sábado, 7 de maio de 2011

A Grécia considera a saída da eurozona

Comentário da redecastorphoto:
Caso se concretize a saída da Eurozona (e/ou da Comunidade Europeia) de quaisquer dos países ameaçados (Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda, Itália, p.ex.) outros países, certamente, seguirão o insolvente.
Este fato aprofundará ainda mais a atual crise financeira internacional.
O que vemos é o resultado das políticas neoliberais, totalmente concentradoras de renda, penalizando mais uma vez a classe trabalhadora pelo descalabro dos desmandos e aventuras financeiras praticados pelos agentes do Sistema Financeiro.
Grécia e Portugal são os exemplos mais gritantes da Eurozona, mas outros países “quebrarão” em sequência. Daí a reunião em Luxemburgo...

·        A desastrosa situação grega em consequência da “ajuda” do FMI/BCE/UE

·        Uma lição para Portugal se seguir tais receitas



por Christian Reiermann

A crise da dívida na Grécia ganhou um contorno dramático novo. Fontes informadas acerca das ações do governo informaram SPIEGEL ONLINE que Atenas está considerando retirar-se da zona euro. Os ministros das Finanças da área da divisa comum e representantes da Comissão Europeia estão realizando uma reunião de crise secreta no Luxemburgo na sexta-feira [6 de Maio] à noite.

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Os problemas econômicos da Grécia são maciços, com protestos contra o governo realizados quase diariamente. Agora o primeiro-ministro, George Papandreu, aparentemente sente que não tem outra opção: SPIEGEL ONLINE obteve informação de fontes do governo alemão conhecedoras da situação em Atenas indicando que o governo Papandreu está considerando o abandono do euro e a reintrodução da sua própria divisa.

Alarmada pelas intenções de Atenas, a Comissão Europeia convocou uma reunião de crise no Luxemburgo na sexta-feira à noite. A reunião está tendo lugar no Château de Senningen, local utilizado pelo governo do Luxemburgo para reuniões oficiais. Além da possível saída da Grécia da união monetária, uma reestruturação rápida da dívida do país também faz parte da agenda. Um ano após o estalar da crise grega, este desenvolvimento representa um ponto de viragem potencialmente existencial para a união monetária da Europa – pouco importando qual a variante que finalmente será decidida para enfrentar as maciças perturbações da Grécia.

Dada a situação tensa, a reunião no Luxemburgo foi declarada altamente confidencial, sendo permitido o comparecimento apenas de ministros das Finanças da eurozona e membros sênior de assessoria. O ministro das Finanças Wolfgang Schäuble da conservadora União Democrática Cristã (CDU) da chanceler Angela Merkel e Jörg Asmussen, um influente secretário de Estado no Ministério das Finanças, comparecem em nome da Alemanha.

“Desvalorização considerável”

Fontes informaram SPIEGEL ONLINE que Schäuble tenciona procurar impedir a Grécia de abandonar a zona euro se for de algum modo possível. Ele levará consigo para a reunião no Luxemburgo um documento interno preparado pelos peritos do seu Ministério advertindo das possíveis consequências sombrias se Atenas viesse a abandonar o euro.

“Isso levaria a uma desvalorização considerável da nova divisa interna [grega] em relação ao euro”, declara o documento. De acordo com estimativas do Ministério das Finanças alemão, a divisa podia perder até 50 por cento do seu valor, levando a um aumento drástico da dívida nacional grega. A equipe de Schäuble calculou que o déficit nacional da Grécia elevar-se-ia a 200 por cento do produto interno bruto após uma tal desvalorização. “Uma reestruturação da dívida seria inevitável”, advertem seus peritos neste documento. Por outras palavras, a Grécia iria à bancarrota.

Não está claro se seria mesmo legalmente possível para a Grécia despedir-se da eurozona. Peritos legais acreditam que também seria necessário para o país separar-se totalmente da União Europeia a fim de abandonar a divisa comum. Ao mesmo tempo, é questionável se outros membros da união monetária recusariam realmente a aceitar uma saída unilateral da eurozona por parte do governo de Atenas.

O que é certo, de acordo com a avaliação do ministro das Finanças alemão, é que a medida teria um impacto desastroso na economia europeia.

“A conversão da divisa levaria à fuga de capital”, escrevem eles. E a Grécia pode se vir forçada a implementar controles sobre as transferências de capital para travar a fuga de fundos para fora do país. “Isto não poderia ser reconciliado com as liberdades fundamentais introduzidas no mercado interno europeu”, declara o documento. Além disso, o país também seria eliminado dos mercados de capitais durante os anos seguintes.

Por outro lado, a retirada de um país da união da divisa comum “prejudicaria seriamente a fé no funcionamento da zona euro”, continua o documento. Investidores internacionais seriam forçados a considerar a possibilidade de que novos membros da eurozona pudessem retirar-se no futuro. “Isso levaria ao contágio na eurozona”, continua o documento.

Bancos em risco

Além disso, se Atenas desse as costas à divisa comum da zona, haveria sérias implicações para o já cambaleante setor bancário, particularmente na própria Grécia. A mudança na divisa “consumiria toda base de capital do sistema bancário e os bancos do país abruptamente ficariam insolventes”. Bancos fora da Grécia também sofreriam. “Instituições de crédito na Alemanha e alhures seriam confrontadas com perdas consideráveis nas suas dívidas pendentes”, lê-se no documento.

O Banco Central Europeu (BCE) também sentiria os efeitos. A instituição com sede em Frankfurt seria forçada a “amortizar parcialmente (write down) uma parte significativa dos seus direitos como irrecuperáveis”. Além da sua exposição aos bancos, o BCE também possui grandes montantes de títulos do estado grego, os quais têm comprado nos últimos meses. Responsáveis no Ministério das Finanças estimam que o tal possa valer, pelo menos, €40 bilhões (US$58 bilhões). “Dada a sua fatia de 27 por cento no capital do BCE, a Alemanha arcaria com a maior parte das perdas”, lê-se no documento.

Em suma, uma retirada grega da zona euro e um decorrente descumprimento (default) nacional seria caro para países da eurozona e seus contribuintes. Juntamente com o Fundo Monetário Internacional, os estados membros da UE já comprometeram €110 bilhões (US$159,5 bilhões) em ajuda a Atenas – metade da qual já foi paga.

“Se o país se tornasse insolvente”, lê-se no documento, “países na eurozona teriam de renunciar a uma parte dos seus direitos”.
Dívidas a bancos alemães.

05/Junho/2011

NR: Como era de esperar, autoridades da UE desmentiram a Der Spiegel e mandaram o vice-ministro grego da Finanças desmentir também.

O artigo original, em inglês, encontra-se em: Greece Considers Exit from Euro Zone
Esta tradução foi extraída de: Resistir

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