sábado, 4 de setembro de 2010

A esquerda cerra fileiras contra o governo de Nicolas Sarkozy

4/9/2010, Sophie Landrin, Elise Vincent e Sylvia Zappi, Le Monde, Paris [só para assinantes]


NOTA (No. 1) DO COLETIVO TRADUTORES DA VILA VUDU:

Esse artigo não vale naaaaada. É provável que apareça amanhã, com outro título, traduzido no Estadão ou na Folha de S.Paulo, ou requentado como «inspiração» para a «coluna» de «política internacional» [hehehehe] do Sêo Cróvis Roçi ou do Merpal Vereira [ gargalhando!].


Traduzimos, exclusivamente, porque é exemplo EXCELENTE de que NINGUÉM precisa desse «jornalismo». Esse «jornalismo» não informa. Esse «jornalismo» existe para NÃO INFORMAR. Esse «jornalismo», esses «jornalistas» e esses «jornais», se forem calados, amordaçados, por lei, preencherão uma lacuna na cabeça dos leitores.


Esse artigo foi escrito não para informar, mas, exclusivamente, para ridicularizar a manifestação contra o governo racista e xenófobo de Sarkozy e os partidos de esquerda verdadeira ou só pressuposta, como o PS francês ou os Verdes e outros.


A única informação REALMENTE IMPORTANTE que há (deveria haver!) nesse artigo, NÃO ESTÁ VISÍVEL na matéria/redação jornalística, na qual, aliás, está, isso sim, MUITO CUIDADOSAMENTE ESCONDIDA:

– Hoje, em Paris, reuniram-seTODOS – sem faltar nenhum - os movimentos, os mais diferentes e TODOS contra o racismo e a xenofobia da DIREITONA francesa.


Claro que nenhum Le Monde jamais noticiaria ou noticiará essa notícia. Fique ela registrada, aqui, nessa tradução militante (com agradecimentos ao professor Cocco, que chamou a atenção para o que está acontecendo hoje, em Paris).



130 associações convocaram manifestações nesse sábado, 4/9, em toda a França e frente às embaixadas da França na Europa.


Do SUD (França: Sindicatos Solidários, Unitários e Democráticos) à CFDT (Confederação Francesa Democrática do Trabalho), a indignação dos sindicatos


A união sindical “Solidaires” foi das primeiras a denunciar, dia 28/7, “a estigmatização dos imigrantes e dos ciganos, por Sarkozy ". Dia 2/9, foi a vez da CGT. 48 horas depois, a convocação da Liga dos Direitos do Homem [francesa] (LDH) e sua condenação da “xenofobia e da política do pelourinho” já estavam assinadas pelos sindicatos e frentes sindicais Sud Education, Solidaires, FSU [Fédération syndicale unitaire], CGT e CFDT, organização que só muito raramente subscreve documentos do Nouveau Parti anticapitaliste (NPA) ou de associações como AC! [Agir ensemble contre le chômage (Agir juntos contra o desemprego)]. Dia 23/8, a Force ouvrière [Força Operária] também convidou os militantes e simpatizantes a participar, individualmente, das manifestações.


NOTA (No. 2) DO COLETIVO DE TRADUTORES DA VILA VUDU

Cá entre nós, amado leitor, esse papim ‘jornalístico’ do Le Monde tá é SAAAACO.

Então... pra encurtar conversa, são os seguintes os sindicatos e associações francesas que subscrevem a convocação para as manifestações desse sábado contra “A xenofobia e a política de pelourinho do governo Sarkozy”:

• AC ! Agir ensemble contre le chômage,

• Les Alternatifs,

• Les amoureux au banc public,

• Association de défense des droits de l’Homme au Maroc (ASDHOM),

• Association France Palestine Solidarité (AFPS),

• Association des Marocains en France (AMF),

• Association nationale des Gens du voyage catholiques (ANGVC),

• Association républicaine des anciens combattants (ARAC),

• ATTAC,

• Autremonde,

• Cedetim,

• Confédération française démocratique du travail (CFDT),

• Confédération générale du travail (CGT),

La Confédération Paysanne,

• La Cimade,

• Le Cran,

• Droit au logement (DAL),

• Emmaüs France,

• Europe Ecologie,

• Fédération pour une alternative sociale et écologique (Fase),

• Fédération des associations de solidarité avec les travailleurs immigrés (FASTI),

