domingo, 19 de fevereiro de 2012

A China não muda seu voto sobre a Síria na ONU


18/2/2011, Global Times, Pequim
Traduzido pelo pessoal da Viala Vudu


Embaixador Wang Min, vice-representante da China na ONU, fala depois de votação na Assembleia Geral, em New York, dia 16/2. A China opõe-se a intervenção armada e a “mudança de regime” forçada na Síria, disse Wang. Foto: Xinhua

A China vetou um projeto de resolução sobre a Síria na Assembleia Geral da ONU, na 5ª-feira, que pressiona para uma “mudança de regime” em Damasco.

A coragem do país, de manifestar-se com clareza e de manter-se firme em sua posição, merece elogios. Mas alguns jornais da mídia ocidental costumam ridicularizar algumas nações, entre as quais China e Rússia, por suas decisões. A influência da China está aumentando no mundo. O ocidente bem fará, se reduzir suas expectativas de que a China se absterá, nas votações em que a China entenda que se deva posicionar contra o que o ocidente deseja. Agrade ou não ao ocidente, é importante que dediquem mais séria consideração à China. 

A política serve para defender interesses nacionais no cenário global. As potências ocidentais têm o privilégio de interpretar interesses e ética conforme mais lhes interesse, porque exercem óbvio domínio sobre a opinião pública em seus países. Os 12 países que manifestaram votos diferentes do voto das potências ocidentais na ONU, foram rotulados de “não éticos”. A China jamais se deixará enganar por essa hipocrisia.

Na Assembleia Geral da ONU em novembro, só EUA e Israel votaram contra um projeto de resolução sobre Cuba. Os EUA posicionaram-se ali muito mais isolados que as 12 nações que votaram contra, na Assembleia Geral da 5ª-feira. Washington agiu contra a opinião pública global, apesar do monopólio que tem sobre os mais ricos recursos do mundo e sobre os meios para direcionar o desenvolvimento do mundo. 

A China deve agir com firmeza, confiante e proativamente, para implementar sua estratégia diplomática. O voto da China, que manifesta a posição de 1/5 da população do planeta, tem de ser recebido com o respeito a que faz jus. 

É erro cerrar fileiras cegamente ao lado do ocidente em todas as votações. Ouvem-se frequentemente chamamentos online para que a China vote de acordo com “valores universais”. Mas não passam de reflexo de vozes públicas que sempre se repetem.

Valores ocidentais que se opõem ao crescimento da China seguidamente se infiltram nos assuntos globais e, consequentemente, visam a enfraquecer a China de vários modos. Conforme a China cresce, crescem também as pressões a serem enfrentadas. E a China parece ser alvo fácil para parte da imprensa ocidental. 

O mal-estar que alguns chineses sentem ao ouvir acusações que o ocidente nos faz são resultado da falta de confiança. A confiança só cresce quando se analisam os fatos, de uma perspectiva histórica.  

Temos de esvaziar aquela visão estereotipada da China. A China é hoje o ator mais disposto a fazer concessões para evitar confrontos. Melhor faria o ocidente se olhasse a China e visse um país que não cria dificuldades desnecessárias, mas jamais se furta a enfrentar as dificuldades reais.  

Somos nação pacífica, que há mais de duas décadas não se envolve em conflitos militares: agudo contraste com países como os EUA e a Grã-Bretanha que, no mesmo período, se envolveram em numerosas guerras. E agora, supõem que tenham lições de justiça a nos ensinar. Com certeza, todos percebem a ironia que há nesse movimento.

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