quarta-feira, 24 de outubro de 2012

EUA: eleições 2012: “Cada norte-americano que votar será um voto a mais contra ele mesmo”


24/10/2012, Paul Craig Roberts, Institute for Political Economy
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Deus ajude Obama e Romney, se algum dia tiverem de enfrentar debate real sobre questões reais, no centro acadêmico dos alunos de Oxford, a Oxford Union. Seriam massacrados.

Os “debates” eleitorais esse ano revelaram que não só os candidatos, mas o país inteiro, estão de costas, completamente, para todos os problemas reais e seus desdobramentos perigosos. Por exemplo, ninguém se interessa por debater o fato de que, agora, cidadãos norte-americanos podem ser presos e executados sem processo e sem julgamento. Basta, para pôr fim à liberdade e à vida de um cidadão dos EUA, que o próprio governo dos EUA decida exterminá-lo. E a decisão sai de algum ramo do Executivo, sem recurso possível.

Paul Craig Roberts
Sim, os norte-americanos, caso algum se dedique a pensar sobre isso, acreditam que esse tipo de execução só atinge terroristas que bem o mereçam. Mas, se não se exigem nem provas nem devido processo legal... como se pode saber se só acontece a terroristas? Pode alguém confiar em governo que iniciou guerras em sete países baseadas em mentiras? Se o governo dos EUA mente sobre existência de armas de destruição em massa, para invadir um país... por que não mentiria sobre quem é ou não é terrorista?

Os EUA precisam debater como, por que os norte-americanos estaríamos mais seguros agora que a Constituição já não assegura a todos, sequer, o direito ao devido processo legal. Se o poder do governo não é controlado pela Constituição, quem nos governa? Cesar? Os Pais Fundadores teriam por acaso ensinado que se pode, sem medo, entregar a um Cesar a nossa segurança? O que mudou tão completamente que, hoje, os norte-americanos confiam em césares?

Se vivemos sob tal risco de ser atacados por terroristas, a ponto de a Constituição ter de ser cancelada ou substituída por incontáveis Atos Institucionais, como é possível que tantos grupos terroristas sejam mantidos em operação pelo mundo, com dinheiro e assessoria que o FBI lhes dá? Em 11 anos, nenhum dos atos terroristas acontecidos nos EUA foram atos nos quais a iniciativa tenha partido de “terroristas”!

Nos 11 anos transcorridos desde 11/9, pode-se dizer que não houve atos de terrorismo nos EUA, ou foram mínimos. O que justifica(ria) a quantidade descomunal de dinheiro que o Departamento de Segurança Nacional consome? Para quê o Departamento de Segurança Nacional mantém equipes de Resposta Especial, todas equipadas com veículos blindados, como as que se veem em:HSI Using Armored Vehicles for Training (ICE), em treinamento? (Foto abaixo).

ICE training using armored vehicles

Quem são os alvos dessas unidades militarizadas? Se onze anos de assassinatos, assaltos, invasões, organizados e ordenados pelo governo dos EUA, além do deslocamento de milhões de muçulmanos arrancados de suas casas, não provocaram atos massivos de terrorismo em território dos EUA, por que o Departamento de Segurança Nacional está criando seu próprio exército doméstico armado? Por que não há investigações no Congresso? Por que não há debates televisionados sobre esses problemas? Como é possível que um governo cujo orçamento afunda-se cada dia mais no vermelho, assuma despesas de criação, manutenção e armamento de força militar não prevista na Constituição, não regulada por dispositivo constitucional e que não atende a qualquer necessidade prevista na Constituição?

O Departamento de Segurança Nacional, não se entende por quê, acaba de criar um Departamento da Juventude Nacional [orig. FEMA Corps], como se vê em: Welcome to the FEMA Corps Inaugural Class – que bem parece fachada para objetivo mais sinistro, uma juventude hitlerista made in USA, como sugerem várias páginas na internet. 


Os aumentos massivos nas compras de munição, pelo Departamento de Segurança Nacional, estarão relacionadas à recente criação de “corpos” nacionais militarizados, para jovens entre 18 e 24 anos? Como é possível que tudo isso aconteça diante de nossos olhos... E ninguém pergunta nada? E nada se debate?


Por que Romney não perguntou a Obama por que tanto trabalha para derrubar a sentença, emitida por corte federal, que impede que cidadãos dos EUA sejam mantidos encarcerados por tempo indefinido? Será porque Romney e seus conselheiros neoconservadores aprovam a ideia de manter prisioneiros sem lhes dar direito de ser julgados?! Nesse caso, por que tanto trabalho para trocar um tirano por outro?

Por que os EUA construíram uma rede de campos de concentração e de detenção de prisioneiros, para os quais estão contratando “especialistas em campos de concentração e detenção”, como se vê  no vídeo a seguir? 


Por que o exército dos EUA tem atualmente uma política para “implantação de programas de trabalho para civis presos e detidos em campos de concentração e detenção de prisioneiros civis, em instalações e prédios do Exército” como se vê em: Civilian Inmate Labor Program?

No vídeo a seguir lê-se matéria de Rachel Maddow, sobre o quanto Obama critica o regime dos neoconservadores Bush/Cheney por violarem a Constituição dos EUA e a legislação ordinária e, em seguida, propõe leis idênticas às que aquela dupla propôs.


