Laerte Braga
A eleição de George Walker Bush para a presidência dos Estados Unidos, em 2000, produto de uma fraude no estado da Flórida, governado por seu irmão Jeb Bush, matou de vez qualquer resquício do chamado “ideal americano” de democracia.
Bush, em seus oito anos de governo, montou uma impressionante máquina de guerra, escorada em ações militares e terroristas e trouxe para o plano da realidade a perspectiva de uma terceira guerra mundial. Há dias atrás, o ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, alertou o mundo para os riscos desse possível conflito.
A invasão e ocupação do Iraque, escoradas na mentira das armas químicas e biológicas, à revelia de decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, por sua vez, enterraram a ONU, transformando-a em adereço para justificar ao sabor de conveniências, ações terroristas de norte-americanos e seus aliados, o principal deles Israel.
O chamado Ato Patriótico de Bush, o Patriotic Act, pretensa resposta ao ataque e destruição das torres gêmeas do World Trade Center, abriu as portas para a tortura, assassinatos seletivos, sequestros, campos de concentração como o de Guantánamo (território cubano ocupado por estadunidenses), massacres no Afeganistão, e permitiu a transformação dos Estados Unidos da América do Norte numa grande corporação terrorista, com mais de seiscentas bases militares espalhadas pelo mundo e a necessidade de guerras que signifiquem ganhos para a organização terrorista.
Hans Blinx, ex-inspetor da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU, que recomendou cautela à época que precedeu a guerra do Iraque, disse a jornais e tevês inglesas, mês passado, “que não havia evidências de armas químicas e biológicas no Iraque, mas a embriaguez dos EUA com seu poder militar, seu arsenal poderoso, ignorou o relatório dos inspetores”.
Havia o petróleo, hoje todo em mãos de empresas do conglomerado terrorista outrora uma nação, a importância de neutralizar um país hostil no Oriente Médio e evitar riscos para o parceiro no terror, o Estado de Israel.
O filme Intriga de Estado, do diretor Kevin Macdonald, produção de 2009, com os atores Russel Crowe, Bem Affleck e a atriz Rachel McAdams, conta a história de um congressista norte-americano que percebe os riscos do controle de empresas privadas sobre os serviços de inteligência dos EUA, sobre as forças armadas, o poder paralelo que se desenvolve nesse processo, inclusive o tráfico de drogas e mulheres e o denuncia numa das comissões da Câmara de Representantes daquele país.
Para atenuar o impacto da denúncia junto ao público norte-americano (o cidadão comum que assistiu ou vai assistir ao filme, que é quem paga a conta) o congressista acaba preso envolvido numa trama pessoal – é alvo da paixão e gravidez de uma assessora.
De qualquer forma fica evidente que uma empresa, no filme, detém o controle do setor de inteligência, dos serviços de recrutamento e treinamento de soldados para guerras semelhantes às do Iraque e do Afeganistão, das políticas de ocupação gradual e constante de países europeus (através da OTAN), reduzindo a soberania de cada um deles e aprisionando a Europa Ocidental através de bases e acordos militares restritivos da independência de cada um desses países. Da ação terrorista de Israel no Oriente Médio, da devastação do continente africano e do controle/cerco
O presidente Barack Obama não conseguiu, na realidade, deter esse processo. O filme é apenas isso, reflexo da realidade terrorista construída sob George Bush.
O poder do Estado está sendo minado pelo poder das grandes corporações que controlam o “negócio” da guerra, com faturamento absurdo.
É recente a divulgação de noventa e dois mil documentos secretos da guerra do Afeganistão e de ações terroristas norte-americanas em diversos países do mundo. O site que trouxe toda essa farta documentação a público, o WikiLeaks, tem sido alvo de sistemáticos ataques, seus responsáveis perseguidos, mas nada disso apaga o caráter bárbaro e terrorista das políticas norte-americanas em todo o mundo.
Um império erigido sob o terror em todo o seu espectro.
O filme é uma tênue denúncia de uma situação real muito mais trágica e perigosa que o que se vê na tela.
É possível perceber o que já se sabe e já foi objeto de denúncia em vários setores no mundo inteiro. Que mortes de soldados recrutados por empresas privadas dos EUA para a guerra não são problema. Objetos, máquinas humanas de matar que logo são repostas quando imprestáveis.