• Fédération nationale des associations d’accueil et de réinsertion sociale (FNARS),

• Fédération SUD Education,

• Fédération syndicale unitaire (FSU),

• Fédération des Tunisiens pour une citoyenneté des deux rives (FTCR),

• FNASAT-Gens du voyage

• Fondation Copernic,

• France Terre d’Asile,

• Gauche unitaire,

• Groupe d’information et de soutien des immigrés (GISTI),

• Les Jeunes Verts,

• Ligue des droits de l’Homme (LDH

• Ligue de l’enseignement,

• Marches uropéennes,

• Médecins du Monde,

• Le Mouvement de la Paix,

• Mouvement contre le racisme et pour l’amitié entre les peuples (MRAP),

• Le Nouveau Parti anticapitaliste (NPA),

• Le Parti communiste français (PCF),

• Le Parti de Gauche, le Parti socialiste (PS),

• Réseau d’alerte et d’intervention pour les droits de l’Homme (RAIDH),

• Réseau Education Sans Frontière (RESF),

• SNESUP-FSU,

• SOS Racisme,

• Syndicat des avocats de France (SAF),

• Syndicat de la magistrature (SM),

• Union syndicale Solidaires,

• Les Verts.

• Unión Romani. España [Do blog Extrapolar, português]

O discurso de Grenoble de Nicolas Sarkozy, a ameaça de imigrados delinquentes terem a nacionalidade cassada, a expulsão de ciganos ou o uso de estatísticas de delinquência por Brice Hortefeux [ministro da Imigração, da Integração do governo Sarkozy] visivelmente conseguiram despertar a esquerda francesa.


Também participarão das manifestações Jane Birkin e Régine. Régine cantará “P'tits papiers” de Serge Gainsbourg [ouve-se o próprio Gainsbourg cantar, em 1957, em Giverny, lindo, às vezes parece um cantaor gitano]



Não se via em Paris mobilização semelhante desde a expulsão dos “sem-documentos” da igreja de Saint-Bernard en 1996.


O Partido Socialista, muito prudente durante o verão, na resposta à ofensiva autoritária (no original: “de segurança”) do chefe de Estado [só o Le Monde, mesmo! Parece o Estadão, falando do ex-FHC “chefe de Estado” honorário, prô Estadão monarquista (hehehehe)!], decidiu unir-se ao movimento, ao lado dos Verdes, dos comunistas do PCF, do NPA, do Partido de esquerda. Mas nem o MoDem nem o partido de Dominique de Villepin serão vistos nas calçadas.


Os desfiles [oió, outra vez, o Estadão-Le Monde! Ojo! Não são “desfiles”! São, queira o bom deus, AS BARRICADAS!] reunirão organizações habituadas a esse tipo de desfile [quem aguenta esse papim de jornalão?!] – a Liga de Direitos Humanos, a Rede Educação sem Fronteiras (RESF), SOS-Racisme –, mas também outras estruturas bem menos dadas ao exercício. A Liga Internacional contra o racismo e o antissemitismo (Licra) – que há muito tempo recusa-se a desfilar ao lado da Liga dos Direitos Humanos e de SOS-Racisme – também se uniu aos manifestantes.


"Atos racistas"


A Federação Nacional das Associações de Acolhimento e Reinserção Social (FNARS), o grupo Emmaüs France, e até a CFDT (Confederação Francesa Democrática do Trabalho), pouco presente no terreno antirracista, também estarão representados. “Os que menos responderam são os grupos mais afastados da política”, observa Jean-Pierre Dubois, presidente da Liga dos Direitos Humanos.


M. Dubois destaca também que o Partido Socialista, que desertou das manifestação de defesa dos “sem-documentos” já há dez anos – “depois que Lionel Jospin recusou-se a participar do 100º aniversário da Liga dos Direitos Humanos, em 1998”, lembra ele – engajou-se empenhadamente na preparação dos desfiles [hehehehehe], e escalou seus responsáveis nacionais. “O PS sentiu que há algo muito profundo na inquietude que cresce, em toda a sociedade francesa, ante os atos racistas do governo”, repete o presidente da Liga dos Direitos Humanos.


