção tucana em Salvador?).
A oposição esta desnorteada, sem rumo, sem programa e sem propostas.
Restaram-lhes apenas e tão somente a campanha da moralidade. Que não pega mais. Ser honesto e correto é dever de todos, é básico. Isso não é programa. A velha UDN golpista não cola mais.
Estão fora do tempo e do espaço.
E quem são eles para falar em "moralidade"? Inventaram três dossiês e querem imputar isso à Dilma. Eles é que sabem fazer bem essas coisas, essas falcatruas e fraudes. O dossiê contra Serra na verdade é nada mais nada menos que o livro que esta sendo finalizado de Amaury Ribeiro Jr. excepcional e premiadíssimo jornalista que investigou a sério e a fundo as privatizações da era tucana no país.
Assim que o livro sair com 14 capítulos (já li vários e é mesmo bombástico), ele vai protocolar no MPF um pedido de investigação de todas as fraudes que detectou, desvios de dinheiro e enriquecimento ilícito. E isso vai atingir a mulher de Serra e sua xará Verônica Dantas entre outras pessoas do alto staff tucano.
Bem, circulem essas notícias ou pelo menos a coluna do Fernando Barros e Silva, da Folha que envio abaixo da minha assinatura. Esse é um jornalista que dá três na ferradura e de vez em quando uma no cravo. A matéria abaixo, muito lúcida, é a do cravo. Leiam-na com a atenção que ela acabou tendo no cenário nacional.
Abraços fraternais a todos e rumemos à vitória
PS: O meu Partido, o PCdoB, realiza hoje a nossa Convenção Nacional Eleitoral em Brasília onde homologará a coligação nacional com Dilma Rousseff, para vencer e no 1º turno.
Lejeune Mirhan
http://twitter.com/lejeunemirhan
Site: www.sociologos.org.br
Ego sum pauper. Nihil dabo. Cor dabo
(Eu sou pobre. Nada tenho. Darei meu coração)
Hoje milhões de crianças dormirão nas ruas no mundo. Nenhuma delas é cubana.
Artigo citado: FERNANDO DE BARROS E SILVA
Estranhos no ninho
SÃO PAULO - José Serra fez um discurso marcante de confrontação política no sábado. Foi o ponto alto da convenção do PSDB. Mas sua eficácia é no mínimo duvidosa: ao atacar Lula, ele mordeu a isca. Mordeu porque está acuado e talvez não tenha muito para onde correr.
A candidatura Serra vive hoje um momento delicado, que o empate com Dilma Rousseff nas pesquisas não traduz. O fantasma da desagregação política ronda o tucanato.
Serra ainda não tem vice. E tudo indica que passou a hora em que a escolha de um nome ainda viesse somar algo à candidatura. O PP, que lhe daria tempo de TV, inclinou-se para o lado de Dilma. Na melhor hipótese, ficará solteiro.
Enquanto isso, o DEM, aliado dos tucanos desde o início, faz ameaças e pergunta, como na canção dos Paralamas: "Por que você não olha pra mim, oh, oh, me diz o que é que eu tenho de mau?". Eles têm razão de chiar. Mas no fundo sabem que este é um casamento que funcionava na era FHC. Hoje, com Serra, parece mais um funeral.
Nesse ambiente, em que quase todos reclamam do candidato e quase ninguém assume responsabilidades com a candidatura, Aécio Neves -o vice que foi sem nunca ter sido- achou seu espaço. Usou a convenção para fazer um show de engajamento ligeiro na campanha.
Alguém disse que sua presença atrapalha e suas palavras não ajudam. Feliz, bronzeado, cheio de vitalidade, Aécio é hoje a própria encarnação de um futuro que vai além do PSDB. E além, certamente, do que é capaz de inspirar a figura soturna do candidato tucano-coruja.
Ao subir no palco como um popstar e conclamar Serra, num discurso tão inflamado quanto vazio, a liderar um processo de "redenção nacional", Aécio reforça a sensação de que não está nem aí. Redenção nacional? Contra 80% de aprovação de Lula? Sua fala teria nexo se estivéssemos no final do governo Sarney, com o país derretendo. A continuar assim, não é difícil adivinhar quem derreterá até outubro.