Como é possível ter sido excluída dos debates a evidência de que há aviões-robôs, drones Predator, nesse momento, sobrevoando nossas casas e tetos aqui mesmo nos EUA? Qual o objetivo disso? Por que delegacias de política nas menores cidades do país, estão sendo equipadas com veículos blindados? Vi com meus olhos. Cidades floridas em comunidades muito pequenas ao norte de Atlanta, Geórgia, condomínios de casas MacMansions já têm vigilância privada militarizada com veículos blindados e armas automáticas. Equipes da SWAT, em uniformes de guerra, cobertos da cabeça aos pés andam por aí, por todos os cantos. Do que se trata? Comunidades rurais e semirrurais muito pequenas, onde jamais algum terrorista porá os pés, também já vivem armadas até os dentes. Vivem tão pesadamente armadas que poderiam ser mandadas à guerra, combater contra o 3º Reich ou o Exército Vermelho.

Todas essas perguntas põem por terra o pressuposto da perfeição moral dos EUA. É proibido debater. Afinal, se “é a economia, estúpido!”, por que não houve debate televisionado sobre economia?

Mês passado, o Federal Reserve anunciou seu “Plano 3”, QE3. Se QE1 e QE2 não funcionaram, por que alguém, inclusive o presidente do Federal Reserve, supõe que o QE3 funcionará?

Pois fato é que os totalmente irracionais mercados financeiros, que nada entendem de coisa alguma, a-do-ra-ram o QE3. Só pode ser porque esses mercados são regidos só por propaganda, boatos e desinformação, não por informações e fatos. O totalmente ensandecido mercado de ações é incapaz de tomar uma, que seja, decisão correta. As decisões são tomadas pelos doidos do mercado, operando sempre a curtíssimo prazo. A única via segura é seguir os lêmures. Essa estratégia garante que cada gerente de portfólio esteja sempre cercado de outros gerentes de portfólios e, assim, ninguém perde clientes.

Maravilhoso seria se Obama e Romney discutissem discussão real sobre como o tal Plano QE3, concebido para ajudar bancos insolventes e “grandes demais para quebrar” pode(ria) ajudar pais e mães de família, em que os dois trabalham, com renda real de há 45 anos – porque a renda real de famílias médias reais está hoje, nos EUA, nesse pé.

Como a salvação de um banco do tipo “grande demais para falir” ajuda(ria) uma família cujo emprego, ou cujos vários empregos foram exportados para China ou Índia para aumentar os lucros das grandes empresas, o desempenho dos gerentes e seus “bônus” e os dividendos dos acionistas?

Mais do que obviamente, os trabalhadores norte-americanos foram sacrificados no altar dos lucros dos mega ricos. Boa questão a debater pela televisão é: Por que os norte-americanos que trabalham foram sacrificados para aumentar os lucros dos mega ricos? Pois jamais se ouviu tal pergunta nos tais “debates presidenciais” televisionados.

No século 21, os cidadãos dos EUA tornaram-se não entes. São brutalizados pela Polícia sustentada pelos impostos que os cidadãos pagam. Os cidadãos, porque protestam contra alguma injustiça ou simplesmente porque protestam, são espancados, presos, atacados com choques elétricos e, até, assassinados. A Polícia, paga pelos cidadãos, espanca paralíticos em cadeiras de rodas, enquadram quem chame a Polícia para ajudar contra ataques de criminosos, atacam com choques elétricos até idosas e crianças de colo, atiram a sangue frio contra cidadãos desarmados que nada fizeram além de perder o controle sobre a própria vida, por causa do álcool, de drogas, ou da revolta ante a injustiça.

Norte-americanos vítimas de lavagem cerebral pagam impostos a todos os níveis do Estado para serem protegidos contra a violência gratuita, mas recebem, paga com o dinheiro deles mesmos, só violência gratuita contra eles mesmos. Todos os norte-americanos, exceto a meia dúzia de mega ricos que controlam Washington, podem ser presos e roubados de suas propriedades e de sua liberdade, sem causa alguma, bastando que alguém de dentro do Executivo deseje possuir a mulher do “acusado”, a namorada, os bens dele ou, simplesmente, acertar alguma “conta” ou afastar um rival, ou vingar-se de rival da escola, da universidade ou dos negócios.

Nos EUA, hoje, a lei só serve aos poderosos, não à justiça, não há lei nem qualquer justiça. Só o poder cego, sem controle.

Que sentido tem votar, se o resultado é sempre o mesmo? Os dois candidatos, em 2012, representam interesses de Israel, não dos EUA. Os dois candidatos representam interesses do complexo militar/de segurança, do agronegócio, das empresas exportadoras de postos de trabalho, a supressão dos sindicatos e dos trabalhadores, o total desrespeito às liberdades civis e à Constituição dos EUA, exatamente o que faz um Executivo com poder sem contrapeso.

Nos EUA hoje só o dinheiro manda. Nada o confronta ou lhe põe freios. Por que votar e, pelo voto, apoiar e legitimar que continuem a explorar os próprios eleitores? Cada norte-americano que votar será um voto a mais contra ele mesmo.

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