A participação na manifestação não provocou controvérsia no PS, apesar de François Rebsamen, encarregado de um fórum sobre segurança, ter-se oposto abertamente. Para o prefeito de Dijon, o PS “não é a Liga dos Direitos do Homem. É partido do governo.” “Espero”, explica ele ao Parisien de 3/9, “que essa manifestação não crie derivas de slogan e amálgamas fáceis demais.” Para ele, “é dever do governo reconduzir à fronteira os estrangeiros em situação ilegal.”


Mas essa posição é marginal. “A partir do momento em que se comprovou que não há problemas de segurança, não há qualquer razão para não defendermos as liberdades públicas” – argumentou François Lamy, conselheiro da primeira secretária, Martine Aubry. O partido se orgulha de ter sido o primeiro a levantar a discussão das liberdades públicas. Foi dia 22/3/2009, no Zénith, quando o PS organizou “a primavera das liberdades”, imenso fracasso.


Sábado, os socialistas planejam distribuir os estoques encalhados do livro que editaram à época, Le Livre noir des libertés. “A decifração que fizemos do Sarkozysmo está comprovada”, garante Marie-Pierre de la Gontrie, encarregada das liberdades públicas.


Em Paris, Bertrand Delanoë, prefeito, e o presidente da région Ile-de-France, Jean-Paul Huchon, reunir-se-ão ao cortejo [só faltou acrescentarem “fúnebre” a esse relato «jornalístico» do tal de «fato». Esse pessoal não tem vergonha na cara!] Mme. Aubry deve ficar retida na Grande Braderie [uma feira de bric-à-brac, metida a «solidária»] de Lille [imagens em http://www.lavoixdunord.fr/Braderie-de-Lille/].

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"Trampolim"


O calendário estava complicado, a manifestação acontece a três dias de outra manifestação contra o projeto das aposentadorias. Mas além do protesto contra as medidas autoritárias [no original: «de segurança»] anunciadas, a manifestação de 4/9 pretende ser o primeiro movimento de um protesto geral contra Nicolas Sarkozy.


A ponte com a manifestação contra a reforma das aposentadorias, de fato, está em todos os discursos. “O 4 de setembro é um trampolim para as mobilizações do dia 7. Vemos hoje uma etapa significativa da convergência das mobilizações”, afirma [esse “afirma”, nesse contexto lingüístico e considerado o objetivo pragmático de TODA a matéria, é verbo SUPER safado] Pierre Laurent, numéro um do PCF.


“As pessoas compreenderam que o governo tirou as piores cartas de seu jogo e que as duas frentes não podem estar separadas. Ninguém mais tem vontade de deixar passar” – garante [OUTRO verbo SUPER safado, nesse contexto lingüístico e considerado o objetivo pragmático de TODA a matéria] Cécile Duflot, secretária nacional dos Verdes.


“As pessoas tomaram consciência de que o governo poderia engessar esses dois temas”, observa Jean-Luc Mélenchon do Partido de eEsquerda. Mesma análise, no NPA : «É a entrada que temos para enfraquecer o outro lado» – bate [orig. “assène”, que, que nos conste, traduz-se por “esmurra”. Se estivermos errados, que nos corrijam, mas «esmurramento» é, precisamente, o que bem merecem essas «jornalistas» e o Le Monde inteiro, francamente!] Olivier Besancenot.


«Já não se pode dizer que há um front secundário – as liberdades públicas – e um front prioritário – a defesa das aposentadorias – como antes. O social está agora ligado às provocações contra os direitos» – insiste [mais um verbo safado!] o presidente da Liga dos Direitos Humanos.


NOTA (No. 3) DOS TRADUTORES DA VILA VUDU

O «jornalismo» acanalhado do Le Monde e o texto acanalhante das «jornalistas» que assinam essa matéria podem ser desmascarados, de cabo a rabo, só com uma análise semântico-pragmática dos verbos discendi (os verbos «jornalísticos» por excelência: «disse fulano», «declarou» sicrano, «afirmou» beltrano e muitos outros) que se usam aqui. Nessa matéria, TODOS os verbos discendi são enviesados e canalhas. Quem precisa desse «jornalismo»?!


Nota (No. 4) - Os comentários do Coletivo de Tradutores da Vila Vudu estão neste tipo (Arial Narrow, bold)


O artigo original em francês, pode ser lido em:

http://www.lemonde.fr/cgi-bin/ACHATS/acheter.cgi?offre=ZOP&clef=BLOCDSLEJOURNAL

(para assinantes)