terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mensagem do Aiatolá Khamenei à Ummah islâmica


(sobre a queima de livros nos EUA),

13/9/2010, Press TV, Teerã

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

Em nome de Deus, o Compassivo, o Generoso

“Nós lhes demos o Corão e zelaremos por Ele”, diz Deus, o Ponderado, o Sábio”

[Santo Corão, 15:9]


À grande nação iraniana, à grande Ummah islâmica.


O insulto insano, revoltante, contra o Santo Corão nos EUA, incidente que ocorreu sob a vista da polícia dos EUA, é evento dos mais trágicos que não pode ser visto apenas como ato enlouquecido de uns poucos mercenários. É ato calculado, praticado por aqueles que, há anos, mantêm em sua agenda políticas antimuçulmanos e de islamofobia e que combatem o Islã e o Corão por inúmeras vias, recorrendo sempre à propaganda e a campanhas. É mais um elo da cadeia de medidas escandalosas que começaram com as blasfêmias de Salman Rushdie, o apóstata, continuaram nas imagens desenhadas por um caricaturista dinamarquês, nas dezenas de filmes anti-islâmicos que Hollywood continua a produzir e que, agora, avançam com esse show de loucuras. Quem e o quê estão por trás desses atos do mal?


Se se analisa a cadeia de atos e movimentos, como se veem em anos de operações atrozes no Afeganistão, Iraque, Palestina, Líbano e Paquistão, não se pode deixar de ver que aí operam os think tanks do imperialismo e do sionismo, ambos com profunda influência no governo, entre os militares e nas agências de segurança dos EUA, da Grã-Bretanha e de alguns outros países europeus. São os mesmos entre os quais se devem buscar os grupos e os indivíduos responsáveis pelos ataques às torres gêmeas de 11/9. O então presidente dos EUA, criminoso, conseguiu o pretexto de que precisava para invadir o Iraque e o Afeganistão; e declarou sua Cruzada. Dizem os jornais que, ontem, aquele mesmo presidente criminoso teria declarado que, com a entrada dos grupos religiosos dos EUA na ‘guerra ao terror’, sua Cruzada realmente começara.


O objetivo desse incidente repulsivo é, simultaneamente, levar o confronto com o Islã e os muçulmanos para a população na comunidade cristã, para dar um toque de ‘religião’ e misturar o zelo e os sentimentos religiosos ao esforço de guerra dos EUA e aliados. Ao mesmo tempo, o incidente visa também a criar tumulto e agitação nas nações muçulmanas, compreensivelmente enfurecidas por essa afronta, e que, assim, tirariam os olhos e a atenção das questões e desdobramentos políticos do que se passa no mundo muçulmano e no Oriente Médio.


Esse ato de vingança e afronta não é o início, mas um passo adiante na sempre mesma história de fazer, dos muçulmanos, inimigos do ocidente. Começou com os sionistas e o governo dos EUA – para tentar fazer com que todos os líderes da hegemonia mundial se voltem contra o Islã.


O Islã é a religião da libertação humana, do homem como ser espiritual. O Corão é o Livro da compaixão, da sabedoria e da justiça.


O Islã tem muito a dizer a todos os homens e mulheres do mundo e a todas as religiões abrâmicas que se unem hoje ao lado dos muçulmanos contra as políticas e os atos anti-islâmicos. Discursos vazios ou mentirosos não bastam para absolver o governo dos EUA da acusação de comprometimento nesse movimento horrendo. Por muitos anos as palavras consideradas sagradas por milhões de muçulmanos oprimidos no Afeganistão e Paquistão, no Iraque, no Líbano e na Palestina foram insultadas, e os muçulmanos agredidos em seus direitos e em sua dignidade.


Centenas de milhares de muçulmanos foram mortos, dezenas de milhares de homens e mulheres aprisionados e torturados, milhares de crianças e mulheres muçulmanas raptadas, milhões de feridos, um número infinito de famílias aos quais se roubaram o teto, as terras, os bens – e culpados de quê?


Apesar de tudo isso, por que a mídia ocidental apresenta os muçulmanos como a violência encarnada e o Islã e o Corão, como ameaça à humanidade? Como alguém acreditaria que essa vasta conspiração seria possível sem o apoio e o envolvimento dos círculos sionistas no governo dos EUA?!


Irmãos e irmãs bem-amados, muçulmanos no Irã e em todo o mundo!


É necessário prestar atenção aos seguintes pontos:


Primeiro, esse incidente e outros semelhantes mostram que o alvo visado hoje pela hegemonia e pelo imperialismo global são as fundações do Islã e o Santo Corão. A inimizade manifesta pelos poderes arrogantes do mundo contra a República Islâmica do Irã é reação à resistência do Irã contra aqueles mesmos poderes arrogantes; a alegação daqueles poderes arrogantes de que não são inimigos de outros muçulmanos e do Islã é enorme mentira, encenação satânica. Os poderes arrogantes são inimigos do Islã, do que o Islã significa e dos que crêem no Islã.


Segundo, esses atos desprezíveis contra os muçulmanos e o Islã brotam do fato de que, há já várias décadas, o Islã brilha mais do que jamais e conquista corações e mentes no mundo muçulmano; e, mesmo no ocidente, o Islã também brilha mais do que nunca antes; brotam do fato de que a Ummah islâmica é hoje mais vigilante e determinada a libertar-se dos antolhos que lhe impuseram dois séculos de colonialismo e interferências. O insulto ao Corão e ao Grande Profeta, apesar da violência e da amargura, é prenúncio de avanços. A luz do Corão brilhará mais forte do que nunca.


Terceiro, temos todos de saber que aquele incidente nada tem a ver com os cristãos e a Igreja cristã. Não se vejam atos de marionetes, de pastores imbecilizados e mercenários, como atos dos cristãos e religiosos ocidentais. Os muçulmanos jamais cometeremos atos semelhantes àqueles, contra o que outras religiões e homens e mulheres diferentes de nós considerem sagrado. Os autores e encenadores daquele show insano visam, exatamente, a semear o conflito entre muçulmanos e cristãos e levá-los para as ruas e as televisões. O Corão nos ensina ensinamento diametralmente oposto a tudo isso.


Quarto, hoje, os protestos de todos os muçulmanos do mundo visam ao governo e aos políticos dos EUA. Se forem honestos no que dizem – que nada têm a ver com a cena ‘midiática’ orquestrada por meia dúzia de dementes –, devem punir exemplarmente os planejadores e executores desse crime de ódio que feriu os sentimentos mais profundos de 1,5 bilhões de muçulmanos em todo o planeta.


Que a paz acompanhe os que creem na paz.


Sayyed Ali Khamenei, 13/9/2010



A mensagem original, traduzida para o inglês, pode ser lida em: Leader's message on Quran desecration