Na América Latina controlam a Colômbia – lato sensu, uma colônia – e países da América Central. O golpe militar em Honduras não teve outra razão que não manter os “negócios”, nem tão grandes assim naquele país, mas alertar governos contrários em toda a região que o “Grande Irmão” não irá tolerar desafios. A matança por lá continua e é diária, no arremedo de democracia de Pepe Lobo.
Um dos setores vitais para que os “negócios” floresçam e as ações terroristas permaneçam é o controle que exercem sobre a chamada mídia privada (redes de tevê, rádio, jornais e revistas). Foi assim na Venezuela no primeiro golpe midiático da história (abril de 2002) e tem sido assim na ação permanente de mentir, distorcer e inundar o noticiário de fatos irrelevantes, transformando-os em acontecimentos capitais, jeito de evitar que a população de cada país tome conhecimento dessa realidade brutal. Mais ou menos como organizar a fila do gado “tangido e moído” para o matadouro do império.
No Brasil esse controle é praticamente absoluto.
Estamos a um mês das eleições que escolherão o futuro presidente da República. Toda a chamada grande mídia brasileira transformou-se em partido político na tentativa de, através de mentiras, distorções dos fatos, ações planejadas e determinadas ao fim a que se propõe, tentar evitar a eleição da candidata Dilma Rousseff (Partido dos Trabalhadores), apoiada por Lula.
Para secundar essa ação, jornais dos EUA, que identificavam em Lula o grande líder da América Latina, chamam o brasileiro hoje de “amigo dos tiranos”. Referem-se a Chávez e a Ahmadinejad, Venezuela e Irã respectivamente.
Não há um programa de governo do principal adversário de Dilma, mas só manobras em cima de falsos escândalos para tentar desqualificar e desacreditar a candidata. As grandes redes de tevê, a maior delas a Rede Globo, monta notícias e fabrica fatos que possam favorecer Serra, como fez em eleições passadas (Collor, Alckmin e FHC anteriormente).
Agem assim
O grande vilão hoje é o Irã.
O filme Intriga de Estado não é uma obra prima. É um bom filme de ação. O seu mérito, mesmo com limitações, é o de mostrar o caráter de corporação terrorista que é o Grande Irmão da América nos dias atuais.
Obama, por exemplo, após exaustivas negociações, vai conseguir reduzir em sete por cento as privatizações e contratos de terceirizações nos serviços de inteligência
A importância de romper o controle que a mídia privada exerce sobre a informação está aí. Não há notícias sobre os milhões de norte-americanos atingidos pela crise que abalou o mundo dois anos atrás e ainda mantém inalterados seus reflexos sobre os que pagam a conta das grandes corporações.
Um novo modelo de saúde nos EUA está sendo chamado pelos donos do “negócio” de “atraso”, de “modelo comunista”.
O filme Avatar perdeu o prêmio do Oscar por antecipação para Guerra ao Terrorismo (A Academia de Cinema de Hollywood sempre foi um braço da CIA e do Departamento de Estado), depois da reação de senadores republicanos à sua mensagem. Liberdade e solidariedade através da igualdade.
É preciso criar o pânico, o fazem no Brasil, na Venezuela, em qualquer país europeu, que os vilãos que elegem como inimigos da “democracia” devem ser eliminados a qualquer preço, qualquer preço mesmo, inclusive o da própria liberdade.
Há quarenta anos o socialista Salvador Allende era eleito presidente do Chile. Promoveu a reforma agrária, tirou Cuba do isolamento, estatizou o petróleo e a exploração do cobre. Foi assassinado num golpe militar em que generais chilenos subordinados a Washington (documentos do governo dos EUA mostraram largamente os fatos) transformaram o Chile num grande campo de concentração. Como fizeram com o Brasil em 1964.
A ação dos Estados Unidos (do governo das corporações) sobre a América Latina está aumentando de intensidade e o fantasma dos golpes de Estado começa a sair das catacumbas na pregação do medo transformado em principal arma do conglomerado terrorista EUA-Israel Terrorismo S/A.
Quem imaginava que a organização Spectre (chantagem, vingança, espionagem, assassinatos, extorsão) criada por Ian Fleming e principal adversária de James Bond fosse impensável nas dimensões que apresentava, não imagina por outro lado que algo maior e muito mais sinistro, a EUA/Israel Terrorismo S/A se materializasse e viesse a ser, como é, a grande ameaça ao mundo e à humanidade.
Os Estados Unidos não passam de uma grande corporação terrorista. Obama, como qualquer outro, é peça de enfeite, de adorno, da barbárie que essa corporação vai espalhando pelo mundo.
O ser humano é mero objeto nesse processo.