Por Mair Pena Neto - Publicado em 01/09/2010
Depois de ter sido submetida a dois interrogatórios, no Jornal Nacional e Jornal da Globo, a candidata Dilma Rousseff não irá a uma sabatina com colunistas e editores de O Globo. O nome, aliás, parece bem apropriado. Já não se entrevistam mais as pessoas públicas. Elas são sabatinadas.
O papel do jornalista é o de tentar extrair informações novas, contradições e opiniões que revelem o verdadeiro pensamento de um candidato que irá nos governar por quatro anos, quiçá oito. Mas isso deveria ser feito, sobretudo, com inteligência, e não com truculência. O resultado é a desistência de candidatos de participar de outras entrevistas, principalmente quando estão bem nas pesquisas e nada tem a ganhar diante da agressividade demonstrada por alguns jornalistas.
O jornal mexicano
Confrontado com o fato inegável, Fidel foi obrigado a refletir, situou a questão em seu tempo histórico e assumiu com grandeza a responsabilidade por não ter se ocupado do problema e deixado que se disseminasse no país. A jornalista apontou a contradição entre os ideais de igualdade da revolução e a perseguição discriminatória e obteve a grande novidade da sua entrevista.
Agora vamos ver como Dilma vem sendo entrevistada pela grande imprensa brasileira. No Jornal da Globo dessa semana, a primeira pergunta da entrevistadora foi a seguinte: Candidata, a gente tem visto muitos petistas envolvidos em escândalos na campanha da senhora. José Dirceu, por exemplo. Qual é o papel que ele terá num possível governo da senhora?
Dilma tirou a pergunta de letra, mas a questão não visava esclarecer nada, até porque candidato inteligente não vai antecipar nomes antes da vitória assegurada. Já houve um que sentou na cadeira antes da hora e acabou derrotado. A intenção da pergunta era associar Dilma a nomes supostamente repudiados pela sociedade para constrangê-la.
O tom acusatório prosseguiu
Os analistas políticos concordam que a vitória de Dilma está praticamente assegurada e que só um fato extraordinário e de grande relevância poderia alterar o jogo. A impressão de quem acompanha a cobertura das eleições diariamente é a de que a mídia se esforça por encontrar ou até mesmo criar essa bala de prata, o último tiro de Serra para mudar a sorte do jogo. Será que é esse o papel da imprensa?
extraído do Direto da Redação